Posts de Frederico de Castro (1261)

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Perdão Alepo

- cidade martirizada onde a coragem reabilita a esperança sempre galvanizada

Aprisionados à sombra de uma enorme solidão reencontram
Em cada esquina o sofrimento arremessado nesta empanturrada
Geometria bélica desumana, esventrando a vida de forma, tão desvairada

Crescem entre bombardeamentos mediados pelo
Ódio sem fronteiras
Acampam ao redor de um refugio feito silêncio sempre revoltado

Enfrentam de frente a inevitável morte tão ambiciosa quase estupefacta
Numa incivilizada bebedeira colectiva de sofrimento
Pranto e dor rotineiramente perplexa e assombrada

Deixaram para trás um calendário de sofrimentos
Que se afogam neste Mediterrâneo de tantos aviltamentos
Pais, mães,filhos, velhos e crianças numa constante rota de padecimentos

Perdão Alepo, pois na ampulheta dos dias o sofrimento é somente o compartilhar
De tantos lamentos…é o cancelar da existência sufocada numa vil hora que alimenta
A Barbárie insana sob a batuta da violência tão categórica…tão inumana

Perdão Alepo porque de ti fugimos, migrando para uma diáspora
Sem princípio nem fim, enterrada naquele consterno e infernal
Silêncio que agora por fim pousou, solitário,alheio…descomunal

Frederico de Castro

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Vícios da memória

Vicio-me em cada memória
Percorro a saudade repenicada
Em cada momento do tempo
Quando nas ruas o silêncio atento deambula
Por entre uma carícia colossal…bem rubricada

Embalo este improvisado verso numa colorida
Matilha de desejos bem entrosados, encavalitados em
Cada fragmento de tempo divagando acossado
Retocando uma madrugada espreitando pela frincha
Da vida que se refaz e compraz…bem emancipada

Ímpios se tornaram os dias esquecidos…vacilantes
Pincelando todas as margens dos meus desassossegos
Errantes até que minh’alma habite pra sempre uma soltitária
Lágrima caminhando pela descampada existência tão extenuante

Neste pretérito silêncio embalo cada eco das minhas
Dores e lamentos amedrontados, cimentando a solidão
Desconhecida que se acerca subtil rasurando esta estrofe
Infestada de ilusões insaciáveis e litigantes

Frederico de Castro

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Folhas mortas

Quando me enamoro brinco até com o silêncio deixando-o mudo
E quedo…deambulando pelo quadril destas brisas quase febris
Confiscando todas as gargalhada que deixaste sussurrando bem viris

As folhas caiem agora mortas atapetando a solidão atemporal
Encadeando todo Outono felino que se desmorona nesta consensual
Madrugada proscrita condecorada com perfumes solícitos…tão factuais

Enrodilhadas ficaram as ilusões lascivas e absolutas, deslizando pela
Curva do horizonte mágico onde nos algemamos numa simbiose lavrada
Nestes versos sazonais, escapulindo voláteis…incondicionais

A luz agora impalpável sucumbe juntinho ao quintal daquelas memórias
Estancadas num fortuito lamento monumental madrugando esculpido
Na anatomia deste sonho urdido num prazer faminto, transcendental

No recôndito do teu olhar supri um sorriso crepitando inebriado
Fiel testemunha progenitora desta saudade que congelei em gomos
De ilusão quase redentora ressuscitando agora saciada e promissora

Frederico de Castro

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Não permuto meu silêncio

Com labuta pernoitámos pelos caminhos hábeis
Da vida alimentando com minúcia cada detalhe
De um beijo com que a madrugada disfruta a sensual
Luminescência desta esperança que toda a solidão ainda recruta

É como se o silêncio ludibriasse cada eco
Algemado àquele lamento mais perfeito
Verbalizando cada palavra solitária astuta
Parida na leveza desta ilusão que sobeja tão absoluta

Diminuta e tão subtil aconteceu a madrugada de véus vestida
Trajando aquela abastada lágrima rolando sem embargos
Pela face da solidão tão ágil…tão táctil…tão impoluta

Devoluta e abandonada ficou minha oração alimentando as ilhargas
Desta fé que agora desfruto entre as manchetes noticiosas de um amor
Que reedito em cada naufragante silêncio que eu jamais permuto

Frederico de Castro

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Chuva de cristal

Desfaz-se a madrugada em prantos amaldiçoando
As trevas proverbiais alimentando a lamparina de
Cada lamento enferrujado marinando no convés
Da solidão tão peregrina

Cai uma chuva miudinha em gotas de cristal
Colorindo a noite debruando o epílogo dos nossos
Desejos mais perspicuos ao estampar a aurora com
Soberbos beijos tão insaciáveis…cada vez mais inadiáveis

