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Fotografia

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Eis minha fotografia...

Como? Não me vês?

Ora, olha com atenção

Sou aquele teu irmão

Que, criança, adolescente,

A teu lado conviveu

Naqueles tempos de magia!

Bem, acho que, talvez,

Não me reconheces

Porque a foto se esvaeceu...

Pudera! O tempo, inclemente,

Desatento às nossas preces,

Levou-nos a caminhos distintos,

Percorrendo alamedas ou labirintos...

Então, eu te proponho:

Fecha os olhos. Fica imerso em calma -

E assim, com os olhos da alma,

Me reconhecerás, eu suponho.

Ah, o meu nome tu não recordas?

Ora, isso é de menos, concordas?

Sou teu amigo – só busco harmonia...

Importa mesmo é o que vê o coração -

É a fraterna caridade, é o amor, a luz.

E nesse quadro, de modesta moldura

Verás quem quiser, com ternura,

Quer seja conhecido por José ou Maria,

Pedro, Teresa, Antonio, Marta, João,

Ou até mesmo se denomine Jesus!

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Ferrovias Paulistas

Ferrovias Paulistas

 

Que, nalgum dia,

Antes que nos chegue a morte,

Se finde essa agonia

De vermos, agonizante,

Um sistema de transporte

Que já foi pujante,

Transportando gente,

Levando mercadoria

Do sul ao norte, de leste a oeste...

Hoje, pungentemente,

Se vive uma época sombria -

O sistema férreo anda maltrapilho:

O mato encobre muito trilho

Da RFF, da NOB – Noroeste,

Da Araraquarense e Mogiana,

Da Paulista e Sorocabana...

 

pedro avellar

nov.2024

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12 de outubro - Crônica da Saudade

Quando eu era criança, era sonhador (e talvez o seja um pouco ainda). Ia à estação dos trens de ferro da NOB – Noroeste do Brasil, àquela época muito movimentada. E me debruçava junto à velha e enorme mangueira que por ali reinava, vendo o trem a sair lentamente da estação. E ele resfolegava, lançando as longas espirais da escura fumaça, vinda da incandescente fornalha. E, apitando, sumia-se na curva da fábrica da Anderson Clayton. Eu dizia-me: Ainda “monto” neste trem, no banco da segunda classe, e vou pra Bauru. E depois pra São Paulo. Quem sabe mais longe ainda. Vou conhecer o mundo. Bem, na verdade não fui tão longe, mas dentre os destinos até onde cheguei estava Aparecida, a terra da Padroeira. Não fui com o trem de ferro, que na Central do Brasil já fora substituído pela locomotiva a diesel. Fui “de Pássaro Marron”. Fiquei pouco tempo por lá, mas o suficiente pra ajudar – num pouquinho, um mínimo que seja – na construção do Santuário. E, ante as torres ainda inacabadas, eu me via da mesma forma que em Birigui, defronte à estação do trem de ferro, a sonhar e, enlevado, exclamar baixinho: até onde, Mãezinha de Aparecida, me levarão meus sonhos?

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Dia de São Francisco

São Francisco

 

- Alô? (Esse tal de celular

Não é pra mim não)...

Oi, Fio... ocê mi ouve?

Eu não lhe iscuto...

Não importa – vou lhe contar:

Hoje é dia de São Francisco

E Deus de nóis se alembrô -

De madrugada deu um chuvisco,

Mas agora tá chovendo de verdade

No nosso abençoado sertão.

Já tá até madurando os fruto!

Isso é do divino Jesus caridade –

Disse agora no rádio Frei Damião.

Intão, meu fio, eu já disligo -

Que vorto pra minha costura.

Mais antes com amor eu lhe digo:

Reza - nos dia claro e nas noite escura.

E, no Natal, vem passear aqui na roça,

Porque, acabada essa secura,

No sertão vai ter paz e fartura!

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2 de Outubro - Dia do Anjo da Guarda

Se porventura os anjos têm nome,

Qual será o do meu Anjo da Guarda? 

