A língua ávida passeia a cavalo
destemida e solta. Lambe
o pescoço em revista à bandeira;
atrevida ergue a face onde o dorso
curva perplexo pelo próprio beiral
sua confortável e certa trilha.
Pátria-palavra nada frívola
súbita conjunção que exulta
o mais nobre preceito verbal.
Amar é todo esse exercício
explicito de exuberância efêmera,
de um povo-poder evidente
incrível e intencional cabível.
Comove-se com a rude arte
faz parte desse ápice supremo
Imparcial inexato convincente;
convive com o sempre
envolto em um desafio real.
Do amor a língua por fim tritura
de forma ambígua e frugal.
Arrebata a criatura e a mente,
debela estruturas e intenções.
Desestrutura o secreto,
preconiza rupturas virais,
torna plausíveis as esperas,
entendimentos concretos,
possibilidades únicas do anormal.
Mesmo quem surja impróprio inviável
controvertido e estrábico contundente
de benevolência augusta improvável;
que apoie ao ócio entre o ópio e a pia
pelas risíveis manchas promíscuas nas vias -
também enxerga relevantes e indomáveis
imagens, registros de indecifráveis cores:
sentimos transpirar incontinente o ardor
que amarga e queima a verve da gente.
PSRosseto
Comentários
Acredito que é no amor que tudo se debruça e toda palavra levina, dúbia, falsa, dura, cortante, se queda.
Maravilhoso!
Poesia com extrema sensiblidade na potente forma de expressão. Meus parabéns