Posts de Paulo Sérgio Rosseto (362)

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PENSAS E SENTES

Sei de cor as palavras

Que gostas de ouvir de minha boca

Da fragrância do perfume que te inebria

Da cor que te atrai

Aroma que te desperta

Dos pontos que te põe ansiosa

Quando minha mão te toca

 

Dos teus gostos refinados

Teus desejos mais secretos

Tua fé inabalável no deus que acreditas

 

Tuas doces vaidades

Tuas doses de alegria

Conheço-te tão própria e intrínseca

Com tal e qual intensidade

Além do que de mim mesmo saiba

Pelo que pensas e sentes

 

Amo-te cara poesia

 

PSRosseto

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APEGO

Todas as palavras de benquerença

Traduziriam talvez pequena parte

Do zelo que aprendi a dedicar-te

Desde que convivemos

 

Sigam os sonhos adiante

Como tem seguido a sina

Cumpra o sol o seu destino

Reacendendo incontáveis dias

 

Passaremos pela vida fortalecendo

Dividindo alegrias bons momentos

E nas frágeis horas de tormentas

Estaremos inquebráveis

Enfrentando os ventos

 

Amo-te assim secreta e cegamente

Nesse particular e delicado apego

 

PSRosseto

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MENININHAS

Elas brincam de ciranda em volta da vila

Dão-se as mãos

Pulam amarelinha

Cantam modinhas

Balançam na gangorra

Passam anel

Se escondem escondem do mundo

 

Jogam peteca e bola de meia

Contam estrelinhas

Lambem a lua

Tomam sorvete com caramelo

Lambuzam-se de chocolate

Lacrimejam

Ardem de lampejos

Beijam-se carinhosamente quando se veem

Entrelaçam os olhares

Solfejam cada uma das notinhas

Recitam as letras do alfabeto

 

Assim fazem nossas menininhas

Dos olhos quando se cruzam

Loucas de desejos

 

PSRosseto

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PEDAÇOS DE MIM

Aparentemente quando recolhemos os cacos

Damos a entender que estamos alquebrados

Divididos ao meio, prostrados e tortos

Fadados ao desterro, condenados e em desespero.

Não são estes os pedaços de mim que desejo evidentes

E sim os de contentamento e profusa exaltação.

Bem aventuradas partes do meu ser quando trazem contentamento

Bem aventurados momentos do meu tempo que produzem alegrias

Bem aventuradas as horas do meu dia que constroem otimismo

Bem aventurados os olhares que transmito, os silêncios que distribuo

Bem aventuradas as palavras que propalo, as ideias que espelho

Bem aventurados os segredos que te conto para teu discernimento

Bem aventuradas as lições que retribuo quando aprendo o que ensinas

Bem aventurados os apelos que te faço para que também melhores

Bem aventuradas as paixões vivenciadas escolhidas como pérolas

Bem aventurados todos os nossos encontros e os diálogos que mantemos

 

Sejam benignas as porções que me reparto

Os fragmentos e estilhaços que por mim tocam teu ser

As frações que te alcançam e complementam

As fatias que se somam aos prazeres que te acrescem

 

Porque és parte

Somamos pedaços

Unindo ao todo o que nos torna então inteiros

 

PSRosseto

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DIA A DIA

Delicie-se com aquilo que mansamente

Acaricia teu ego

Seja um pensamento

A lembrança de um vivo momento  

A presença de um sentimento

De uma saudade macia

Dessas que te põe perdida

De vontade de perder-se novamente

 

E quando estiver assim envolta em pura poesia

Dê-se ao consentimento da eterna delícia

Agarrada a si mesma

No íntimo contentamento

Digno das soberanas deusas

Ou da mulher que labuta e enfrenta a lida

Como qualquer pessoa dia a dia

 

Assim conseguirá saborear primorosas horas

Deliciadas ainda que na reclusa solidão

E se divididas com alguém que te apraz

Poderão talvez ser igualmente intensas e vividas

Abençoadas por também estarem sendo repartidas

 

Experimente embriagar-se de toda maneira

 

PSRosseto

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BANHO DE CHUVA

Era bom passear na garoa

Saltitar poças após qualquer chuva boa

Molhar-se na salseira mansa

Encharcar no aguaceiro de final de tarde

Coisa de criança, brincadeiras da adolescência

Que permanecem na memoria

 

Corríamos na velocidade das enxurradas

Melados de lama, cantando feito pássaros

Correndo pelo barro revolvido

Pisando descalços o capim ensopado

Balançando galhos

Roubando as flores molhadas no jardim

 

