Um dos meus simples poemas... aqui declamado.
https://www.youtube.com/watch?v=BDQa5DlUBuw
Um dos meus simples poemas... aqui declamado.
https://www.youtube.com/watch?v=BDQa5DlUBuw
LÁGRIMAS FRIAS
Uma... duas... três... lágrimas frias, foram do céu caindo,
Não sei... se de tristeza, ou talvez de preocupação,
Mas uma coisa eu senti... que o céu estava talvez sentindo,
A amargura que em mim tinha... o vazio desta minha solidão.
Da solidão que vem da minha alma, do fundo do meu sentir,
Da falta da brisa suave que já não oiço nas serranias a cantar,
Do trinado da passarada... que cedo se deixou de ouvir,
Porque o céu cinzento, só lágrimas tristes na terra vem lançar.
Agora oiço, também ao longe, um trovão a ribombar,
E eu não sei se são foguetes de alegria, ou um canhão a matar,
E vejo crianças sofrendo, de frio e de fome morrendo,
Sem ninguém se preocupar, com o que na vida estão sofrendo.
E vejo homens adultos olhando... fingindo que não estão olhar,
Com aviões ou com tanques e canhões, nesta vida, guerreando,
E os homens ricos, novos jogos de guerra, inventando,
Para as crianças, cedo aprenderem, no futuro, a se matar.
Mas na esperança, o céu cinzento aos poucos se está abrindo,
E o sol, já espreitando, de novo começa para mim sorrindo,
Talvez querendo, com a minha solidão, já terminar...
E de novo, tudo o que me rodeia, começa neste dia a despertar,
Entoando nos sons da natureza, o cantar duma nova sinfonia,
E junto a mim, já oiço gargalhadas infantis de alegria,
E ao longe... ainda lá muito ao longe...
O som dos foguetes, no céu das estrelas... lá no alto a rebentar.
(J. Carlos - Junho. 2009)
(imagem da Net)
CIGANITA… EU CÁ NASCI
Olhei a pequenita cigana que se estava aproximar,
Com a sujita mão estendida, e tristeza no olhar,
Fazendo os gestos de quem estava com fominha…
Na esquina, ficou a cigana com duas já cresciditas,
Que se eram dela não sei, só vi que eram bonititas,
Mas precisando dum bom banho e roupa limpinha.
Apontou p’rá boquita no gesto de querer comer,
E eu logo fiquei sem jeito e sem saber o que fazer,
Olhando a criança que estava p’ra mim a olhar…
E pergunto: porque tudo isto está sucedendo…?
Porque as crianças estão nesta pobreza nascendo...?
E os pais, porque nada fazem para a vida mudar...?
… porque, estas crianças que p’ra nascer não pediram,
Caem logo no que a miséria tem de triste e profundo…
Pois, se no ventre materno a miséria já sentiram
Ainda mais a sentem, ao nascerem neste pobre mundo.
… e sentindo esta tristeza no coração a entrar,
Do saco das compras que tinha na mão,
Dei-lhe os bolos de que tanto gostava… mais o pão,
Restando-me as perguntas p’ra continuar a perguntar.
(J. Carlos - Março. 2018)
in (Horizontes da Poesia –10ª. Antologia/2018)
Imagem da Net
QUE MALDITA… SEJA A POBREZA
Que maldita seja a pobreza, que à terra se agarrou,
E mesmo que muito chova, a água não a consegue levar,
E muitas das vezes pergunto, quem foi que por cá a semeou,
Porque a muitos engordou… e a outros continua a engordar.
E mesmo ao lado, a riqueza, também lá está morando,
Mas ela é bem controlada… para não se alastrar,
E é duma estirpe especial, que dos pobres se vai alimentando,
Mas sempre atrás de muros vivendo… para não se misturar.
Só que da forma, como tudo nesta terra caminhou,
Sinto que os ricos, com a sua riqueza, se estão preocupando,
Pois como a pobreza, já em erva daninha se transformou,
Não vai tardar que ela, da riqueza se possa ir apoderando.
E então, quando esse dia, um belo dia estiver chegando,
Ai dos que são ricos… e que aos pobres não quiseram ajudar,
Porque a pobreza irá tudo destruindo, e de tudo apoderando,
Até ao dia em que a pobreza e a riqueza... se irão cá misturar.
(J. Carlos – Março. 2004)
imagem da net
CÂNTICO...
DAS VIRTUDES PERDIDAS
Lá em cima, na montanha entre o gelo, eu guardei,
As virtudes, cá em baixo espezinhadas... que ainda encontrei,
Para bem longe, desta velha geração, lá ficarem guardadas...
E assim, quando o frio da longa noite, da terra tiver sumido,
E o gelo lá de cima, em água pura, p’rás gentes tiver descido,
Ela trazer de lá as virtudes... nessas águas misturadas.
Pois da forma como este mundo, já está por cá ficando,
Em que dia a dia, com as virtudes, a sociedade está brincando,
Só pensando na riqueza, e na plena ostentação, para viver...