Na superfície de todos os horizontes eclipsam-se
As solidões mais fugitivas ao compartilhar esta insurrecta
Palavra obsessiva alimentando todo o marketing destes
Versos prostrados num ensurdecedor silêncio ali cadastrados

Sob as palmeiras da minha terra acolho aquela sombra
Passageira saltitando acrobática pelos sonhos infestados
De alegria e perseverança até que a luz num ordeiro pestanejar
Se delongue tão íngea, tão sossegada…esgaratujando minha solidão a latejar

Frederico de Castro

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D'Amore Si Muore

Cheia de afectos se despede a madrugada
De uma noite nascendo a jusante da minha solidão
Empoleirou-se a um adeus quase predestinado, colorindo
O pigmento das saudades, indigentes…em reclusão

Ficou no tempo apenas aquele vazio esgravatado,engravidando
A narrativa das memórias que agora naufragam entristecidas
Empurrando para a gaveta das solidões aquela lágrima
Radical deixando um legado de ilusões sempre tão expeditas

A noite numa pieguice desmedida cerceia cada desejo privado,
Introvertido, parindo todas as dores que apoquentam o artífice destes
Versos aduzidos numa amplitude de palavras incrustadas nesta estrofe
Amiúde aplaudindo qualquer iludente inquietude arquitectada

Despediu-se o exaurido tempo imortalizado num show de
Mágicos momentos de amor…pois de amor se morre deixando em
Suspense aquele adeus paralisado, quase maquiavélico capitulando,
Repisado até que em apense procrie cada desejo bem mais improvisado

FC

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Enquanto em Setembro...

Renova-se o ciclo de vida
Os projectos
As alegrias
O frio de Setembro
Que breve este tempo
Nos empresta numa eterna analgesia

Deite como tutela todos
Os meus silêncios
Neste Setembro fugidio
Fiz-te desabrochar em flor
Com o perfume universal
Soprando no dorso da tua
Beleza…diria quase que colossal

Chegando as chuvas
Renascem os sentidos susceptíveis
Engravidando nosso jardim
Que hoje floresce de cores
E desejos estritamente imprevisíveis

Cuida por mim deste canteiro
Onde resguardo o festim do tempo gentil
Renovando todos os gomos
De fertilidade volátil e subtil

Socorre minha sede
Namorando este Setembro
Acordando na manhã
Que chega prioritária
Amparando o embrião da vida
Tão gentil…sempre mais precária

Enquanto Setembro
Busco ali a beleza dos azuis
Celestiais temperando o amanhecer
Onde nos dispersamos fotografando
Cada mimo saciado com palavras
E desejos sumptuosamente integrais

Comemora comigo a felicidade
Caindo no dorso da nossa cumplicidade
Ao sancionar aqueles beijos unânimes
Engarrafados num acto de amor
Pleno de afabilidade

E pra que a vida nos sorria enquanto cada
Hora resplandece intrínseca e pontual
Cantemos e dancemos, acariciando o calendário
Dos dias desencaixotando a paisagem deste Setembro
Absolutamente íntegro e sempre…sempre consensual

Frederico de Castro

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Murmúrios saltimbancos

O tempo passa por nós marcando cada etapa
De esperança abraçada às lembranças agora convertidas
Em gargalhadas que permeiam toda nossa perseverança
Represam mil caricias lânguidas, desmedidas ali acontecendo
Dentro deste destro abissal silêncio convalescendo expedito...tão colossal

Sem mais emoções ficaram as noites opacas solitariamente
Abandonadas enchendo meus vazios potes das saudades
Com vagas de ilusões expelindo seus lamentos inconfundíveis
Até que o dia se emprenhe de novo desmascarando a
Luz escapulindo surpreendentemente imperceptível

Restou só o silêncio esmaecendo defronte de um afinado
Cântico imprescritível, bailando até ao último instante onde
Depositamos nossos seres rugindo vincados a uma memória
Insaciável e imbatível…planando entre órbitas de luz bordando a noite
Com estrelas luzindo repletas de afectos inflamáveis e incorruptíveis

Nem posso mais adiar esta esperança creditada em alegrias
Predilectas pois do coração escapam surdos gemidos fotografando
A solidão tão atribulada acampada num murmúrio saltimbanco
Desconcertante e inefável despindo a doce ilusão mais confidente que
Cresce na indomável retórica de uma carícia que te empresto tão diligente

Perdura no tempo só uma saudade cunhada num labiríntico desejo que
Escorre deste baldio momento, alimentando léguas e léguas de um sonho
Embebedado de prazer tão subserviente, exactor…omnisciente
Agasalhando a alma com as sobras destes versos auspiciando percucientes
O esdrúxulo desejo laqueando as trompas do silêncio mórbido e tão resiliente

Frederico de Castro

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