Formatação: Edith Lobato
Vida que segue...
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Através dos vitrais da varanda observo o anoitecer...
Pensamentos vagueiam... a alma liberta as amarras da carne...
Uma brisa suave traz até meu olfato teu perfume almiscarado...
Lembranças de tempos idos brotam aos borbulhões...
Uma cena se forma, no horizonte banhado pelo belo luar...
Duas almas errantes, perdidas num enlace apaixonado.
Carinhos... Carícias, desejos coibidos e proibidos afloram.
Dois adolescentes brindam ao primeiro e único amor.
Aos poucos a cena se transforma! A brisa não mais se faz presente.
Um manto negro cobre a noite e na escuridão se escondem e se perdem.
O perfume almiscarado agora faz parte do quarto frio,
Envolvendo cada poro de meus fracos sentidos...
É como se você estivesse presente, ao meu lado, meu amor...
Olho ao redor, a buscar-te na penumbra do meu cárcere, em vão.
As lembranças retornam, teimando em descobrir sentimentos
Que há muito foram guardados num canto escuro do coração.
Lágrimas escorrem pela face, num lamento triste.
Nesse mesmo coração, a certeza da despedida imutável.
Caminho lentamente sobre as lajotas do jardim...
Um ramalhete de flores une-se num lindo arranjo...
As lágrimas teimam em turvar-me a visão...
O pequeno portão range num gemido de tristeza...
Deposito sobre a lápide fria o perfumado arranjo de flores...
Meus dedos deslizam sobre tua foto, que sorri, imune à dor que sufoca.
Teus olhos, dois lagos mirando a lua, testemunha fiel,
Acalentam minh’alma, faz com que me mantenha firme e não desista...
Cumpro assim, minha sina e minha promessa feita em teu leito de morte.
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Maria Angélica de Oliveira – 07/12/17
Mote Edith: “ Teus olhos, dois lagos mirando a lua”
Comentários
Uma belíssima inspiração de um amor inocente e juvenil que tornou-se infinito em tuas lembranças. Meus aplausos Poetisa Angélica. Abraços.
Vai pelos encantos os sentimentos que chora numa direção onde os ventos não tocam mais