Porque, afinal, pela celestial hierarquia

Só três Arcanjos – os da alta chefia –

São nos escritos nominados na verdade:

Miguel, ao que se diz, é o de maior renome –

Das legiões angelicais é a eminência parda.

E temos o Arcanjo da Anunciação, Gabriel,

A quem coube tão glorioso papel –

O de anunciar a Maria a excelsa maternidade.

Por fim, quem amparou Jesus, em sua agonia

Nas Oliveiras, pouco antes do fatídico dia?

Ora, foram os anjos. Talvez Rafael, um Querubim!

 Bem, de resto, não é o nome que importa -

Que meu anjo se chame João, Inês ou Nina –

O que conta é que, pela bondade divina,

Seu amparo e segurança sempre me conforta -

Meu Anjo da Guarda me protege como um Serafim.

E, por quanto trabalho eu tenho dado,

Lhe digo: Parabéns, Anjo da Guarda. Obrigado!

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João, da Manuela

- 𝕮𝖔𝖒𝖔 𝖊́ 𝖔 𝖙𝖊𝖚 𝖓𝖔𝖒𝖊, 𝖒𝖊𝖓𝖎𝖓𝖔?

- 𝕸𝖊𝖚 𝖓𝖔𝖒𝖊 𝖊́ 𝕵𝖔𝖆̃𝖔 𝕵𝖚𝖘𝖙𝖎𝖓𝖔.

𝕸𝖆𝖘, 𝖑𝖆́ 𝖓𝖆 𝖋𝖆𝖛𝖊𝖑𝖆,

𝕸𝖊 𝖙𝖗𝖆𝖙𝖆𝖒 𝖕𝖔𝖗 𝕵𝖔𝖆̃𝖔 𝖉𝖆 𝕸𝖆𝖓𝖚𝖊𝖑𝖆,

𝕸𝖎𝖓𝖍𝖆 𝖒𝖆̃𝖊 - 𝖖𝖚𝖊 𝖛𝖎𝖛𝖊 𝖊𝖒 𝖉𝖊𝖘𝖈𝖔𝖓𝖋𝖔𝖗𝖙𝖔

𝕯𝖊𝖘𝖉𝖊 𝖖𝖚𝖊 𝖒𝖊𝖚 𝖕𝖆𝖎 𝖋𝖔𝖎 𝖒𝖔𝖗𝖙𝖔.

𝕸𝖔𝖗𝖆𝖒𝖔𝖘 𝖕𝖗𝖆 𝖑𝖆́ 𝖉𝖆 𝕱𝖗𝖊𝖌𝖚𝖊𝖘𝖎𝖆,

𝕷𝖆́ 𝖊𝖒 𝖈𝖎𝖒𝖆, 𝖓𝖔 𝖆𝖑𝖙𝖔 𝖉𝖔 𝖒𝖔𝖗𝖗𝖔.

𝕰́ 𝖑𝖚𝖌𝖆𝖗 𝖉𝖊 𝖕𝖔𝖇𝖗𝖊, 𝖖𝖚𝖊 𝖘𝖔𝖋𝖗𝖊 𝖙𝖔𝖉𝖔 𝖉𝖎𝖆.

𝕻𝖔𝖗 𝖎𝖘𝖘𝖔, 𝖘𝖊 𝖛𝖊𝖒 𝖚𝖒 𝖒𝖊 𝖆𝖘𝖘𝖆𝖑𝖙𝖆𝖗,

𝕱𝖎𝖈𝖔 𝖕𝖆𝖗𝖆𝖉𝖔, 𝖓𝖆̃𝖔 𝖈𝖔𝖗𝖗𝖔

– 𝕰𝖑𝖊 𝖓𝖆̃𝖔 𝖙𝖊𝖒 𝖔 𝖖𝖚𝖊 𝖗𝖔𝖚𝖇𝖆𝖗.