Certo é então, que bem cedo... elas irão mesmo terminar,
Mas quando o mal, neste mundo, já então cá não morar,
Que venha o sol para os gelos derreter... e as virtudes trazer.
E com elas, que venham os cânticos dum novo dia a nascer,
E que os gritos alegres da criançada, façam a terra estremecer,
Para todos sentirem o amor... que eu já então não sentirei...
E quando das fontes da montanha, de novo a água pura brotar,
Que as crianças do futuro, possam a sua sede saciar,
E o coração purificar com as virtudes... que um dia lá guardei.
(J. Carlos – Março. 2010)
Livro 1 (O Outro Lado da Minha Alma)
Imagem da Net
https://www.youtube.com/watch?v=2m0FTvbFmKE&list=PLeLbQlLagMpEEwOtkFvVvXit4glNoV1yZ&index=5
E A NOITE DO SILÊNCIO
... NUM NOVO DIA SE TORNOU
Era o dia, daquele dia, quando a noite... desse dia, se apoderou,
E o som dos tambores do céu, por esta terra sangrenta ribombou,
Estremecendo as gentes... e as bases das aldeias e montanhas...
E os ais e os gritos longos do medo, se fizeram também ouvir,
E as mãos se ergueram de pranto... o que o medo fez sentir,
Quando esta sua terra, deitou fogo lá de dentro... das entranhas.
E os lagos lá do céu, em torrentes, sobre esta terra se abriram,
E nas vagas alterosas, as suas casas e as gentes se sumiram,
Não mais deixando ver a vida que na terra existia...
E o sol de assustado... atrás da noite negra se escondeu,
E por muito que as gentes lhe pedissem, nunca mais apareceu,
Dando assim força à profecia... que no seu gesto assumia.
E esta terra seca, vazia... por Deus, todo o tempo tão chorada,
De toda a guerra, das espingardas e canhões... ficou purificada,
Deixando de nela existir aquilo, que de mal cá existia...
E o sol... de mansinho... entre as nuvens de novo apareceu,
E junto, com os anjos lá do céu, também ele se enterneceu,
Ao ver esta terra renascida... que de verde, de novo, se vestia.
E o menino e a menina, que os anjos nesta terra protegeram,
De mãos dadas, do seu longo sono acordaram... e apareceram,
Olhando sorridentes para o sol... que também p’ra eles sorria...
E o milagre de novo... nesta terra amada, novamente aconteceu,
Porque toda a vida recriada, agora feliz e sorridente... apareceu,
E com ela, uma nova humanidade... nesta terra renascia.
(J. Carlos – Dezembro. 2008)
Livro 2 (Silêncios… da Minha Alma)
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... e o filho pequeno acordou, quando o sol estava já nascendo, e olhando para o alto das montanhas viu o céu brilhante e as cores rubras reflectidas na neve dos cumes e não compreendeu aquele brilho e se alarmou gritando para seu pai que era o fim do mundo... mas seu pai, que sendo mais alto e tinha outra visão, respondeu...
“ Não meu filho, não é o fim do mundo... é a aurora de um novo dia...”
(da Fábula do Alto da Montanha – do Livro Ladrão da Noite de William Sears)
PORQUE AS CRIANÇAS POBRES,
LOGO ENCONTRAM A POBREZA...?
Quando a minha alma do sono estiver acordando,
Não gostaria de sentir que poderá ficar chorando,
Pois o sonho onde esteve, é diferente do que vai cá encontrar...
Porque eu sinto que aqui, também ela estará sofrendo,
Com tudo aquilo que os meus olhos estão vendo,
E que sempre irá sentir, enquanto ela no meu corpo morar.
É triste ver tanta coisa... que na vida estamos vendo,
Com gente cada vez mais rica, e outras de pobreza morrendo,
Em que cada dia que passa, nem sabem se terão para comer...
Pois mesmo sabendo que esta vida é uma vida passageira,
A minha alma sofre ao ver esta gente, sem eira nem beira,
Sofrendo... e vendo as suas crianças com a miséria... a morrer.
Podem dizer que é o seu karma, e vem a esta vida p’ra sofrer,
Ou que pobre é sempre pobre... e é assim que tem que cá viver,
Pois o mundo tem diferenças, para cada um as suportar...
Mas Senhor... se o mundo criaste para nele se sentir a beleza,
Porque será que os pobres nascem e logo encontram a pobreza,
E as crianças também vão logo... para o meio dela morar...?
(J. Carlos – Maio. 2011)
Livro 1 (O Outro Lado da Minha Alma)
https://coisasdotempoquepassa.blogspot.com/search?q=porque+as+crian%C3%A7as+pobres
Imagem da Net
Olhei o rafeiro… naquele canto enrolado,
E ele para mim olhou… continuando deitado,
Talvez esperando pelo gesto que eu iria fazer…
Se seria com a ideia da sua cabeça afagar,
Ou se me preparava para daquele sítio o enxotar…
Mostrando medo, por não saber o que ia acontecer.
