Na cidade fez-se o muro
encostou-se a ele em desuso
tão calado que ninguém viu
Fumou na sombra que a noite trazia
pensou o impensável só por que podia
Nenhum crime seu veria a luz do novo dia
Observou sem interesse a mulher passar
ondulante,oscilante,lascivamente ,apressada
Não disse gracejos ...
Não falou nada
Olhou pro céu cheio de seu próprio vazio
Não trazia nada daquele dia
Não deixaria nada para aquela noite
Pegou na garrafa com certa urgência
Aroma forte desprendeu-se dela
Haviam cães ladrando nos becos
Haviam gatos nas vielas
Haviam homens sofrendo nos barracos
Havia ele...
E ninguém viu.
RODRIGO CABRAL
Comentários
E será que ele prórpio via o que estava a fazer com a própria vida?
Excelente poema, Rodrigo.
Aplausos!
Belo poema, real e reflexivo!
Sempre soberbos seus textos...este nomeadamente faz pensar
nos muitos becos e vielas deste mundo que juntos camiinhamos...
Abraço fraterno Rodrigo
FC
Bela composição, amigo poeta. Aplausos!