(Para Gisele)

Você me olha
Com esse seus olhos brilhantes
Serão queixas? Atenuantes?
Quem poderá explicar...
Como livrar meus olhos
Desse encantamento 
Se meus olhos vivem dentro
Dos seus olhos a me olhar

O que será isto
Não posso levar a serio
Estou preso a esse mistério
E não há como desvendar
Esse mistério que habita o seu olhar
Ah, esses olhos a me hipnotizar
Tem um encanto que só vem do seu olhar

(Petronio)

Eu queria poder sorrir
Um sorriso que me envolvesse por inteiro
Onde quem olhasse para mim
Só conseguisse ver o meu sorriso
Eu queria poder sorrir
Um sorriso que coubesse nele
Tantos quantos quisessem ficar
Para que pudéssemos todos, num só sorriso
Sorrir toda a alegria do mundo

E quem sabe, libertarmos também
O sorriso de todos os que sentem
E até dos que não sentem necessidade de sorrir
Talvez por se acharem sem graça
Ou se acharem engraçados demais
Talvez por se acharem sem nenhuma importância
Ou por se acharem importantes demais
Não importa...

Quem poderá julgar emoções?
Principalmente aquelas
Sem um sinal de sorriso na cara, não é...
Mas, pensando bem...
Talvez eu seja o mais novo idiota do planeta
Se é que exista outro que pense como eu, será?
Chaplin? Talvez...
Porque Chaplin diz...

“Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, ainda que ele esteja partido
Porque há nuvens no céu
E você precisa sobreviver.”

E como eu queria poder sobreviver
Por mais alguns 200 anos
Para sorrir até não mais poder
E morrer de rir
Feliz, sufocado pelo meu sorriso...

(Petronio)

Num sonho Sgt Pepper’s assim me disse
Rapaz deixe de tolice
E venha se juntar a nós
Que o clube dos corações solitários
Será sempre solidário
Com quem quer mostrar a voz

Venha sim fazer parte da banda
Vem dançar nessa ciranda
Que você não esta sozinho
Achando que o mundo perdeu a graça
Quando o sonho bateu asas
Deixando um grande vazio

Acreditando que o sonho acabou
Só porque o poeta se calou

E o velho Sgt Pepper’s também disse
Rapaz deixe de tolice
Que há muito por se fazer
Pois se o poeta calou sua voz
A poesia cá em nós
Fará de novo acontecer

O sonho que espera pra renascer
Que só depende de mim e de você
(Que esta dentro de mim e de você)
Então, venha se juntar a nós
Que a banda quer ouvir a sua voz

Venha! Venha!

(Petronio)

Você pede pra me prender
E eu mando me  soltar
Sabe o que eu posso fazer
Se eu me contrariar

Aqui eu faço e aconteço
Eu sou o dono do pedaço
Você paga, eu dou o preço
As regras sou eu quem faço

Quem paga as suas contas
A farra e suas viagens
Então, não me desaponta
Amigo, isso é trairagem

Você pediu pra me prender
Eu vou mandar  me soltar
Eu já falei pra você
Meu terno vai amarrotar

Da próxima vez me avisa
Que eu te ponho na agenda
Ah! Deixa que eu pago a pizza
A outra você encomenda

Depois dessa brincadeira
Vamos todos pro terraço
E o Zeca? Hoje é sexta-feira
O  meu tempo anda escasso 

Você pediu pra me prender
Doutor, queira me desculpar
Tudo bem, prometo esquecer
Demorou... Vamos comemorar!

Olha a sangria hein!!!

(Petronio)

Lá vem de novo Papai Noel!
Com sua barriga de aluguel
E aquela risada cheia de malicia
Alisando sempre a barba postiça
Trazendo um saco cheio de papel
De contas pra pagar...

Lá vem de novo Papai Noel!
Com o seu trenó a voar pelo céu
De Renas cansadas cheias de preguiça
Pelas chaminés feito um malabarista
Entre mil brinquedos, cartões a granel
De contas pra pagar...

