Posts de Paulo Sérgio Rosseto (362)

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DISFARCES

Impossível fingir o sorriso
Se a mentira inventa olhares
Impossível dissimular o tremor
Se o suor aflora da fronte
Impossível camuflar a ansiedade
Se o corpo todo interage
Impossível esconder as palavras
Se os lábios balbuciam e entreabrem
Impossível esquecer os caminhos
Se os passos buscam os rastros
Impossível reter a saudade
Se o coração inquieto espera
Impossível separar as razões
Do amor que em si revela-se

Desnecessário negar os disfarces
Quando a paixão se aclara

 

PSRosseto

Saiba mais…

ABSOLUTAMENTE

Nem tudo se revela

Quando já evidente

Seja absolutamente

Humano ou místico

 

Do oceano vê-se somente a superfície

Do infinito

Aquilo que o olho enxerga à frente

 

Cru ou verdadeiramente artístico

Somos o engano da aparência

Quando achamos que o belo

Docemente deixa de ser feio

E a feiura traduz-se

Por desconforto impertinente

 

Conceituamos por beleza

O que nos apreende

E repreendemos na grandeza

O que recusa o absurdamente

 

Se mal acreditamos no real

Que dirá deus de nossa mente!

 

PSRosseto

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JANELA

Teus olhos enamoram a lua

Tornando prata a noite bela

Fotografa, filma, prende

A imagem única à figura

Como vela que atraca

Ao cais do coração

Presa pela proa

No infinito vidro límpido

Da janela

 

Fico aqui imaginando

Onde estará a maior beleza

Se à frente ou por trás dela

 

 

PSRosseto

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SUAVE

Cede-me um jarro

Uma taça ou cálice

Qualquer gota que reste

Desse vinho doce celeste

Desde que cesse

Essa minha sede de você

 

E se nada desse

Um suave beijo desses

Me arrefece

 

 

PSRosseto

 

 

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REPÚBLICA

O tempo desistiu de entrar ali

Não reconstruiu

Passou por tras, preferiu as vicinais

E o beco morreu

Escondeu, encolheu, estagnou-se

 

Mas as moscas daquela rua sem saída

Guardaram nas asas

Alguns punhados de estrelas

Então juntas hastearam-nas em bandeiras

E tudo parecia diferente

 

Porem se perderam ao vento

Sem eira nem beira

E tudo voltou à mesmice

Infelizmente

 

PSRosseto

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FOGUEIRA

Tanto faz estar
Na barranca de um rio
No encosto da estrada
No meio do mato do nada
Na praia da beirada do mar
Quando a noite faz frio de se abandonar


Ajuntamos gravetos e folhas de papel até
Ou qualquer outra coisa que houver
Para aquecer o relento e iluminar
Sem ferir o lume das estrelas ou luar

Tanto faz estar
No macio recosto de um sofá
No tapete estendido na sala
Na rede da varanda
Ou sobre a cama debaixo das cobertas
Entre lençóis e cumplices travesseiros


Ajuntamos desejos e todos os anseios
Afagos, carinhos, suspiros e sentimentos
Para aquecer os amores
Pouco importando se irá durar

A natureza da fogueira prenuncia
Entre o sonho, a necessidade e a beleza
Em tudo o que o calor da brasa acesa ousar

 

PSRosseto

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PARA SEMPRE

Quando se deixar de amar
Por onde o amor se vai ousar prender
Novamente acender feito semente para brotar
Se ausente ele estará distante da gente?

Quando se perder o amor
Quem o irá reencontrar de repente
Quando se partir o amor
Quando se negará amar
Quando se prover do amor reticente
Quem o irá retomar?

Mas se morrermos de amor
Viveremos amando
Amados para sempre

 

PSRosseto

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PARA O MEU CORAÇÃO

Ao teu coração peço que guarde

Os versos que teus olhos leem

Desenhados na lousa da ilusão

Pelas mãos de uma poesia

 

Recomendo

A alegria das escolhas

A sorte dos bons costumes

A dádiva da fantasia

As cores mais preciosas

Os doces encantamentos

Apimentados momentos

Canções e seus silêncios

Os sonhos mais prosaicos

Comezinhos sentimentos

 

Para o meu coração

Quero apenas o teu

 

PSRosseto

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TERNURA

Desconfio que ao teu coração faço algum bem

Pois recolho teu gratuito sorriso quando escolho

Passar uns momentos grudado em teus olhos

 

Não consigo te imaginar longe dos meus planos

Fora até mesmo dos santos demônios

Que atiçam perpendicularmente minha imaginação

 

Conheço-te melhor que a mim e te preciso

De todas as maneiras inclusive as blindadas

Pelo sofrimento indesejável do inesperado

 

Aprendemos a repartir os sentimentos

Os gostos pelos prazeres suaves da natureza

De nos reconhecermos nos apegos mínimos

 

Onde se aclara a saudade que acabamos sentindo

Há uma doce ternura religando toda essa certeza

 

PSRosseto

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ABISMO

Jamais temi abismos

É das profundezas que brotam também as grandes inspirações

Dos escarpados nascem inesperadas e saudáveis decisões

Do íngreme surge a versatilidade da renovação

Do inexplorado o lado maleável da versão

 

No fundo partilhamos as melhores experiências

E recolhemos gratificantes os resultados do que buscamos

 

Enquanto lamentam ausência de luz

Sigo de olhos fechados instintivo como um furacão

Seguro em suas mãos

 

