Uma crônica de Júri

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Padre não mente!

Foi com essa certeza que, por volta de 1999, os Jurados do 1º Tribunal do Júri de São Paulo absolveram um homem acusado de homicídio qualificado.

O Defensor era meu amigo Adenor, que nada fica a dever a Troncoso Peres, mas, sendo Defensor Público e defendendo apenas réus pobres, longe de holofotes, não se tornou afamado.

O réu negava a autoria do crime, afirmando que se encontrava numa igreja em bairro distante. A prova maior contra ele vinha de uma senhora idosa que presenciara de certa distância o crime e reconhecia o réu como autor. Além disso, provou-se - e o réu não o negou – que eram desafetos.

Adenor localizou o padre da referida paróquia e no dia do julgamento o padre prestou depoimento. Mesmo hostilizado pelo Promotor de Justiça, declarou com firmeza que de fato vira o réu na sua igreja no horário e data que correspondiam à do crime. O Promotor empenhou-se em colocar dúvida no testemunho do padre, que não presenciara o crime, e certeza no da testemunha presencial idosa.

E Adenor, numa de suas grandes tiradas, contou para os Jurados um episódio da vida de Santo Tomaz de Aquino: Estava o santo frade distraído quando outro frade lhe gritou que viesse à janela para ver “um boi que voava”. Tomaz correu apressado e, claro, não havia boi algum alçando vôo. O outro frade riu-se escancaradamente:

- Ora, Tomaz, você acreditou que um boi voasse? E Santo Tomaz lhe respondeu: - Prefiro acreditar que um boi voe, a acreditar que um padre possa mentir! Os jurados ficaram com Adenor e com o Padre-Testemunha. O réu foi absolvido e imediatamente colocado em liberdade.

Afinal, Padre não mente, não é?

 

pedro avellar

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Pedro Avellar

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Comentários

  • UAU...

    Que me defenda um Irmão assim...

    Bem... Melhor não acontecer crime algum e continuar com a vida completa - com o irmão Poeta!!!

    gaDs

  • Boa noite Pedro, só agora pude ler sua bela crônica. As investigações sobre um crime devem ser minuciosas, pois isto envolvve a liberdade de alguém. Os homens da lei devem se manter neutros e nunca, jamais se colocarem em algum dos lados. Quanto à afirmação que padre não mente, eu duvideodó, pinta o 7 e muito mais do que nossa fé possa imaginar.

    Aplausos para ti!

    Feliz Ano Novo!

    Meu Destaque!

    • Tem inteira razão, Edith. Fico feliz e agradecido pelo teu comentário.

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