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RASTROS DE ILUSÃO

RASTROS DE ILUSÃO

 

Eu bem me lembro daquele janeiro,
naquela praia em recanto sem par,
tinha o desejo insano de a encontrar,
e de enlaçar o seu corpo faceiro!

A brisa vinda com o aroma do mar,
mais parecia um sussurro agoureiro
de despedida, de adeus derradeiro
daquele amor de verão, singular!

Passou-se o tempo; porém, o desejo
de tê-la, ainda, ficou, quase pleno
pois, na paixão a loucura norteia!

Na solidão, num vetusto lampejo,
quis ver de novo a praia, o mar sereno,
mas, só vi rastros de beijos na areia!

 

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MUNDO SEM DOR

 

MUNDO SEM DOR

Na escuridão, sozinho, sinto a luz;
farol seguro, prenhe de calor
é a esperança que sempre reluz
na odisseia pro mundo sem dor!

Mesmo que a mágoa nos pareça a cruz
da caminhada sombria e incolor,
ela é centelha do sublime amor,
que a vida além, nossa essência conduz!

Ela é a força que nos faz lutar;
é voz suave, mas sempre constante,
que nos faz crer que existe este lugar!

Em suma, a esperança é farol brilhante,
que nos ilumina a cada avatar
e nos mostra o futuro a cada instante!

09/12/2023
Nelson de Medeiros

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FALÁCIA

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Torpe a falácia, arte da mentira,
que faz do engodo verdade ululante!
Seduz, de pronto, com fala marcante,
e, do real, a lógica retira!

Com gestos falsos e arenga que inspira,
induz o tolo pro caminho errante!
Seu tom verbal, macio e insinuante,
faz da razão, presa que não respira!

Desejo vil, de livre alternativa,
sem pejo, oculta pensamento estreito,
e esconde a face sob véu velado!

Pobre de quem a falácia cultiva,
pois que, plantando mágoas no seu peito,
só colhe a dor dum coração fechado!

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DILEMA

 

 

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DILEMA

Urge eu partir, pra esquecer meu queixume,
pois que frear tua lembrança é preciso!
Na praia, as ondas bordam teu sorriso,
e a brisa, leve, evola o teu perfume!

Olhando o céu azul te realizo,
e, no poente, contemplo teu lume!
Ando sem rumo, a dor Minh ‘alma assume,
e a saudade, no horizonte, eu diviso!

Porém, na calma da noite, ao luar,
revivo aquele tempo, singular,
e me pergunto, aflito, entre dilemas:

Sossego a dor, que na mi! Alma estua,
ou, então, crio, da lembrança tua,
versos sublimes para meus poemas?

 

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EGOÍSMO

 

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No peito estreito onde a alma delira,
ergue, o egoísta, seu reino sombrio!
Seu coração é prenhe de vazio,
e a empatia jaz ali, em mentira!

Cego ao clamor da dor alheia, é frio
e surdo aos rogos que a bondade inspira!
Só para si o mundo inteiro gira,
e nele vai, para um norte sem brio!

Deixando rastros de seu desamor,
segue isolado em torre de vaidade,
colhendo espinhos onde existe flor!

Rompendo os laços da fraternidade,
há de encarar, ao fim, o próprio horror,
de não saber do amor e afinidade!

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TEUS VERSOS

TEUS VERSOS

A tarde morre e triste a noite se avizinha...
De novo estou só e na minh ‘alma se aninha
a saudade imensa de teu rosto lindo, de teu corpo esguio...
Busco escrever o que pediste;
tento fugir do estilo pessimista e triste,
mas meu peito só reflete d’alma intenso frio!

Olho o relógio que avança, caprichosamente,
insensível, em compasso lento, cadenciadamente,
a consumir, impiedoso, os sonhos da vida...
E meu pensamento retorna ao momento,
em que o destino me colheu em tormento
a te olhar como velha conhecida!

Quiseste sempre ter meus versos. São teus...
Pois se deles és a Musa, como dizer que são meus?
Em todos, porém, te digo: -Ficou meu coração...
Certamente tu dirás: -Que lindos! Quanta magia,
sem saber que entre tanta poesia,
és a única que eu queria ter na mão!

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A SEQUÊNCIA DO FIM...

 

 

A SEQUÊNCIA DO FIM.

 

Sei que o retorno à Terra é verdadeiro,
e não é fé que me diz; é razão!
Somos, assim, nautas do tempo, então,
a viajar num enorme veleiro!

Voltamos sempre, por lei de atração,
ao nosso mundo hostil, que é passageiro!
Erros de outrora são, hoje, um roteiro
para a devida e justa correção.

Mas tais viagens de volta ao passado
jamais terão as lições esquecidas,
pois que elas têm um destino marcado!

Cada vivência, aqui, é elo espesso
que liga a vida eterna às outras vividas,
pois todo fim é sempre recomeço!

