Posts de pedro antonio avellar (141)

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Saulo de Tarso

Saulo de Tarso

E, de Saulo, faíscam
Os cascos de seu cavalo.
Súbito, raios o céu riscam
No horizonte de nuvens esparso.
E retumba no céu mítico trovão
Quando, num lancinante estalo,
O romano nascido em Tarso,
Se vê lançado ao chão!

Escuta uma voz. Grita: Por que me segues?
E se dá conta de que lhe falta a visão...
- Não, Saulo – és tu que me persegues,
Lhe responde uma voz envolvente -
(E, se enxergasse, o veria em meio à luz)...
Saulo estremece: Só pode ser ilusão...
Então, ouve, em tom deveras candente:
- Vem a mim, Saulo. Meu nome é Jesus!

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Tempo de Descansar

Tempo de descansar

 

E agora, amigo? E agora?

A idade chegou

O teu pé inchou

E o jogo acabou...

Era mesmo chegada a hora...

Sei, meu caro, que ficas emocionado

Porque não mais te calça a chuteira -

E já não a deslisas pelo gramado...

Então, se o desforço, a canseira,

Te exaurem e te embaçam a vista -

Ah, meu amigo, te acalma, não insista -

Vá para casa, toma uma cerveja,

E pede a Deus que te proteja!

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O tempo

Já não sou madeira de lei,
Bem o sei...
Quando criança, a me divertir,
Bastava uma simples bolinha de gude -
Não me preocupava o porvir...
Cresci... e ao tempo da juventude,
Me era por certo de mais valia
Valer-me da força bruta
Ah, eu não primava pela sabedoria
E rija era mesmo a diária labuta.
O tempo passou. E veio a experiência,
A me ensinar a agir com prudência!

Então, se com madeira nobre -
Seja de cedro, mogno, imbuia, jatobá,
Cabreúva, aroeira, angico, jacarandá,
Não se faz cabo de vassoura, de fato
(E a Deus por isso se deve ser grato),
Não é de se desprezar a madeira pobre -
Mesmo o mais humilde bambu -
Que em casebre se faz de telhado
E abranda a força do vento!
Que se louve, pois, toda madeira -
O pinus, o eucalipto do reflorestamento,
A utilidade da imbuia, do freixo e do guatambu,
A rigidez do cabo de martelo da nogueira
E, pelos ipês floridos, Deus seja glorificado!

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Suspiros

E conto história de cinquenta anos atrás...

- Que olhos, meu Deus, tinha a menina!

Quanto hoje a mim deveras compraz

Recordar-me dos suspiros pela Nina...

Então o Altíssimo, suspirando também,

Enviou a ela um anjo, celestial cupido,

A sussurrar poemas no seu ouvido...

E Nina do meu amor se tornou refém!

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A vida

A vida é mesmo emocionante,

A ver  o que faz quem a preza tanto...

E aqui me vejo, não obstante,

A chorar bobas mágoas

E me debulhar em pranto,

Sem atentar que, ao meu lado,

Há quem a celebre em fráguas

E a louve feliz, em alto brado!

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Aconchego

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Aconchego é paz,

Aconchego é carinho,

É acolhimento

A quem vive sozinho -

É socorrer um incapaz

Num gesto de alento.

Aconchego é o abraço apertado,

É o sorriso dobrado,

É a dor dividida.

É dar guarida

Sem pedir nada.

É desatar nós intrincados

Que bloqueiam a caminhada,

De quantos se sintam cansados.

Ou ouvir com encantamento

O sorriso de uma criança.

É ser solidário ao lamento

Do irmão sem esperança,

Do que dorme na rua,

Ou em qualquer cantinho...

Aconchego é carinho,

Aconchego é paz!

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O Céu é para todos

Não me envergonharei,

Se assim a sorte o quiser,

(E se ao Altíssimo aprouver)

De me sentar em sarjetas,

Não me deterão, bem o sei,

Emparedadas muretas,

Porque, em sonhos,

Infinitos, Ilimitados,

Com meu olhar maravilhado,

Avisto anjos risonhos

Num céu azul todo enfeitado,

Aberto a todos, sem alambrados.

 

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Quarta Feira de Cinzas

Ah, eu queria, nesta quarta consagrada,

Escrever ao menos uma poesia inspirada...

Mas o quê, qual nada -

Busco em vão e minha mente cansada,

Anda deveras tão esmiolada

Que sussurra ao coração, desesperada:

- Já é Quaresma, da Paixão anunciada,

Então, jejua, silencia, que a alma emocionada

Chora  o Calvário e a Cruz na dolorosa jornada.

