Aqui eu lhes apresento
A história de um objeto
Mas que para o povo do sul
É relação de afeto
Para quem não é gaúcho
até parece besteira
que a cuia seja de fato
sua fiel companheira
É preciso viajar no tempo
E repassar a história
De uma aldeia guarani
Até refrescar a memória
Os índios que aqui viviam
E não estamos supondo
É fato que este povo
Já conhecia o porongo
Uma planta muito antiga
E não quero fazer graça
Em “quíchua” é “poronco”
também chamada “cabaça”
Esta planta viajante
Cruzou os sete mares
Passou por continentes
Andou por muitos lugares
Após a longa viagem
Assim conta o historiador
Chegou então na América
Antes do descobridor
Os índios então descobriram
Que ao moldar a tal planta
Usavam como queriam
Até pra tomar erva santa
A erva que os jesuítas
Chamavam de “erva do diabo”
Tirava o cansaço do índio
E o mantinha saciado
Foram várias utilidades
A depender da região
No Nordeste como utensílio
E objeto de decoração
Mas foi no Sul do Brasil
Que encontrou sua essência
Aquela que aglutina
Na cidade e no campo
Em todo o canto do estado
Aparece até na pintura
de um artista renomado
Já foi capa de revista
e cantada em verso e prosa
presente em todas as casas
de simples a vigorosa
Faz parte do dia a dia
Do jovem até o bagual
Que a tratam como joia
Do seu maior ritual
O mais importante, porém
É entender a questão
De que o objeto sozinho
Não mostra a sua razão
Falo do chimarrão
Também chamado de “mate”
Bebida tradicional
Onde a cuia é cheque mate
Preparar esta bebida
Chamar vizinhos e amigos
Na calçada em tempos antigos
Hoje não, são muitos perigos
E se um visitante chegar
Com certeza é convidado
Não importa de qual lugar
De amigo ele é chamado
O gaúcho e sua cuia
Não tem explicação
é relação de cultura
é pura tradição.
Tânia Pereira
Comentários
Cordel lindo e delicado, feito em quadras maravilhosas, cheias de cadência.
A cultura precisa ser passada e precisa ser registrada.
Parabéns, Tânia.
Destacado poema.
Maravilha, Poetisa Tânia Pereira, adorei por ler e ficar a saber tanto.
Parabéns pelo descritivo poema.
Fraterno abraço... D'Áquém-Mar
JC
Aqui na minha região, o norte, a cuia e o paneiro são serventia para mil afazeres, os índios são os precursores deses utensílos e hoje também faz parte de nossa cultura. Nelas são servidos os famosos Tacacá. Belos versos Poetisa Tânia. Um abraço.
"Bah! Que trilegal teu texto guria"...
Amei Tânia, aqui no Sul a tradição do chimarrão é muito forte...Embora eu não seja gaúcha, eu adoro chimarrão.
Parabéns. Um abraço.