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Ando a Esmo

A rua me olha

De seus muros

Tão altos

 

O cachorro late

O homem grita

E eu passo

 

Olho o que falta

São metros de correr

Mas vou devagar

 

Não quero despencar

Meu corpo

Deixar as risadas soltas

 

Quero ser invisível

Cavalgar o meu descanso

Na praça

 

Sento-me no banco

E deixo a vida

Olhar-me

Jennifer Melânia

Poesia Publicada

30/08/14

Antologia Castro Alves

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Moça

 

 

A casa têm mãos zelosas

 que enfeitam as paredes

com rosas

tingindo as íris

dos transeuntes  

e a linda donzela,

emoldurada a janela,

é obra divina de perfeição.

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Entardecer

Resultado de imagem para fim de tarde

 

Há um quê de mim

Solto por aí

Há um jeito de ir e vir

A qualquer mistério

 

Há no céu tintas

D e r

          r a

               m a

                        da

                              s

Mescladas de doçura

 

Embalo pensamentos

Moldo versos...efêmeros

Enquanto me preencho

De doiradas emoções

Jennifer Melânia

Saiba mais…

Ecos

 

 

Afago as manhãs

Em doces goles

Aqueço o coração

 

Permito a vida

Em seu curso

Sem discurso

 

Me aceito

As vezes débil

Outras nem sei

 

Me perco em segundos

A seguir borboletas

Na selva sem relva

 

Encontro-as

Reduzidas ao pó

Seus pares

Impares bailando

 

Os ecos da brisa

Não encontram caminho

Estão desertos

Se perdem

 

É assim as manhãs

Iludidas em quimeras

Por Jennifer Melânia

 

Saiba mais…

Lagoa quente

 

Resultado de imagem para lago com vapores 

Sento-me às margens da lagoa

As brumas enleiam minha frágua

São nevoeiros de aquecida água

Sem vida evapora véu de névoa

 

Ali vislumbro o retrato bordado

Sombras de vidas de outrora

Olhos embriagados de beleza

Mãos enxergam o aquecimento

 

Sabor agradável de ternura

Suas águas de chumbo celestes

Verdes gramíneos te ornam

Flores salpicadas de carmines

 

Daqui a visão nublada

Vejo um vulto tremer gracioso

Parado do outro lado do leito

Delineado reflexo em água

 

Olhares se deparam no sonho

Nos guiam na margem abaulada

Passos suave...

sem pressa

Cisnes desfilam no prado

 

 

Um do outro aproximamos

Mãos estendidas se entrelaçam

E ali unidos nos esquecemos...

Jennifer Melânia

 

Saiba mais…

O que seria o caos sem um poeta?

 

O poeta é um fazedor de coisas

extra mundo: assim, árvore é

extensão de menino. E lua é espiã da terra.

E a terra é lugar de sonho. O mar é espelho do universo.

As nuvens são carruagens de gente.

O hipopótamo é de estimação da magia.

A sereia é voz de encanto.

A lagartixa é filósofo da vida.

E o vento é musa para versos.

E anda o poeta por aí a recriar e desCriar...talvez poeta não seja terreno!

Poeta é voz querendo explodir, é semente para florir o mundo...

Jennifer Melânia

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Arrebol da existência

Preciso dos silêncios

Que deslizam em ruas desertas

Na escuridão do universo

Num esconder de almas

Onde arrastam-se os pés ao acaso

Mergulhados em moradas pretéritas

Espaço surreal de mover-se...

em lamaçais, enquanto as emoções resvalam

Em flores de perfumes almiscarados e doces

 

Preciso das lembranças...

Acender portas de arrebol e acordar o sol

Abraçando um vagalume em pleno voo

Lá no silêncio das estrelas

Ver-me pequenina a caminhar

Enquanto o orvalho faz florescer

Robustos galhos escondendo a solidão

Na quimera dos olhos ver brotar jardins

Onde repousam os pássaros

E aquelas manhãs da existência

As quais a água fumegante adocicada de carinho

faz perfumar de prazer adormecidas

Vidas...

Anunciando versos nascidos

Feito Caliandras desafiando o caos

 

Jennifer Melânia

 

Saiba mais…

ENQUANTO O SOL DESCANSA

Flocos de neve descem do nada

É o nada do infinito: despensa de mistérios

A terra ornada de branco gelo

O Sol hibernando em um retiro distante

E o vento gélido de um solstício de inverno

Sibila em sons ululantes

Nas casinhas encobertas, a fumaça da chaminé sobe alegre

Enquanto ela sobe acinzentada desce os flocos tão mimosos

São brumas delicadas de um freezer lá no céu

São segredos de esponjinhas celestes

Tão gelado os floquinhos! Queima a pele, quem diria?!

