Self
Em um sol errante do fim de tarde
ressoavam gemidos e alaridos
num desenho de pura e complexa arte
jazia no asfalto frio um homem caído
Na rua que a pouco estava vazia e lenta
agora fervilha louco bulício
espocavam selfs na cena violenta
eram rostos, risos um que de hospício
Morte, sangue que manchavam chão frio
Num tempo que perdeu todo o sentido
é somente uma Self para um perfil
o que é que no tempo ficou perdido
porque o moderno torna tudo sombrio
nada afeta nosso olhar apodrecido.
Alexandre Montalvan
Comentários
Essa é a realidade atual, diante de um acidente ou de uma situação delicada, os transeuntes só pensam em fazer a melhor foto ou o melhor vídeo e sem autrização, o que é crime.
Aplausos!
Quando a morte violenta torna-se fato comum, nosso olhar, realmente, está apodrecido.
A Humanização parece perecer. Triste realidade.
No fim não haverá tempo para self.
Só lamentos e gemidos.
Belo post, caro poeta.
Aplausos!
A humanidade e suas almas distanciadas de si mesmas.Parabéns!
Uma poesia bem pontual e critica para esse tipo de comportamento tão nocivo nos dias atuais, onde a morte, a doença e a dor não causam repugnância e aversão e sim são sinais de exaltação em redes sociais. Parabéns pelo texto assertivo. Abraços