Tediosa escrita

Semana que vai na insípida monotonia
com restrições ditadas e proclamadas
o tempo, lentamente, se esvai

Crio caso com fantasia
Numa afronta quero parir poesia
implico com o verso branco
Faço a rima de forma aguerrida
Falho na mesmice do dia

Efêmera via de transição
Um vácuo aberto, interrogação
A combatividade sem ação
Uma batalha silenciosa
Definha no ocaso o lirismo em lenta agonia
Estou rendida!
Sucumbi nesta tediosa escrita.

Lilian Ferraz

05/04/2020

 Eis que chega ele, sem cerimônias

 Encontra a vida sisuda e cismada

 Onde paira um ar de pouca parcimônia

 A natureza, a todo burburinho, contradiz

 O sol nascendo e nuvens bailando lá no céu

 Traz seus tons vibrantes e chamativa matiz

 Março virou noticia e criou muita poesia

 Eis que chegamos, agora ao seu último dia!

Lilian Ferraz

31/03/2020

Carnaval

Passista que beleza irradia
Samba que a platéia contagia
Salpicos de suor na serpentina
Tanta desenvoltura na avenida
Som de ensurdecer, tanta gritaria
Saltitante e chamativa, lá vai a sambista
No abre alas, haja inovação
Escola de samba, une emoção
com alguns trunfos da tecnologia
que o olhar do folião, extasia.
Cor, alarido, enredo e batucada
samba no pé, do homem, da mulher
seja de qualquer raça; branca ou mulata
Festejo que vara a madrugada.

Lilian Ferraz

23/02/2020

Inanimados

Um ser de sua solidão, refém
Se joga a procura de um carinho,
Um alento, algo que lhe faça bem

Na sua imaginação, seu desejo
Cria enredos de amor e proteção
Fantasia o mundo romântico
Distancia-se do real e perigoso

Por desilusão, timidez ou aversão
Seu ego frágil constrói para si
Um misto do real e do imaginário
Busca silenciar o grito de urgência
De carências e desejos aflorados
Através de objetos inanimados.



Lilian Ferraz

texto elaborado para Oficina ImagemPoesia Fevereiro de 2020

*

Fevereiro, verão
Chuvas da estação
Cidade embaixo d'água
Desolado segue o cidadão

Ruas alagadas
Rios transbordando
O trânsito parado nas avenidas
O céu continua chorando

Águas seguem, sujas
misturadas com todo o resto
Lama e caos.
Dia útil que assim inicia
A semana na grande metrópole

Rotineira cena
De todo começo de ano
Faltam ações preventivas
Que evitem tantos danos

Bolsões de água
Nuvens escuras pairam sobre a cidade
Falta prevenção e conscientização
Calamidade!

Lilian Ferraz

10/02/2020

* Crédito da imagem: Estadão

Coisa Linda!

Chuviscos

Chuva que adentrou a madrugada

Aqui,amainou, quase cessou

Manhã nublada

Poças d’água

Respingos na vidraça

Tênues filetes escorrem no papel

Chuviscando poesia!

Lilian Ferraz

24/01/2020

Mortalha

A vida é uma grande luta

E não podemos ficar fora da batalha

Avançamos rumo à vitória

Porém tem vezes que a gente falha

Cremos em falsos arautos do futuro

Que vivem crocitando feito gralhas

Os desvalidos são os alvos preferidos

Espoliados em sua boa fé e vivem de migalhas

Tanta desordem mundial, eu vejo agora

Confesso, já estou jogando a toalha

Com descrença no que está por vir

Vejo que estamos no fio da navalha!

Revestindo minha sina de pouca sorte

Vestígios de sonhos jazem na mortalha

Lilian Ferraz

11/01/2020

Menino de Pijama

Na riquíssima fantasia que acompanha
As noites aventureiras do menino de pijama
Em seu sono fecundo produz sonhos
Permeado de fadas, reis, magos e gnomos

Oriundo de uma fértil e ávida imaginação
Dos livros salta um comboio inusitado
De forma onírica o menino de pijama
Toma contato com seres místicos e alados.

