Não há boca tão bela
Quanto a escarlate da noite
Nem queda tão doce
Quanto o cair da tarde
Um azul celeste
Quanto o do céu ao meio dia
Um azar tremendo
Quanto ser bode expiatório
Um risco iminente
O de bater o rabo na cerca
Ou a tremenda mancada
Em ter comprado gato por lebre
Por sequer um minuto
Ter dormido no ponto
Necessidade maior
Que a de mudar da água ao vinho
Oportunidade ímpar
Em botar as cartas na mesa
E se preciso por fim
Por as barbas de molho
Ousar prometer mundos e fundos
E depois fazer tempestades em copo d’agua
Esperar sentado que uma mão lave a outra
Riscar com giz as impossibilidades do mapa
Assuntar assombração sem pés nem cabeça
Resolver as ranhuras pondo os pingos nos is
E por resposta receber baldes de água fria
Seria o mesmo que ignorar por completo
O perfume que emana da rosa aberta
Por desejar na língua o gosto do orvalho
Que encharca suave o veludo da pétala
PSRosseto
Comentários
Eu também gostei muito de ler teu poema.
É lindo!
Aplausos!