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NUM CAFÉ, O TEMPO PAROU

I

Trago comigo um amor em segredo,
que tem morada na minha ilusão;
amor sem nome, sem culpa, sem medo,
que veio do fundo da solidão!

Pintei seu rosto na tela da mente,
onde o amor, em silêncio, florescia;
a cor do afeto — sutil e envolvente —
tingiu de ternura a melancolia.

Vaguei nas ruas da perseverança,
em busca de algo que nunca se achou;
no rastro fugaz de parca esperança,
o amor calado mais fundo ecoou!

Um dia o vi — por acaso ou bruxedo —,
num café, e então minha alma se avia;
surgiu qual fosse um feitiço de enredo,
e pensei: “Será ela? Quem diria!”

O tempo parou — tremi de surpresa —
não era a mesma, mas lembrava tanto,
que meu olhar se perdeu na incerteza,
e até busquei conservar o encanto!

Mas, sem defesa, rendido à realidade,
voltei à vida, ao mundo real!
E então, sentindo uma estranha saudade,
amei — de novo — um amor sem final!

                                                                                                                                                    Nelson de Medeiros.

II

 

Emana no ar um aroma de saudades
Sinto correr em mim intensa sensação
Ao visualizar tão perto, aquela cidade
Acomete de nostalgia meu coração

Visito o mesmo lugar, evoco lembranças
Você e eu, cumplicidade, sonhos e paixão
Num baile de primavera, uma dança
O olhar, o toque, o sorriso... doce tentação

Vivemos os caprichos da paixão ardente
Momentos intensos de euforia e entrega
O amanhã era fortuito, vivíamos o presente
Mas o destino, eis que uma peça nos prega

As manhãs se tornaram menos romanceadas
O café já não vinha com um sorriso e uma flor
As tardes monótonas, destituídas de vigor
Noites onde o silêncio pesava...vidas mascaradas!

Culpa tua, culpa minha! Nunca saberemos
Os corações amam de modo diferente
Quis vivenciar contigo uma vida sem segredos
Porém, você tinha outros planos em mente

Olho aquele lugar e se agita meu coração
"O amor nos surpreende em contextos avessos"
Foi essa resposta que deste ao findar a relação
Verte na poesia a saudade da qual padeço

                                                                                                                                                                      Lilian Ferraz.

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AMANTE ETÉREA

 

AMANTE ETÉREA

Não! Jamais me digas que fujo deste amor,
pois que este imenso e majestoso sentimento,
é furacão que tudo arrasta num momento
e, logo é brisa que inspira o trovador!

Não! Não me fales de tristezas e de dor,
pois, a alegria é facho de luz, doce lume,
que se abre em claridade e espalha seu perfume,
qual primavera num jardim de resplendor!

Não! Não me digas que são tristes os meus versos,
pois que de amor é que eles são mesmo dispersos;
doces saudades que eu nem eu sei de onde elas vêm!

De ti, talvez, ó Musa etérea, amada amante,
alma fagueira, inconsistente, eterna errante,
doirado sonho que da vida vai além!

                                           13/02/1994
                                    Nelson de Medeiros

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CONDOREIRA

 

 

CONDOREIRA

 

Senti não ver sua foto à cabeceira...
Uma dor diferente, inominada,
sensação de vazio, de quase nada,
me atormentou a mente a noite inteira!

Não vi mais a meu lado a condoreira,
albatroz da palavra refinada
e cujo rosto é rima emparelhada
no soneto da ternura primeira!

Por isso clamo aos céus quase em pecado
para que eu possa na vida rever
a Musa que inspirava a minha lira!

Sem ela, sem seu rosto em minha mira,
por mais que eu tente, até obstinado,
não posso mais sobre o amor escrever!

                                                                                                                                                            Nelson de Medeiros

Republicando.
Publicada em 2019

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SONETO DA DÚVIDA ETERNA

 

SONETO DA DÚVIDA ETERNA

 

Queres saber de mim, que faço agora,
onde estou e se penso em ti, também;
dos versos meus, me indagas donde vêm:
se deste instante ou dum instante de outrora!