PSRosseto

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AMAR

Adormeceria

Como entorpece o equilibrista

Os olhos de quem encanta-se

Sob a atenção do artista

 

Entorpeceria

Como acorda o olhar

Quem compartilha

A arte de ousar

 

Permaneceria adormecido

Despertaria entorpecido

Apaixonadamente amante

Eternamente solícito

Ante o torpor de amar

 

PSRosseto

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REAL

Creio-te deus humano tanto quanto posso

Concreto, permanente, intenso

Perfeito e verdadeiro, absoluto

 

Creio-te singular tanto quanto acredito

Único, onipotente e bendito

Presente e místico, impoluto

 

Creio-te senhor tanto quanto terno

Soberano, leal e sempiterno

Necessário e real, infinito

 

Creio-te humano deus

Muito além do tanto quanto posso

Muito além do quanto tanto sinto

 

PSRosseto

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NUBLAR

A tarde nua recobre-se com fino lençol

Depois garoa, esfria, inverna de repente

 

Equidistantes

Tomamos parte o bastante

De certa melancolia

 

Enquanto falta o sol

A gente até imagina que poderia

Eu estar aí ou você aqui

 

Nublar seria diferente

 

PSRosseto

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ENVOLVE-ME

Envolve-me

Me traz nos braços

Enleva-me

Arrebata porque existo

E quero a quero explícito

Deleita, delicia, encanta-me

Me põe sentido

 

Ama-me

Estreita os laços

Deleita-se porque deleito

De vontade de estar agora

Eternamente ou por um momento

Absorto em teu leito amando-te

 

E depois de amar-te

Descansar do amor

Recostado em teu peito

Enquanto arfar o desejo

Compartilhado no afeto

Dando-nos perfeitos

 

Envolve-me

Ama-me

Ávida de mim

Como estou ávido de ti

Pleno de amor sem fim

 

PSRosseto

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FANTASIA

Hoje passei alguns momentos

Olhando o desenho das tuas mãos

A singularidade dos teus dedos

As palmas capazes de unidas

Abrigarem o mundo em conchas

Reterem uma porção de mar

Sustentarem um naco de areia

Assegurarem os sentidos de uma raiz

Suportarem o peso das pétalas da rosa

Elegantemente abrirem um livro de poemas

Postarem-se contritas em oração

Acariciarem a própria tez

Enxugarem os olhos

Alimentarem a alma com manjares

Alisarem todos os amores do mundo

Que se foram ou que surgirão

 

Agora lembrando-as puras e harmônicas

Pressinto o toque e a sutil maciez

Que possivelmente elas têm

Em alguma outra vez serem tão precisas

Ao afinarem as cordas de um violão

 

PSRosseto

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AQUELA SAUDADE

Aquela saudade
Não tinha coração
Por isso era assim
Tão gostosa de matar
Hoje ela ainda resiste diferente
Porque sabemos que não se tem
Por onde apegar
Diluiu nas águas
Do rio assoreado
Águas que se misturaram
Às do mar
E bem sabemos
Que ainda que chova forte
Não iremos mais voltar
Não iremos mais voltar
Não iremos mais
Voltar

 

PSRosseto

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NÃO NEGO

Não sou de juras e sim loucuras

E quando não possa estar presente

Enveredado por uma live

Uma gif de whatsapp

Qualquer like de facebook

Curtida de instagram

Pela ausência de internet

 

Estico a rede pela varanda

Nos ganchos dessa saudade

Presos pelas garras

Dos caprichos do sol da tarde

 

Por três palavras em um bilhete

Imaginando o teu perfume

Não nego que o ciúme

Calmamente me consome

 

Me flagro incessantemente declamando

Por setenta vezes sete

As letras nuas do seu nome

 

PSRosseto

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ADOCICADO

Esse sabor levemente doce

Que desprende dos teus olhos

Vem do teu beijar

 

Sim, provém dos teus lábios

Quando sorriem, balbuciam e sussurram;

Da vermelha boca, do sorriso claro

Da macia língua que delicia

As palavras que pronuncias

 

Tu me beijas com o adocicado olhar

Para que claramente

Absorva teu beijo sem precisar tocar

A textura do teu hálito

 

Esta nossa forma de amar

 

PSRosseto

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NOITE FRIA

Desconheço qualquer tecido que aqueça

Mais que a força do viço selvagem do cio

O desejo imoderado pedindo abraço

A boca medindo a volúpia do beijo

O corpo desmesuradamente languido

Suando sentindo prazer e arrepio

Por mais incerta que esteja a noite fria

 

Gosto de sentir tua convexa forma

Voluptuosa e sensual buscando gozo

Se insinuando por gestos e sinais

Que as mãos mapeiem suaves planícies

Tateiem incertas ocupando espaços

Explorando as pétalas dos girassóis

Desenhados na seda que satisfaça

A maciez das tuas claras vontades

 

Depois tudo vira sonho e calmaria

 

PSRosseto

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POUSO

Meu poema quando pronto

Voa silencioso

Enquanto eu cansado da lida

Da escrita repouso

Despreocupado de seu pouso

 

Aninha-se entre mãos pequeninas

Mergulha em mares revoltos

Se estende ante olhos cansados

Faz-se decorado pelo idoso

Recitado nos recitais

Cantado pelos corais

Sonhado pelas meninas

 

Ousado faz excitar

Rezado reverencia

Odiado encabula e magoa

Guardado literatura

 

Meu poema quando pousa

Diz verdades faz balburdia

Acalenta ilusões

Depois dorme feito menino

Dentro do teu coração

 

PSRosseto

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CPP