Nascia uma fina sintonia

Entre nossa liberdade e alegria

E as nuvens

Encantada meninice que inocentemente fluía

Sem explicação

 

Agora temos medo da molhaceira

Qualquer molhadela nos põe tensos

Presos à pressa, broncos com a agua a escorrer

Que não passa e não nos deixa passar

Andar, caminhar, correr

 

Nos esquecemos de morrer

De rir largados na chuva

Tão disforme e aguada tornara-se nossa vida

 

PSRosseto

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PROSSIGO

Passam os pássaros tagarelas

Um pouco acima dos fios

Resvalando nas pontas das árvores

Rasantes sobre telhados

Em algazarras pelas janelas

 

Brincam de voar no centro do sol

Em círculos similares

Sem pedir licença pela barulheira

 

De tanto vê-los assim acesos

Voa também o meu pensamento

Além do peso da consciência

Sobre as nuvens da ignorância

 

Enquanto espalham-se à beira da fonte

Uns continuam voando sem parar

Prossigo a pensamentar

 

PSRosseto

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OS TEUS OLHOS

Os teus olhos

Me veem iluminado

Mas olho aqui dentro

E tudo está escuro

Pardo

Cercado por um muro

 

Adentro-me

Desencontrado dessa luz

E cego assim

Não me enxergo

Tateio

Embaraçado em virgulas

 

Tua piedade no entanto

Insiste renovar-me

Resgata meu cansaço

Mostrando insistente

Generosamente

Meu ser em teus braços

 

Teus silenciosos olhos

Na verdade

São donos de mim

 

PSRosseto

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DESAPRUMO

Saio da casa da sala

Do quarto do banho

 

Desaprumo

Caio de cima do muro

Saio por ultimo sem eira

 

Separo-me do teu corpo

Minha meta do teu rumo

Primeiro

 

Embora nem queira  sair

Parto irrequieto

Ofegante

 

Te levo assinada

Na alma sobre a linha

Em duas vias

Uma tua

E outra minha

 

PSRosseto

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DELÍRIO

Quero a flor e a cor da pétala

Cheiro intenso que perfuma a sala

No bulbo do lírio que ainda hiberna

 

Quero o talo verde da seiva

O pólen que a abelha leva

Do filete mundo afora

 

Quero agora ser estame

Teu particular androceu

Ser teu céu e teu encanto

A preguiça que te espalha

Sereno que te orvalha

A palha que preserva teus grãos na relva

Tua selva  e teu jardim

O teu vaso de carpelos

Os germes que lambem teus brotos

Tuas hastes os teus pelos

Densa cera de tuas folhas

Cada cílio de tuas pálpebras

 

E apenas por mera sorte

Ser por um doce orgulho

A ousadia do delírio

Quando prazerosamente

Tua vontade me molha

 

PSRosseto

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PLENO

Ontem a poesia

Esqueceu a minha porta

Vagou torta pela rua

Esnobou

A minha companhia

 

Visitou outras moradas

Alimentou certas paixões

Desencontradas

 

Fez do triste a alegria

Do alegre a nostalgia

 

Encantou enamorados

No sereno olhando a lua

 

Misturou os sentimentos

Revelou certos segredos

Bebeu vinho

Deu rizadas

 

Fez insônias pela madrugada

Enquanto eu pleno de versos

Serenamente dormia

 

PSRosseto

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INSIGNIFICANTE

Ser assim opaco

Ou transparente

Depende da natureza do ser

 

Há quem transcende os limites

Outros ficam aquém

 

Interessante é que ninguém

Por assim ser ou ser assim

Se torne mais

Ou menos

Insignificante

Ainda que sugue a luz

Ou seja intensamente

Brilhante

 

Aos olhos do amor

Todos e tudo

É absoluto e importante

 

PSRosseto

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RABISCOS

Risco no espaço
O contorno liso do teu rosto
O esguio desenho do teu corpo
Oblíquos segmentos que aos poucos
Dão a dimensão da tua imagem
Viva e evidente na memória

Então essa transparente miragem
Procura esconderijo e calma
Aqui dentro de mim

Redimensiona e extasia
Condensa a saudade que aflora
Como misturasse arabescos traços
Borrando ariscos matizes
Em vãos rabiscos
E o coração em mil pedaços

 

PSRosseto

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EQUILIBRIO

Passo passo a passo pela bamba corda

Por onde destemido passeio

Cruzando as linhas das fronteiras

Entre as tuas cordilheiras

Nas curvas destas estradas

Salpicadas de estrelas

Voando por sobre rodas

Rondando batendo asas

Pensando sentir teu cheiro

Banhando nas tuas fontes

Seguindo os teus conselhos

 

