Oh, cebola, tão mal interpretada, musa idiossincrática das cozinhas!
Na tua forma humilde e homogênea, jaz a predominância da essência inexpugnável, que faz da lágrima uma epifania de sabor.
Em tua preeminência, ressignificas o prato mais trivial, entre camadas que, uma a uma, revelam segredos insuspeitos, difusos entre reminiscências primaveris e pueris.
Enquanto isso, os estereótipos jazem derrotados, pois tua presença é incomparável.
Cada camada é uma tratativa com o mistério:
Parcimônia ou abundância, és capaz de enriquecer o mais simples dos alimentos, tornando-o um banquete.
Teu poder vai além do prato:
És arte pura, obra do artífice supremo que transladou tua forma,
de mero ingrediente a catalisadora de emoções.
Cebola, não há nada de jactancioso em tua essência:
Difere do comum, porém sem pretensão.
No entanto, haja visto que tua fragrância inescrutável e complexa permeia o ambiente, o mundo reconhece:
És uma metáfora culinária que decerto tampouco precisa de refinamento para ser adorada.
"Enfim, nem sempre o extraordinário se revela na forma mais óbvia; às vezes, basta uma camada a mais para descobrirmos a beleza do essencial."
Fim!
#JoaoCarreiraPoeta. — 13/11/2024. — 17h — 0510 —.
Comentários
Excelente sua percepção além da cebola na cozinha, tanto que temos uma Teoria de uma corrente psicológica que trata das "camadas" do ser humano, tais como a cebola. Grande abraço
Boa noite, Lilian! Seus cementários, de fato, me deixam comovido. Obrigado pelo carinho.
Caro poeta João Carreira
Bem, a tal cebola, para mim, só perde mesmo para o alho, aquele que deixa seu perfume por anda o consumir passa. rsrs
Mas, sem ela não teríamos prazer em nada daquilo que sempre queremos mais, ou seja, a fome incontrolável.
Entendi perfeitamente o que você, em sua bela crônica quer nos mostrar.
Parabéns, caro poeta
Ótimo final de semana.
Abraços
Bridon
Obrigado pelo carinho Bridon.