 

Nelson de Medeiros

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ESTÁ ESCRITO

ESTÁ ESCRITO

Sozinho, agora, em meu quarto
eu sinto o vento soprar,
e a tua voz singular
eu penso ouvir do abstrato!

Queria ir te buscar,
parar o tempo contigo,
tê-la aqui, no meu abrigo,
e o mundo inteiro calar!

Mas, os nossos tristes fados,
vão nos manter separados,
até o fim dos caminhos!

Por isso, minha querida,
te digo que, nesta vida,
inda andaremos sozinhos!

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LEMBRETE

 

LEMBRETE

Após um tempo volta a inspiração!
É que eu revi teu rosto novamente;
não que o tivesse apagado da mente,
só dormitava longe da razão!

Estás formosa, prenhe de atração,
e te abraçar eu queria somente!
Amar-te e ter-te em mim, literalmente,
seria o prêmio desta solidão!

Como eu queria ser bruxo, alquimista,
voltar no tempo, recuar a idade,
ter a ilusão de não ser realista!

Mas, hoje és somente fotografia,
o meu lembrete da realidade,
que foi viver num sonho e fantasia!

 

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VISIONÁRIOS

 

 

VISIONÁRIOS

Tem muita gente, agora, olhando o nada,
com sua mente imersa no horizonte!
é o visionário que, vendo adiante,
materializa o sonho de morada!

Vê um jardim de fragrância pujante,
onde uma brisa, suave e perfumada,
cicia arcanos da vida sonhada,
enquanto o tempo estaca, deslumbrante!

E neste mundo etéreo, onde o lar
se mistura com saudade e esperança,
o visionário vive a sua história!

Mas, pode ser que exista este lugar
no fim do céu ou mesmo na lembrança
dum tempo que lhe ecoe na memória!

Nelson de Medeiros
25/04/2025

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EXISTÊNCIAS

 

 

EXISTÊNCIAS

A vida é um baita quadro-negro onde o estudante,
pra escrever seu hoje, com letras de nobreza,
necessita esquecer a maldade e a torpeza
que outrora lhe marcaram a vivência aviltante!

Se não lhe fosse dado esquecer a rudeza
do ontem, sua escrita do hoje, inobstante
qualquer esforço, seria desconcertante,
qual um hieroglifo grafado na incerteza!

Por isso Deus lhe concedeu o olvido
das vidas passadas, só ao mal circunscritas,
e cujas lembranças nos seriam um tormento!

Então, pela Lei do Retorno, é atraído,
em nova vida, a velhas peças reescritas,
até cena final do aperfeiçoamento!

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AMOR GLOBALIZADO

 

 

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Paro ante o mundo azul conectado,
e, quando às vezes, nele me aprofundo,
vendo a invasão do mal, eu me confundo,
fico inseguro, e me quedo assustado!

De um só lugar até o fim do mundo,
qualquer assunto que seja focado
é quase sempre além do exagerado
e até nos chega no mesmo segundo!

Pois é assim com o amor que acalento,
e que carrego comigo de enredo,
numa existência que é parte do arcano!

Mas, o que dói, e que faz meu tormento,
é que o universo sabe o meu segredo,
e só você não percebe que eu te amo!

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FOTO ANTIGA

 

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Achei o teu retrato, amarelado,
e relembrei teus beijos, teus abraços,
a despedida amarga, os olhos baços,
e o coração, em dor, despedaçado!

Mas, logo fui na verdade lançado,
e, se evolaram no ar aqueles traços;
apenas vi a sombra dos teus passos,
vagando só, no tempo desbotado!

É certo que não sabes que te escrevo;
por minha vez, nem mesmo sei se devo
rebuscar nosso passado remoto!

Mesmo porque, por que falei de ti?
Por que, afinal, esta lira escrevi?
Ah! Me lembrei: -Foi só a tua foto!

 

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RENÚNCIA

 

 

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Por que tanto amor?

Perguntei nesta manhã à natureza
que amanheceu coberta de tristeza,
vertendo lágrimas de uma dor quase incontida...

De onde vem tanta dor?

Ela me respondeu num sussurro entristecido:
- Vem de longe, de um mundo atrás já vivido,
e que ousaste buscar nesta vida...

Mas, que estranho amor é este, sem fim?

Perguntei à tarde silente e serena
que morria no fim do céu, lânguida e amena,
matizando de vermelho o horizonte.

Desde quando habita em mim?

-Desde o primeiro entardecer no mundo
quando juntos, em êxtase profundo,
dois corações se separaram num instante...

E por que a tudo resiste?

Indaguei da noite resplendente
que derramava seu luar resplandecente
Sobre Minh ‘alma presa em desventura.

De onde vem esta saudade triste?

Disse-me a noite, de prata engalanada:
-Almas gêmeas que se perdem na estrada,
ficam escravas deste amor, belo e profundo.
Pra se encontrarem um dia novamente,
hão que nascer e renascer diuturnamente
com muita renúncia no mundo!