Na dúvida que dentro d’alma aflora
te perguntas – bem sei – serão pra quem?
-Terá o amor do bardo outra refém?
Que sofrimento a mente te assenhora!

Por que sofres assim inutilmente?
As memórias que trago em minha mente
São tuas, hoje, agora e em qualquer dia,

pois que são, embora nossa distância,
cá dentro de minha alma, com constância,
doces lembranças de tua companhia!

                                                                                                                                                                                   Nelson de Medeiros

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INFINITA AUSÊNCIA

 

 

INFINITA AUSÊNCIA

 

Finalmente, da sombra surge a aurora;
um canto de passarinho somente.
A doida algazarra daquela gente,
pela graça da chuva foi-se embora!

Então, acho o silêncio novamente
e volto a paz na solidão agora!
Volto a pensar em ti, tua demora
em continuar assim, tão ausente!

Meu desejo era ver-te a todo instante,
toda hora falar do amor constante
que sobrevoa todo o meu entorno!

É que só um dia de tua ausência,
para o poeta, é quase uma existência,
que lhe soa infinita e sem retorno!

Nelson de Medeiros

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OTELEFONE

 

 

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O TELEFONE

 

Eu tenho um fone antigo, sem serventia,
Que em meu quarto sozinho me faz companhia...
Já foi da felicidade carteiro!

Porta-voz de alguns devaneios,
Muito me disse de males alheios,
E, da morte inda foi mensageiro!

Há muito não serve a minha pessoa,
Nenhum tilintar de seu bojo ressoa...
Também vive só, nada ouve e nada fala!

Guarda com ele grandes segredos,
Historias de amor de vários enredos,
E até da paixão que avassala!

Porém, ontem na madrugada vazia,
Saiu enfim de sua apatia...
Seu tintinar ouvi de repente!

Atendi no instinto do amor... Contudo,
O lado oposto ficou mudo,
E, senti a dor da saudade somente!

Mas, ela é palavra abstrata,
Apenas quem sente a retrata...
É prenhe de sonhos e vãs esperanças!

Por isso a razão me chamou à verdade:
- Foi ele a estafeta desta saudade!
Mas, saudade não telefona... Só manda lembranças!

 

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SONETO DA SAUDADE INFINDA

  

SONETO DA SAUDADE INFINDA

 

Contemplo o mar: a cúpula azul- prateada
reflete sobre mim sua luz infinita;
o coração, em vai e vem constante, palpita,
tal qual as vagas vão e vêm na marulhada!

Perdido na vasta imensidão estrelada
me pergunto: Haverá no céu que me fita
alguma coisa além da beleza que o habita?
Algo mais que esclareça a árdua caminhada?

Se nada mais existe que não for matéria,
a deslumbrar a vista em paisagem etérea,
que mistério é este que a razão trespassa?

Onde nasce esta luz que me resplende agora?
De onde vem esta canção que do mar aflora,
e que saudade é esta que a minha alma enlaça?

                                                                                                                                                                                           Nelson de Medeiros

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SENSUAL

 

 SENSUAL

O tempo é pura ilusão, hoje eu vejo;
toda a certeza disso eu tive agora,
ao revê-la nesta foto de outrora,
e lembrar a volúpia do teu beijo!

Retorna a ânsia do amor e do desejo,
que brota n!alma e o corpo revigora;
tudo do ontem no hoje se incorpora,
e, teus ais inda sinto e revejo!

Queria-te em meu leito novamente,
fitar teu olhar intenso e fremente,
mergulhar em tuas mechas castanhas!

A lembrança parece tão presente,
tão real e tão vívida em minha mente,
que até percebo em mim tuas entranhas!