Descortina-se um mundo mágico e encantado
A mente sonhadora do menino de pijama
Cria seres fantasiosos adentrando seu quarto
Vivendo sonhos heroicos por ele acalentado

Um fundo azul, se confunde com o céu
Personagens já lidos e vistos no papel
Ganham vida e recriam o cenário belo

com princesas e cavaleiros travando duelos 

Neste mundo místico, colorido e interativo
A vida se faz preenchida de criatividade
A noite segue sendo a anfitriã de toda fantasia
Que o menino de pijama em seu sono recria.

Lilian Ferraz

05/01/2019

Composição elaborada para Oficina Imageepoesia

Novembro/dezembro de 2019

Estrela de Belém

Reluzente estrela indicou

O Messias ao mundo, anunciou

Divisão na linha do tempo

Vida gerada pela luz divina

Para livrar a humanidade de seus tormentos

O poder, a cobiça, a inveja e o desdém

Tudo ele em sua vida, breve, presenciou!

Com a dor e a descrença do ser humano

Ele bravamente e majestosamente lidou

Mesmo nos momentos terminais

Não deixou de ter compaixão

Veio ao mundo para ser o Mestre

Nasceu com um propósito, uma missão

Deixou o legado de amor e paz

Justiça, solidariedade e perdão

Natal, símbolo do nascimento do Rei do Reis

Que nos deu a salvação!

Lilian Ferraz

18/12/2019

O amor

O amor não pede permissão
Ele chega e se instala
toma as rédeas da situação

O amor não carece de elogios
através da sua força e perenidade
reflete a beleza nos pequenos detalhes

O amor não vive só de fantasias
abrange o ser em seu mundo real
revestindo de vários tons o seu dia

O amor não tem como imperativo o pertencimento
ele se auto sustenta e se retro- alimenta
mantém o vigor ao longo do tempo

O amor só carece de uma condição
De encontrar certa disponibilidade
para habitar sem ressalvas o coração

Lilian Ferraz

06/11/2019

Canoeiro 


Lá  vai ele, sozinho ao longe
No arrebol como a procurar
Vida além daqueles montes
Onde a canoa assim o levar 

Segue sem norte ou direção 
Matuto...se põe a sonhar 
Aos céus roga uma oração 
Estrelas passa a contemplar 

Vida insossa que deixou aqui
Através do rio vai dissipando 
Sonhos outros tomou pra si
Estes que agora está buscando 

Lá  vai o canoeiro sem rumo
Adentrando a turva imensidão 
Leva na barca só um resumo
Vida,desencanto e sua solidão 

Na ânsia de decifrar a si mesmo
Nas águas brota fria indagação 
Conseguirá o canoeiro a esmo
Vivenciar sua dourada ilusão?

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3. Lilian Ferraz
4. 01/11/2019
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8. Crédito da imagem: Diversosafins
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10. Voz 029_sd (online-audio-converter.com).mp3

Nuvem Passageira

Vejo aquela nuvem passageira
sem ter  limites e nem fronteiras
A nuvem que desliza lá no céu
que, graciosamente, desenho no papel
Como toda nuvem é propensa
a mudanças climáticas... ora leve, ora densa
São adjetivos da nuvem observada
por vezes  tão clara,  outras enigmática
Primavera de um outubro ainda não findo
Uma alvura no céu azul infinito
Nuvem passageira que abranda o sol incandescente
Talvez a tarde será turva, trazendo chuviscos
A nuvem passageira, silenciosamente, vaga
Durante a noite esconde a lua prateada
Por trás da nuvem passageira(*)
Brilha a lua cheia (*)
Assim é minha Imagem Verdadeira(*)

Lilian Ferraz

29/10/2019





Nota: Os versos com marcações (*) é uma poesia
do Mestre Masaharu Taniguchi, descrita no
Livro: Ensinamento da Verdade para Jovens 
Seicho-No-Iê - 4 edição.


Por uma dessas incríveis "coincidências" da vida, que acho que não existem de fato, estava eu com o poema em rascunho a terminar, e num encontro do núcleo da Pomba Branca, fui agracida num sorteio com este livro, ao abrir a primeira página, lá constava o poema citado, que tinha tudo a ver com meu escrito, por isso a inserção do mesmo no final.
Porque tudo tem uma razão de ser e acontecer.