Lá vem de novo Papai Noel!
E como sempre farei meu papel
Eu nem quero ver o tamanho da lista
O SPC não me perde de vista
Mudei pro Itaim porque em São Miguel
Conseguiram me achar...

La vem de novo Papai Noel!
La vem de novo Papai Noel!

(Petronio)

Hoje um garotinho sem nome
Veio me pedir...Dinheiro!
Dinheiro eu não dou
Mas vou matar sua fome
Antes que ela me mate primeiro
Ontem um garotinho sem nome
Me olhou e eu bem ligeiro
Sem pensar...Não dou!
Eu vou dar... Antes que ele me tome
Ou mate a minha fome de... Dinheiro!

Que nome eu deveria me dar
Quando ajo assim de forma tão vil
O que faria Jesus em meu lugar
Se o garotinho lhe chamasse...Tio!

Ô tio... Só vou passar a flanela
Compra tio a minha bala
Tem de cravo e de canela
E se quiser eu tenho a que cala

Em cada esquina há um Jesus
Um Cristo que não se mostra
Pelo olho que brota a luz
A luz que a todo olho se prostra
Assim, outros garotinhos sem nome
Virão para pedir dinheiro
Dinheiro eu não vou dar
Mas vou matar sua fome
Antes que ela me mate primeiro

Há um Jesus Cristo em cada esquina
Um caminho a se percorrer...

(Petronio)

Não tenho couro de sapo
Não sou nenhum jacaré
Eu vou me enrolar nos trapos
Pra não virar picolé

Eu gosto mesmo é de sol
O frio chegou mais cedo
Luva, blusa e cachecol
Não enrijeço os dedos

Preciso agasalhar meu corpo
Que nunca viu academia
Dizem que to ficando torto
Com medo de pneumonia

Mas, tem quem brinque com a sorte
Frio? É psicológico!
Ou vieram do Pólo Norte
Dizem que é coisa de exótico...

É, chega a ser engraçado
Esse contraste tão latente
Não há nada mais complicado
Do que cabeça de gente

“Já eu prefiro a luz do sol
Mesmo vivendo à luz da lua
No frio eu viro caracol
Ao sol quero a pele nua”

(Petronio)

Desperta, levanta, abre as janelas
E lá fora a vida vem a lhe sorrir
Agradece ao céu e as coisas da terra
E se curva a Deus e diz que é feliz

Acerta o relógio e faz o seu momento
Viver é um passatempo na dança das horas
Quando ignora a mim e aos meus sentimentos
Que se não te distrai por certo te consola

Ah! Quero crer que às vezes eu até te alegro
Lamento se não sei fazer outra canção
Mas é só ela que trago cá dentro do peito
Na voz que agora ecoa em meu coração

Que vive da canção e dela se alimenta
Bem mais que as migalhas vindas do teu pão
E aquece minha alma e ela se contenta
De tudo que a mim foi ofertado... Então!

Se quis a sorte, ou não, assim eu ter nascido
E como merecido ter-me em argolas
Ao me fazer brinquedo do teu egoísmo
Talvez porque o mundo não me quis lá fora

La fora, sonhos, ora, simplesmente asas
Oh, nas asas da quimera eu posso voar
Por mares e montanhas e por cima das casas
Sem nunca ter visto a vida, por mim sequer passar

Ah! Deus, abra minhas asas e deixe-me voar
Para que no teu céu eu possa enfim cantar
CANTAR! CANTAR! CANTAR!