                                                                                                                           Nelson de Medeiros

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ENCONTRO TARDIO

 

 

 ENCONTRO TARDIO

 

Por muito tempo eu te esperei na caminhada,
como ansiosa a primavera espera a rosa;
e, dentre as flores que colhi nesta empreitada,
eu te guardei do meu jardim a mais charmosa!

Eu te esperei com a certeza inabalada,
tal qual a tarde espera a noite esplendorosa;
e das estrelas que abracei na madrugada,
eu te guardei do infinito a mais formosa;

E ao me sentir qual noite escura em tua aurora,
minh.! Alma em vão buscou reter-te num agora,
ao pressentir, amargurada, nova espera,

pois no jardim descolorido do meu peito,
ao te encontrar eu vislumbrei o amor-perfeito,
como uma flor que não chegou na primavera!

                                                                          Nelson de Medeiros

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JURA QUEBRADA

 

JURA QUEBRADA


Num tempo atrás, pelo amor que nascia,
almas afins se juraram em paixão;
mas, veio a garra da desunião
e arranhou o voto que existia!

E sem se verem, partiram, então,
para cumprir a prova que surgia
ante o destino, que tudo escrevia
no eterno livro da evolução!

Porém, um dia, o mesmo fado os junta
no velho bar - testemunha da jura-
e a esperança, então é quem assunta:

- “Perdoa,” disse um, “- se inda me escuta…”
Porém, olhando o chão, o outro murmura:
“Tarde demais… meu peito já não luta.”

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DIA DE SÃO JOÃO

DIA DE SÃO ,JOÃO

 

Era São João... O luar passeava
Na ruazinha apinhada de gente!
Uma noite por ano tão somente,
e por isso a rua inteira dançava!

Uma figura, porém, se esgueirava
de encontro ao vate que, ansiosamente,
a esperava... E o longo beijo, fremente,
um grande amor, então, profetizava!

Um instante de luz... Lance sem par,
lembrança que mesmo agora eu desfruto,
pois que ela embala o outono da idade!

Mas, até hoje eu não sei me explicar
como este amor, que nasceu num minuto,
morre em dor que já beira a eternidade!

Nelson de Medeiros
14/02/2022

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SONETO AO NARCISISTA

 

SONETO AO NARCISISTA

 

No espelho busca a face idolatrada;
refém de rasa e vã sabedoria,
com ninguém se abre, com ninguém se avia,
pois lhe basta a imagem projetada!

Traz no seu rosto a fiel namorada,
mas nunca soube o que é empatia;
em ninguém crê, em nada ele confia
e afasta a mão que lhe é apontada!

Num palco falso, onde é único artista,
escuta o aplauso, que é somente seu,
no anfiteatro ilusório onde atua!

Se perde, então, sem tino no seu “eu”,
sem ver que aquele, que não percebeu,
era, de fato quem podia amar!

Nelson de Medeiros

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SOLIDÃO A DOIS

 

  

SOLIDÃO A DOIS

 

Na quietude da noite o bardo vaga,
e escuta o ontem na velha canção;
no peito a dor da ausência se propaga,
e a nostalgia é quase uma afeição !

No quarto, o frio fere qual adaga,
e o silêncio sangra o coração;
num labirinto atroz, a voz se apaga
e o vazio é sem explicação!

Mas há beleza na melancolia;
na lágrima que rola, há poesia,
e na saudade, um doce recordar!

É quando, então, a ausência se revela,
e o silencio é mote que chancela
a solidão, que a dois, paira no ar!

                                                                                                                                                Nelson de Medeiros,
                                                                                                                                                18/06/2025

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RASTRO AZUL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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RASTRO AZUL

Na arquibancada o coração palpita
ao ver, nos olhos dela, o tom mais raro
do mundo - o azul real, a cor bendita-
que acende a chama do querer preclaro!

Seu corpo, n! água, era obra de estilista,
uma sereia que eu, febril, declaro;
e cada gesto dela me suscita
o sentimento que, no peito, encaro!

Paixão furtiva, sem palavra ou choque,
que se concebe na atração da mente,
e faz nascer volúpia no momento!