𝕱𝖊𝖈𝖍𝖔 𝖔𝖘 𝖔𝖑𝖍𝖔𝖘, 𝖗𝖊𝖟𝖔 𝖆 𝕵𝖊𝖘𝖚𝖘

- 𝕰 𝖛𝖊𝖏𝖔 𝖆 𝖋𝖆𝖛𝖊𝖑𝖆 𝖘𝖊 𝖎𝖓𝖚𝖓𝖉𝖆𝖗 𝖉𝖊 𝖑𝖚𝖟!

pedro avellar

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Liberdade

Ah, como anda difícil a vida...

Escrever sobre ela mais ainda,

Nestes tempos polarizados,

Como dantes nunca registrados!

Por isso, meus amigos da lida,

Vossa compreensão é benvinda,

E nada mais falo sobre política:

A ninguém tecerei qualquer crítica,

Em um faz de conta que, irmanados,

Como a mão destra e a canhenha,

Seguirei ombro a ombro, lado a lado,

Com todo e qualquer filho de Deus,

E não só com o que me convenha -

Sejam cristãos ou sejam ateus!

Hei, pois, de calar-me, equidistante

Das florestas queimadas nas lonjuras...

E, então, não falarei nem um instante

Da justiça, corrupção e honestidade,

Nem de quem tenha perdido a liberdade

Por conta dos tribunais ou ditaduras!

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Mar sem Poesia

Mar sem poesia

 

E vaga pelo mar, protegida,

Imensa barca flutuante

A segregar uma gente errante -

Centenas de seres humanos,

De outras terras nativos,

Que nela se alojam, cativos,

Em cabines desgraciosas.

São as “Vozes da África”, de novo,

De um refugiado povo...

E, como nos reclamos,

Do nosso poeta libertário,

Também, atordoado, exclamo:

- Deus nalguma estrela se escondeu?

E a nau balança, do mar aos desníveis...

Na noite escura como o breu.

São muralhas instransponíveis

A conter gentes indesejadas,

Indocumentadas,

Em planilhas policiais Identificadas...

O mar profundo não é alternativa -

Nem isso – são janelas gradeadas

Ou então são só escotilhas

Aonde o sol lá fora não brilha.

Não transitam, nos passadiços,

Turistas de cruzeiro, de variada idade,

E sim guardas irritadiços,

A serviço de Sua Majestade.

E a barca de seres cativos,

De outros povos nativos,

Trilha o mar que, tão tristonho

(Pois desse mister não se orgulha),

Se faz calmo, não marulha

E nem se faz maresia,

No mar sem ondas, sem poesia...

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Loteria

Loteria

 

Tal qual a bonança a espancar tempestades

E tão certo como as estrelas são divindades

Ou ainda quanto há deuses no firmamento

Muito em breve há de chegar o momento

Da vitória

Da glória

Envolta em tilintante e dourada poesia

E hão de se tornar tempos homéricos

Ao grupo dos Sonhadores Lotéricos

Que tentam a sorte em vão dia após dia!

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Cachaça de Minas

Cachaça de Minas

 

Ah, com essa eu não contava:

Que me vejo, meio sem graça,

A dissertar sobre a cachaça.

Sim, essa que, quando bebo,

A língua por certo me trava.

Tonto, tropeço e nem percebo

Que desando a falar bobagem.

Bem – se esse encargo aceitei,

Como se me fosse homenagem,

Vamos então louvar a bendita,

A pura e abençoada aguardente.

E então, por preciso, explicarei:

Cachaça é o mesmo que birita,

Pinga, calibrina, engasga-gato,

Manguaça, muamba, caninha

Braseira, branca ou branquinha

Abrideira, aço, goró e “mardita”...

Mais não digo, senão fico chato

E nunca se finda essa prosa.

Afinal, como se faz a famosa?

Ora, - da garapa e melado da cana!

Mas não é de qualquer uma não:

Pode ser a Cabloca, a Fita, a Dengosa,

A Carangola, a Preta ou a Cana-Rosa

Mas pra mim, a melhor é a Caiana,

Que me lembra o caipira, o sertão -

Produz ainda a sacarose mais pura

E com as sobras se faz rapadura.