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RESPOSTA

 

 

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Ouvi de ti esta pergunta um dia:
De quem serão as notas de teu canto?
Surpreso, então, mas controlando o espanto,
eu respondi: - Ora! Da fantasia!

Menti... O bardo nunca distancia
da paixão já vivida; entretanto,
mascara a dor, floreia e esconde o pranto,
mas, c!a verdade anda em sintonia!

Então escuta o amor que te afiança:
Não são quimeras que m! alma lança,
são, antes, versos, de saudades, ditos!

E, ao sentir outra vez, teus ais em mim,
mentir não posso mais: -És meu jardim,
e, a mestra guia de meus manuscritos!

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TEU SEGREDO

 

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Quis te buscar... Desvendar teu segredo...
Por isso naveguei nos sete mares!
Voei pela imensidão, idealizei-te noutros olhares
e, nos caminhos da vida, te esperei sem medo!

Busquei novos credos, nova fé, renovei confianças,
cri no amor de romances milenares!
Quis te buscar... Desvendar teu segredo...
Por isso naveguei nos sete mares!

Procurei-te em minhas andanças
pelas cidades, pelos campos, pelas ruas,
mas, apenas encontrei esperanças
que morreram vazias de ti, nuas!
Quis te buscar... Desvendar teu segredo...

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REENCARNAÇÃO DA POESIA

 

 

 

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REENCARNAÇÃO DA POESIA

Certa vez versejei em poesia,
a mulher perfeita, a mulher ideal!
Fiz-lhe o corpo esbelto e o rosto escultural
que, então, sonhara para mim, um dia!

Mas, se perdeu no tempo o madrigal,
sem deixar um verso da fantasia!
Só ficou o sonho que a mente cria
para escapar da insana vida real!

Porém, naquela noite inesquecível,
caminhando absorto na avenida,
jovem mulher me chamou atenção!

Fixei-lhe o rosto e revi, visível
diante mim, reencarnada então,
a poesia que estava perdida!

 

Imagem CPP

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LOUCURA

 

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Sou poeta, e como tal, sou louco...
Reconheço, sou louco pela chuva pouco a pouco
tamborilando na vidraça alegremente...
Sou louco pelo sol no entardecer,
quando nostálgico anuncia o anoitecer,
fechando o dia a retirar-se displicente...

Sou louco sim, pela brisa sussurrando nostalgias,
enchendo a alma num concerto em fantasias,
qual sinfonia de uma orquestra angelical...
Sou louco sim, por isso sou poeta...
Sou como os magos que Deus poder empresta,
pra suportar tanta amargura infernal...

Sou louco pela vida de outro mundo,
pelas montanhas, pelo azul do mar profundo...
Sim, é certo que sou louco, pois que vivo em solidão,
a buscar tranquilos rios que desabam nas cascatas,
caminhando pelos montes, no silencio destas matas,
vendo o céu e a imensidão...

Sou poeta. Sou poeta de outrora,
das serestas, da aurora,
das ilusões, das quimeras...
Sou louco sim, pois que tenho a paciência
de sonhar com a inocência,
renascida em primaveras...

Sou poeta, e como tal sou louco...
Sou louco, pois que morro pouco a pouco,
sem conseguir no meu peito te aninhar...
Sou louco sim, é como dizes, Musa amada,
sem saber que nesta insana jornada,
a loucura foi te amar!

 

 

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TARDE DE OUTONO

 

 

 

 

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São seis horas... Aperta-me o coração...
A chuva, lá fora, indiferente à solidão
cai dolentemente...
Ela é como a solidão. Na tarde que declina
ela sai aos poucos do mar e ganha as alturas num espetáculo que fascina

. Depois, no silêncio da noite, despeja suas águas sobre a cidade...
Nas horas tristes quando a nostalgia o peito invade
e os amantes perdidos se abandonam ansiando pela aurora,
ela vai juntando, pouco a pouco, os pingos das lembranças
para no ápice do desespero despejar o dilúvio das desesperanças
sobre a alma que, pungente, geme e chora...

Rezo... Olho a negra imensidão...
Quisera abrir o céu com minha mão
e libertar uma estrela linda...

Entre tantas escondidas no sidéreo manto,
eu saberia qual delas faz do meu pranto
a chuva desta dor infinda!

 

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DIA OITO DE ABRIL

 

 

 

 

 

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O mundo parou de lado
depois de tua suspeita;
ficou a lua imperfeita,
e, o sol se mostrou quadrado!

O céu, que sempre se enfeita,
de estrelas salpicado,
ficou então mergulhado,
na treva mais que perfeita!

Olhava o teu rosto afoito,
quando li, no teu semblante,
a mágoa da despedida!

Por isso no dia oito,
releio o Inferno de Dante,
escrito na minha vida!

 

Nelson De Medeiros
Cachoeiro de Itapemirim, 08/04/2025, 2.3 h.

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CPP