Que flamejante abstração!

Dissolvem em forma d’água e escorrem pelo chão.

Meu olhar dos sentimentos ilhados

Aquecem na lareira os pensamentos

Enquanto o Sol descansa

O inverno está lá fora cantando

Eu aqui dentro uma flâmula

Em odes de encantamento

Jennifer Melânia

Saiba mais…

Espaços

 

 ...

E as linhas em branco

são amnésias... de futuro

sigo um nada sem cor

preencho de vida

a medida do desejo

na proporção da realidade

deixo originais espalhados

e o espaço é uma porta

de entrelinhas e mistérios...

Jennifer Melânia

Saiba mais…

Reticências...

 

Pauso estas letras nesta folha em branco

Cobrindo de tinta espaços aqui definidos

Em parâmetros textuais mais ou menos padronizado

Aprendi em outrora nas andanças estudantis

Me ensinaram a prender palavras no papel

E desse oficio tornei-me cativa e às palavras pertenço

As recomendações de engessar língua minguaram

As regras caíram em armadilhas iletradas e falharam

Meu paradigma se constrói de cada vez...areia

que o vento joga sem destino sem morada

As reticências me infinita e me estende

Congelo especiarias em aspas limitadas

A vírgula é escora de pausa, não as gosto muito

Mas aqui acolá deixo uma pendurada na linha

Dos pontos finais me abstenho quase sempre

A poesia não pode ter fim ela deve escorrer as ladeiras

E adentrar nas mínimas brechas das entrelinhas

e florir os sentimentos de quem as lê arrebatando o ser

Não posso ter o tal ponto indicativo de acabar

A minha gramática se faz em parto natural sem cadeias

Vai fluindo da minha experiência falante inata

Assim é do pouco exposto desse fundo poço...

Jennifer Melânia 

 

 

Saiba mais…

As coisas...o coração

As coisas perecíveis

Mudam...e acabam

Recebem o toque

Humano...!

Às vezes melhoram

Outras, estragam

O coração por onde

Não andamos

Lugar de mistérios

Este muda ao toque

De mãos divinas

Troca de moldura

Transforma-se dia

Após dia...

Jennifer Melânia

Saiba mais…

Lápis sem ponta

 

 

e o lápis...sem ponta

cilíndrica forma

não desenha nem rabisca

nas mãos resvala

e falta-lhe experiência

ainda não se deitou

sobre o claro papel

nem patinou em arabescos

ainda não se aborreceu

com a prontidão da borracha

esta destruidora da criação

cada traço deixado

é um pouco de vida

que se vai...

e este lápis sem uso

não deixa legado

não padece de lisuras

e a mão o roda indeciso

sem iniciais sem fins

apenas grafite apenas cinza

Jennifer Melânia

 

 

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Noturnos...

A lua leitosa

Cochila entre nuvens

Selene, ausente diva!  

Guardiã de sonhos

de cabeças adormecidas

as quais viajam em galáxias

enfrentando dragões

com estrelas atrevidas

no espaço sideral

por onde as penas flutuam

feito bolhas de sabão

e Zéfiro as joga satisfeito

ao encontro de Helius

bailam as borboletas

em cintilantes afrescos

e Gioconda sorri das explosões

humanas ilusões dos dias

que se colorem na turva mente

Jennifer Melânia

 

Saiba mais…

Cansei...

Varri a poeira da casa

Sentei-me no sofá

Esperei eternidade

 

Depois cansei de tudo

A poeira espalhou-se lá fora

A espera venceu aqui dentro

 

E uma ponte sem ponto

De chegada e de partida

Está suspensa em meus olhos

 

 

Jennifer Melânia 

 

 

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A jovem encantada

O arrebol abrilhantava as casas

E pousava naquela varanda, onde

as samambaias se declinam

em cascatas verdejantes

E as flores de junho esquecidas

Florescem em outros tempos

A moça na cadeira folheia o livro

Páginas antigas de um velho romance

Escrito por alma sensível e transparente

A moça lê encantada e atenta...

Vem o Passo Preto a chilrear seu amor

E o nobre pássaro nem mesmo é notado

Vem também o colibri a fazer festa

Em torno daquela rosa perfumada

E nada a tira da leitura tão silenciosa

Zéfiro canta sopranos e toca clarins

As mariposas pousam no alpendre

E ali se balançam ao vento

Era tarde bem tardezinha e o ocaso

Já ia esfriando os raios dourados

O momento declarava à noite

Ali, aos poucos, o lugar tornou-se vazio

A cadeira ainda balançava

E o céu se pintava de aquarelas

A escuridão banhava o horizonte

O livro exausto repousava nas mãos da donzela

Enquanto, ela pensava em Romeu, ah Romeu!

Jennifer Melânia

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CPP