Então, depois de muito prensada,

Em aço inox se faz destilada

E segue em madeiras à fermentação -

E aí o segredo de seus sabores sutis -

É o tão famoso envelhecimento

Em barris de carvalho, amburana,

Jequitibá, castanheira, amendoim...

Pronto – aí está a cachaça de cana -

Com alto teor alcoólico, outrossim.

E chegado, pois, é o momento

De provar-se essa bebida tão bela,

Seja a branquinha, seja a amarela:

É a cachaça de inconfundível sabor.

O rico vai sorvê-la em taça de cristal

E o pobre num copo americano.

Não importa – digo isso sem engano -

A ambos vai propiciar o mesmo calor,

Quer estejam na histórica Parati,

Ou em Manaus, Goiânia ou em Minas,

Onde está a melhor cachaça artesanal,

E me refiro, claro, à cidade de Salinas!

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Escolhas

Escolhas

 

Há quem aprecie a próclise;

A outros, cai bem a ênclise.

Mas há momentos

(Para meus literários tormentos)

Em que só cabe a primeira;

E noutros, tão só a derradeira.

E agora? De qual delas me valho?

Ah, isso é mesmo imenso dilema,

Mas a mim - uma ou outra - tanto faz,

Pois meu escrito é pobre, é falho -

Nunca será um brilhante poema:

Fico, pois, com a que mais me apraz!

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Tempos sombrios

Em noite de desventuras

Eu peço às nuvens escuras,

De carrancas noturnas

E plúmbeos véus -

Suplico às mais sombrias,

As que escurecem os céus

Nas noites tristes e frias,

E se aglutinam, soturnas,

Aprisionando a incauta lua,

Tímida, como se estivera nua:

Peço encarecidamente a elas

Que se desarmem, se desanuviem,

A que brilhem as estrelas tão belas -

A que o luar encante o firmamento...

Ah, debalde, elas de mim se riem,

Em rito de escárnio, sem lamento...

Ainda assim, contenho a melancolia:

As nuvens se vão. Logo há de raiar o dia!

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As Estrelas - Poeminha Caipira

 

Pois é, seu moço -

É o que lhe digo:

O seu hotel tem, tarveis,

Quatro estrela, ou cinco,

Mas o melhor abrigo,

Ti garanto, sem alvoroço,

Ocê encontra, muita veis,

Num casebre, coberto de zinco.

Só é preciso oiá pro alto, pro céu,

Pra vê lá em cima a lua tão bela

E um milhão de estrela amarela –

Pra elas, sim, eu tiro o chapéu!

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Acima do Equador, de novo!

Era uma vez uma próspera nação

Ao norte da linha do Equador...

Até que, um dia, dominou-a um ditador

E aos pobres de lá hoje falta o pão.

Mas enquanto o ditador enriquecia,

Mais miserável o país se fazia.

O povo sofrido então se rebelou

E foi às ruas e praças reclamar,

Pedindo pão, justiça, equidade.

Mas o ditador, em extrema maldade,

Os seus generais e soldados armou,

Com licença para reprimir e matar:

E se viram então cenas de imenso pavor

Nessa nação, antes rica, acima do Equador!

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Acima da linha do Equador

Se há neste mundo Justiça, Jesus, me valha:

Não disseste que a Justiça divina não falha?

Vês que esse ditador torpe, pôs no peito a medalha,

Matando o povo - teus filhos - em desigual batalha?

E ele, hipócrita, se protege em espessa muralha

Dos políticos e juízes, que sustenta em cangalha,

Enquanto a turba exausta ao relento se agasalha.

Vês que lutam pela vida, mesmo à custa de migalha,

Destinados agora, por sua revolta, a lúgubre mortalha?

Ah, Senhor, dói-me até a alma, como corte de navalha,

Vendo que a dignidade por lá é mero fogo de palha...

Pelo que se ri com desdém o ditador, satânico canalha,

E a tristeza, meu Deus, é tanta, e a raiva me atrapalha:

Socorre, Mestre, teus filhos, a que não joguem a toalha!

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CPP