Teus pilares sustentam a ponte

Entre meu coração e a mente

Adornas minha morada

Meu peito é a tua casa

Teu lar os meus sentimentos

Da fé que me alimenta

Enfrento os meus tormentos

Sobre as aguas te equilibro

Sou o barco que te navega

A força que te carrega

O alento que nos conforma

Sou teu deus e semelhante

 

Envelhecemos nas mesmas horas

Num mesmo instante renascemos

Somos o tempo que nos transforma

 

PSRosseto

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CHORO

Quando ouvi os cães ladrarem

Acreditei que passaste solta na penumbra

Ganhando o vazio das solitárias ruas

 

Também vaguei por essas mesmas vias

Assim tentado a ir ao teu encontro

 

Já não estavas lá

Nem a tua voz nem teus olhos negros

 

Vencemos as distâncias

Mas a vida mais e mais nos distancia

Choramos sem ter nexo

Enfrentando complexos dilemas

Que nos desafiam

 

Choro em segredo mas sem medo

De chorar

 

Nos vemos ao menos

Nas instâncias inexatas da poesia

 

PSRosseto

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RAZÕES

Razões.

 

Quisera medir o desconforto da tristeza

Mas desconheço a unidade mais exata

Que se aproximasse ao torpor que no peito

Se instalara

 

O volume das razões aprisionadas

Pelo tempo que levara equalizando

Os estragos que essa dor fizera

 

Leia em minha cara as letras tortas

Estampadas pela testa recoberta

 

Impossível mácula desnecessária

Improvável lágrima que chora

 

PSRosseto

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DA SUCESSÃO DOS DIAS

Diariamente o sol nos engana no ocaso

Quando aparentemente diz ir embora dormir

Finge pôr-se atrás do horizonte de cada um

Tingindo o céu de inacreditável dourado

 

Mas ah, não é ele quem se vai, eu quem fico

Sentado ao pé da cama contemplando

Esse paraíso nesse espetáculo particular

Inacreditável e absolutamente mágico

 

Seu eloquente abismo não é queda ou declínio

E sim unicamente do dia um louvável estagio

Que nos toma de lampejo, poesia e fascínio

 

Então se dá esse tempo de absoluta escuridão

Enquanto o planeta gira em seu eixo completo

Conduzindo-nos experientes para um novo clarão

 

PSRosseto

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AO PESCADOR

Não é porque caminhas vago sobre as aguas

Que um dia nelas não possas mergulhar

Explorar as profundezas oceânicas

Entender o fluxo imerso das marés

Onde tramitam as revoltas correntezas

E todas as incertezas castas dos mares.

 

Aprender no vai e vem das brutas ondas

O jeito manso de lamber suas areias

Romper as pedras todas e as fortalezas

E respeitar os frágeis cascos dos veleiros

Singrando mansos ao sabor dos raros ares.

 

Dê piedade aos humildes pescadores

Que tem amor às longínquas águas infinitas

Torna branda a imensidão que os castiga

E que não morram de saudades das paixões

Nem enlouqueçam distantes de suas valsas.

Mergulhe a fé intensa em seus corações

E traga-os vivos aos braços dos seus amores.

 

Amém!

 

PSRosseto

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A XÍCARA

Gole a gole seca a xicara
Do café degustado
Servido à língua
Sorvido pelos lábios
Entre olhares dispersos
Sorrisos e frases amenas
Nas horas pequenas
Entre um movimento e outro

Assim consumado
Restam vestígios e rastos:
No fundo desenhos na borra marrom
E pelas bordas da boca
Tênues marcas do batom

 

PSRosseto

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PENSO

Penso ser doce o beijo

O quanto suave é tua fala

Terno o olhar que emana

Das belas meninas dos teus olhos.

Penso ser denso o perfume

Colado à tua pele nua

Ou envolta por tecidos leves

Teus segredos avivados

Recobertos pelas rendas.

 

Penso que a morna agua te banha

Recontando em teus ouvidos

Segredos divagando ideias

Que te põem intimamente acesa.

Penso que te delicias

Sobre a cama intensamente

E se pudesses lembrarias

Com vontades deste tolo.

 

Penso ser tão macio

O instante da tua ânsia

E de pura nostalgia

Os delírios do teu cio.

Penso pois pensar permite

Tê-la assim pelos meus sonhos.

 

PSRosseto

Saiba mais…
CPP