(Petronio)

Depois dos 60... 
Qualquer coisa que eu faça
Não tem cor, cheiro ou graça
Porque tudo envelheceu
E qualquer coisa que me diz respeito
Terá ela mil defeitos
Já que o tempo corroeu
O ar da minha graça tão sem graça
Feito um fantasma que passa
Se é que ainda não morreu
Vive a perambular pelos meus sonhos
Os mesmos que eu suponho
Serem ainda os sonhos seus
Todos iguaizinhos aos meus

E qualquer coisa que eu acredite
Haverá sim quem duvide
Pois tudo é questão do eu
Eu cuspo a sapiência dos meus frutos
Eu creio ser absoluto
Já que o tempo me acolheu
E se brinco com as alucinações
No meu parque de diversões
O que será que aconteceu
Da corda bamba e do trapezista
E do palhaço alquimista
Arte... Que a vida tolheu
Depois do chá que ela me deu
E agora?

(Petronio)

É dor doída essa dor que ora me invade
Dor advinda toda ela de um querer
A me levar pra dentro do mar da saudade
De tanta que é a dor tamanha a me doer

É dor doída e dói demais bem lá no fundo
Que minh’alma ainda que calma faz suas preces
E com a calma toda desse e d’outro mundo
Em mim, a dor, ela de mim se fortalece

É dor doída e não há dor que possa ser
Maior que a dor dessa saudade que é tão minha
Dor que eu sabia ao senti-la por me saber
Quando a sorrir-me sorrisos de fotografia

"Oh, essa é a dor que minha mãe por mim sentia!"

(Petronio)

(A rua dos Santos e Quintais que me viram nascer)

A chama do amor se manifesta
Pela luz do olhar
Tem os olhos de quem ama
O brilho das estrelas

E por amor bate meu coração
Todinho dela
Pois ao brotar o fruto da paixão
Fez primavera

Reflete os meus olhos agora
O encanto dessa luz
Alegra minh'alma, sua calma
Agora me conduz

A plenitude desse amor
Irei manifestar
Nossos desejos... Nossos sonhos
Irão se realizar

Porque eu acredito sempre
Na força do amor
A cada novo despertar
Seja ele como for

(Petronio)

Do céu só o que peço é muito sol
Praia, mulher e futebol
Muito peixe pro meu anzol
E deixa a vida me levar

Do céu só quero mesmo é a luz do sol
O bem te vi e o rouxinol
O amanhecer e o arrebol
E deixa a vida me levar

Do céu o que mais quero é a luz do sol
Nós dois embaixo do lençol
Sem Dipirona e Atenolol
E deixa a vida me levar

Que o céu pra mim só é lindo com o sol
Viva o luar e o besteirol
Traz o cobertor e o cachecol
E deixa a vida me levar

O céu não é o meu lugar...

(Petronio)

Eu vou pra São Paulo em busca do que fazer
E não vou pra passear
Depois, tenho compromisso e não quero mais sofrer
Cansei de me ajoelhar

Ah, São Paulo!
Eu sou catingueiro e cansei de viver atoa...
E viver sem trabalho da muito trabalho e também enjoa

Assim, resolvi deixar a minha família
Ela, que é minha bagagem
Começo difícil mas a gente acredita
E não me falta coragem

Ah, São Paulo!
Dizem por aqui que a terra dai  continua boa
Ainda que o homem tenha concretado a terra da garoa

Aqui no sertão a esperança nos diz
Que tudo vai mudar
Tanta promessa eu fiz
Mas chover que é bom só se for de chorar

Ah, São Paulo!
Eu acho que  Deus não gosta daqui e ai tudo perdoa...
Já que é só no Sul que a água do céu sempre escoa

Então que a chuva molhe minha cabeça
Por onde eu seguir
E que minha vida aconteça
Sob o sol de São Paulo brilhando sobre mim

Ah, São Paulo!
Eu vou  ser mais um brilhando no meio de tantas pessoas
Cada um na sua contanto que eu não me sinta mais atoa

Ah, São Paulo!
Ah, São Paulo!

Eu e ela somos um só
E não há como desfazer
Somos a essência do amor
E o caldeirão é você
Conforme você nos trata
Nosso amor passa a cozer
Sempre na justa medida
E é só não deixar ferver