Aproximei-me devagar, e ele logo se alevantou,
Mas o seu rabito, entre as patas traseiras ficou,
Sinal de medo, e de que muita gente o maltratava…
Pois que nesta vida, a vida, já nada está valendo,
E se alguém tinha pena, é porque o via sofrendo,
E porque esse alguém, dos animais ainda gostava.
E eu falei-lhe, e sorri, estendendo a mão devagar,
Dando-lhe a entender de que ainda podia confiar,
Nalgumas pessoas, das que do amor fazem questão…
Porque, na dureza da vida, do amor pouco ficou,
E, como ele, que certamente pontapés já levou,
Muita sorte é cá precisa, até para na vida… se ser cão.
… e o rafeiro, de focinho radiante para mim olhou,
E de contente, correndo, logo para mim saltou,
Lambendo, humildemente, esta minha envelhecida mão.
(J. Carlos – Maio. 2014)
(imagem da Net)
OS MASCARILHAS
… destes tempos modernos
Muitas das vezes aquilo que se vê,
Não é nada do que se prevê,
Nem para o qual estávamos preparados…
Por isso mesmo, quem diria,
Que um dia, todo este mundo pararia,
E que em casa ficaríamos *confinados.
E tudo isto me trouxe velhas recordações,
Das idas ao cinema p’ra viver as emoções,
Dos filmes do *mascarilha, tão afamados…
Só que nessa altura mal eu sabia,
Que naquele ano do futuro, naquele dia,
Teríamos que andar todos… *mascarados.
E se daqueles tempos que já lá vão,
Ficaram memórias do que criava emoção,
Já que a vida até decorria lentamente…
Agora, com o que veio lá dos *“chinocas”,
Entre politiquices, demais trocas e baldrocas,
Ficam lembranças do mundo parado de repente.
(J. Carlos – Julho. 2020)
(imagem da Net)
https://www.dicio.com.br/confinado/
*Significado de Confinado: Que se confinou; privado da sua liberdade; impedido de sair do lugar onde se encontra…
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lone_Ranger
*Lone Ranger (… o Mascarilha) - … além da máscara negra e do companheiro índio, Lone Ranger possuía um belo cavalo branco chamado Silver, famoso pelo grito que o herói dava ao se despedir a galope em direção ao horizonte: "Hi-yo Silver, away!".
https://tvi24.iol.pt/sida/coronavirus/covid-19-onde-vai-ser-obrigatorio-o-uso-de-mascara-a-partir-de-segunda-feira
*Covid-19: - onde vai ser obrigatório o uso de máscara a partir de segunda-feira…
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia_de_COVID-19
A pandemia de COVID-19: - … A doença foi identificada pela primeira vez em Wuhan, na província de Hubei, República Popular da China, em 1 de dezembro de 2019…
Guitarras toquem baixinho,
Durante o resto do meu caminho,
P’rá minha alma partir feliz, e não chorar…
Deixem-na sentir que da vida está levando,
Aquilo que sempre a esteve acompanhando,
Até poder, junto das estrelas, ouvir os anjos tocar.
Juntem a elas as vozes tristes e dolentes,
Das fadistas sempre presentes,
Na longa estrada, por onde foi o meu caminhar…
Juntem também os vossos sorrisos rasgados,
Para serem pela minha alma apreciados,
E ela levá-los consigo... p’ra vos poder recordar.
Mas antes…
Deixem estes meus olhos insones, já cansados,
Ainda verem os campos de verde enfeitados,
Com as papoilas vermelhas, o seu verde a salpicar…
Deixem-me ver tudo o que de belo ainda se pode ver,
Pois basta-me a tristeza que levo… só de saber,
Que os homens tudo fazem, para com a beleza acabar.
Deixem-me… deixem-me ainda ver as crianças a brincar,
No meio das belezas que a minha alma ainda cá vai deixar.
Deixem-me… deixem-me ainda ver…!
J. Carlos
Livro 3 (Sentimentos… da Minha Alma)
Imagem da Net
AI!...
SE EU SOUBESSE...
Ai!... Se eu soubesse...
Se eu soubesse que as lágrimas dos teus olhos iriam escorrer,
Eu mandaria...
Mandaria as minhas mãos para logo as apanhar,
E num estojo de ouro e cristal as iria logo esconder,
Com medo que a tristeza... quisesse com elas cá ficar.
Ai!... Se eu soubesse...
Se eu soubesse que o vento, os teus ais iria p’ra longe levar,
Eu mandaria...
Mandaria que nas montanhas os ecos não soassem,
E dentro dos meus ouvidos os iria por lá guardar,
E falar-te de alegrias, para que os teus olhos não chorassem.
Ai!... Se eu soubesse...
Se eu soubesse que o destino, cá na terra, nos juntaria,
Eu mandaria...
Mandaria a minha alma o encontro preparar,
Pois que assim a tua alma só lágrimas de amor cá choraria,
P’ra elas, depois, a minha alma da sua tristeza lavar.
Ai!... Se eu soubesse...
Eu mandaria as minhas lágrimas... ás tuas lágrimas se juntar.
(J. Carlos - Novembro 2010)
"Poesias do Tempo que Passa"