Mas, tão logo vencida a Redenção afortunada,

Virá a Ressurreição, por certo a salvaguarda,

E toda a gente de fé será bem-aventurada!

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Mais um Natal

E o Natal de novo se avizinha...

Fora eu Cassiano Ricardo, diria:

- Não é um Natal a mais,

É por certo um Natal a menos!

 

Não se acende – se apaga uma velinha...

Ah, mas isso é coisa do poeta e da poesia -

Que emolduram escritos e poemas fatais,

Mesmo em momentos tão serenos!

 

Eu, a cada  Natal, mais me encanto:

O Natal não é tempo de pranto -

É hora, sim, de congraçamento,

A reaver corações distantes

 

E se doar aos irmãos errantes,

Sem abrigo, dormindo ao relento.

Esse é, sempre mais, assim imagino,

O Natal de Maria, José, e do Jesus Menino!

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Noite Feliz!

A noite em questão

Foi por certo esplendorosa -

Que uma estrela luminosa

Clareou na Judeia a escuridão,

À vinda do Deus-Menino.

Era o tempo da salvação!

E, a que não caísse em esquecimento,

Como em noite de paz, silenciosa,

Em respeito ao sublime momento

Da criança nascida quase ao relento,

Se  viu gravado em mavioso hino:

Noite Feliz – poema natalino!

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Família

Família é o que importa, sempre digo...

E realmente dela eu não me desligo...

Mas, família, não é o óbvio que se pensa -

Vai além de pai, mãe, filho, neto, irmão.

 

De fato, ela se faz muito mais extensa -

A incluir, mais que a biológica herança,

E bem mais que física semelhança,

Os laços que se formam pelo coração!

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Terapia

A viver a vida com mais emoção,
É forçoso afinal que eu reconheça,
Com humildade, sem passar panos -
Sem que de mim me compadeça:
Eu tenho por parceira, há anos,
Uma inexplicável e oculta depressão -
E dela não falo com quase ninguém,
Nem tampouco a mim também.
Não a amenizo com medicamento –
E assim me vão correndo os dias.
Equilibro-me e pairo, ao sabor do vento -
Os pés se arrastam, como andarilhos,
Sobre férreos e enferrujados trilhos,
Por onde há tempos o trem não transita.
E assim convivem tristezas e alegrias,
E assim segue a minha alma, aflita!

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O Domingo

O Domingo

 

Será hoje um domingo morno?

Ah, claro que não,

Desde que aqueças um tantinho

O teu coração.

Sai... olha para o céu um pouquinho

E para a natureza ao seu entorno:

Sentes a suave brisa da tarde,

Que faz balouçar a palmeira?

Ora, hoje não é um domingo qualquer

Ou apenas um dia de feira,

Ou do calendário mera data sequer.

Ah, esse sol que nas faces te arde

É mais uma prova da divina criação.

O domingo é mais uma semana vivida -

É outra que se inicia.

Nesse trajeto, nessa lida,

Que o domingo não seja só mais um dia -

E sim dia de paz, de alegria, de amor, de oração.

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Fotografia

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Eis minha fotografia...

Como? Não me vês?

Ora, olha com atenção

Sou aquele teu irmão

Que, criança, adolescente,

A teu lado conviveu

Naqueles tempos de magia!

Bem, acho que, talvez,

Não me reconheces

Porque a foto se esvaeceu...

Pudera! O tempo, inclemente,

Desatento às nossas preces,

Levou-nos a caminhos distintos,

Percorrendo alamedas ou labirintos...

Então, eu te proponho:

Fecha os olhos. Fica imerso em calma -

E assim, com os olhos da alma,

Me reconhecerás, eu suponho.

Ah, o meu nome tu não recordas?

Ora, isso é de menos, concordas?

Sou teu amigo – só busco harmonia...

Importa mesmo é o que vê o coração -

É a fraterna caridade, é o amor, a luz.

E nesse quadro, de modesta moldura

Verás quem quiser, com ternura,

Quer seja conhecido por José ou Maria,

Pedro, Teresa, Antonio, Marta, João,

Ou até mesmo se denomine Jesus!

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Ferrovias Paulistas

Ferrovias Paulistas

 

Que, nalgum dia,

Antes que nos chegue a morte,

Se finde essa agonia

De vermos, agonizante,

Um sistema de transporte

Que já foi pujante,

Transportando gente,

Levando mercadoria

Do sul ao norte, de leste a oeste...

Hoje, pungentemente,

Se vive uma época sombria -

O sistema férreo anda maltrapilho:

O mato encobre muito trilho

Da RFF, da NOB – Noroeste,

Da Araraquarense e Mogiana,

Da Paulista e Sorocabana...

 

pedro avellar

nov.2024

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