O Silente Côncavo Do Casmurro
O fiel espelho mostra-me, em detalhes, o estrago que o tempo está fazendo no meu corpo físico.
Entretanto, minha cognição continua ligada no 220.
Nesse caso, jamais serei um:
"Casmurro", calado, mudo, silencioso, teimoso, introspectivo e de poucas palavras,
muitas vezes fechado em seu próprio mundo.
Se assim eu fosse, teria a resistência ao diálogo, a recusa em me abrir, em uma postura aparentemente imutável.
Como acho que sou um Bardo, um Trovador,
entendo que se eu fosse um Casmurro seria uma alma que caminha pelas ruas do conhecimento em silêncio.
E, ao mesmo tempo, escondendo em meu côncavo coração
o convexo de meus sentimentos que ressoam como uma melodia jamais solfejada.
Entretanto,
eu sei que a dualidade de eu ser teimoso, porém, é a necessidade de ressignificar a minha própria dureza, de entender que o amor e o sonho não envelhecem, mesmo quando parecem suspensos em uma alma machucada.
Amando, pois eu amo, o Casmurro é aquele que, lacônico, resiste a sentir, mas cujo coração, em um momento emblemático, se rende àquilo que, a priori, parecia inconcebível.
Eu também sei que duas almas teimosas podem se encontrar, e nesse encontro, reconfigurar o que parecia imutável.
Portanto, não há algo trivial em ceder.
Sorrindo, eu vejo o Casmurro como aquele que, ao ler uma declaração apaixonada, responde com um lacônico
"Eu estava justamente lendo o teu abrir de coração.”
Ostensivamente frio, mas a suspensão de suas emoções cria um charme sui generis, porque, obviamente, há uma compulsão em ser sempre o teimoso que se recusa a ceder... Enfim, até que cede.
Um forte abraço e, espero que quem leu esteja apreciando.
Que nosso querido
— Deus —
te abençoe ricamente tu e tua casa.
#JoaoCarreiraPoeta. — 17/09/2024. — 10h — 0413 —
Comentários
João
Nossa vida é assim
As vezes cedemos e as vezes não
Parabéns
Um abraço
Obrigado mestre Davi. Uma verdade.
Texto digno de nota e aplausos 👏 Boa noite,caro escritor
Bom dia, poetisa Lili. Obrigado pela visita e apreciação.