Um bem querer vibrante, sem retoque,
mas que se foi, como estrela cadente,
deixando um rastro azul, no firmamento!

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DOR INTERNA

  

 DOR INTERNA

 

A dor moral -punhal que não se avista,
que abre o peito em chaga funda e impura;
sentença atroz que a própria mente apura,
e a consciência a própria pena lista!

Infeliz quem dela é protagonista,
sem pressentir o mal da hora escura;
remorso amargo que o sofrer depura
até que a alma de paz se revista!

Mal que deforma a aparência seleta,
que turva o brilho ardente dum olhar,
e embrutece o discernimento,

pois não há dor mais cruel de enfrentar,
nem solidão mais longa e mais completa,
que a de ser réu do próprio pensamento!

Nelson de Medeiros
14.06.2025

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SONETO DA TRISTEZA INFINDA

 

SONETO DA TRISTEZA INFINDA 

 

 Medita o bardo em silêncio profundo...
Na tarde opaca dum dia sem cor,
sua alma chora um revés sem rancor
e o coração se afoga em lago fundo!

Cada uma lágrima é pingo de dor,
cada suspiro é lamento rotundo,
e só tristeza povoa seu mundo,
já desprovido do fado do amor!

Sua alma é noite escura de saudade;
porém, no fundo, uma luz que é sem par
traz a esperança de novo porvir, pois

que a tristeza, embora possa durar,
é passageira como a tempestade
que destrói, mas traz beleza depois!

                                                                                                                             Nelson de Medeiros

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SONETO Á MINHA MÃE

  

SONETO À MINHA MÃE

 

Andando, adentro ao templo, em desalento;
num nicho azul, uma imagem guardada!
É sim, a Mãe Sagrada, que elevada,
me faz vibrar em raro encantamento!

Me veio à mente um tempo nevoento,
de lida amarga, dura, carregada!
Mas, logo eu vi, na santa abençoada,
uma expressão de paz e acolhimento!

Porém, é minha mãe que eu vejo nela!
Então, imploro, com a fé que cura,
que eu volte a ser criança sem ciência!

Que nos seus braços, que a minha alma anela,
sem dor, sem medo, apenas em ventura,
eu volte logo ao tempo da inocência!

 

Nelson de Medeiros
13/06/2025

 

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PRIMEIRA NAMORADA

  

 PRIMEIRA NAMORADA

 

Ah! que saudosa lembrança
Traz-me a noite enluarada!
Do meu tempo de criança,
Da primeira namorada!

Ah! que cabelos, que trança,
Que andar, que porte de fada!
Tinha os olhos da esperança,
E a tez macia, alvaiada!

Pudesse abrir do tempo os véus,
Poder cavalgar noutros céus
Numa estrela iluminada,

E num instante tocar,
Entre os raios do luar,
Aquela deusa encantada!

Nelson de Medeiros

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AGRADECIMENTO

AVE, CPP!

O bardo, sensibilizado e especialmente feliz pelo DESTAQUE ESPECIAL na Imagem Poesia, sem palavras para expressar seu contentamento, AGRADECE aos que lhe concederam esta honraria, nem tanto merecida.

Abraço a todos.

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SILÊNCIO DA CULTURA

 

 

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SILÊNCIO DA CULTURA

Num dia cinza, triste, sem alento,
vi o silêncio da prosa erudita
na catedral das letras, onde habita
Atena, a deusa do conhecimento!

Fitei o acervo da cultura escrita,
lá esquecido, sem funcionamento
no imenso espaço, outrora em movimento,
e vi, frustrado, o saber, em desdita!

Senti, em mim, o choro das memórias,
apenas ecos de grandes histórias
que dormitavam, no tempo, veladas!

Então, pensei: Quando, outra vez, veria
a plenitude da sabedoria,
que ali jazia, entre sombras caladas!

Nelson de Medeiros
Cachoeiro, 23/04/2025

 

 

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CPP