Conotação e Denotação: O Romance Entre Palavras
— Professor nessa manhã de terça-feira aqui na nossa pulquérrima Cidade de Campinas, faz um dia delicioso.
Temperatura: 23°.
— Mas Juão, à tarde será quente como o seu conto que vais contar sobre, figura de linguagem.
— Na verdade, professor, esse conto ocorre numa pequena cidade na Patagônia chamada Gramatiquense, onde viviam duas personagens distintas, mas indissociáveis:
Conotação e Denotação.
— Juão, eu as conheço!
— Eu também professor, continuando, apesar de morarem na mesma rua, suas naturezas eram opostas.
Denotação, com sua aura de precisão e literalidade, era a guardiã da verdade pura.
Sempre preeminente, jamais permitia interpretações dúbias.
Seus gestos eram marcados por uma parcimônia quase inexorável e seu olhar, particularmente, trazia a frieza de uma definição inexpugnável.
Ela não se perdia em idiossincrasias; tudo para ela era homogêneo e objetivo.
Conotação, no entanto, era volúvel como as estações primaveris.
Amava as cores, os cheiros e tudo que pudesse ressignificar a realidade.
Quando falava mestre, ela transladava os sentidos, preenchendo as palavras com nuances e perfumes invisíveis.
Cada frase sua carregava uma epifania, um encanto capaz de transformar o trivial em mágico.
Sabe o seu jeito de escrever? Meio rebuscado, cheio de metáforas?
Era idêntico.
As tratativas entre elas eram recorrentes e, enquanto isso, ela tecia sentidos ocultos como um artífice dos sonhos.
Um dia mestre,
ambas se cruzaram na praça principal durante uma discussão sobre como melhor monetizar a literatura local.
Conotação, com suas sugestões pueris e sensíveis,
encantou os presentes, arrancando risos com suas histórias jactanciosas.
Já Denotação, firme e austera, falava das reminiscências da origem etimológica das palavras e das regras gramaticais com uma preeminência que espantava.
Elas discutiam com ares de rivalidade,
mas, no fundo, havia uma atração inexplicável, um magnetismo que só aqueles que sabem diferir poderiam entender.
Enquanto Conotação decorava a praça com flores imaginárias e teorias.
Denotação insistia que cada rosa deveria ser descrita com exatidão.
Até que um dia, algo inusitado aconteceu.
Denotação, sempre tão literal, soltou uma metáfora durante suas explicações.
Foi como se uma muralha inescrutável se rompesse, revelando uma alma escondida.
Conotação, embasbacada, riu encantada.
"Você vê? É a predominância do coração sobre a razão",
disse ela.
Desde então, vivem juntos, na totalidade, formando uma dupla inseparável.
Porque, sobretudo, a verdade é que sem Denotação, Conotação se perderia em devaneios, e sem Conotação, Denotação jamais sentiria o prazer de ser, enfim, compreendido.
Fim!
— Caracas, Juão Karapuças, que conto literário fantástico. Amei. Portanto, que o nosso querido
— Deus —
nos abençoe. E se tiver alguém lendo, também.
Um forte abraço a todos.
P.S. Juão Karapuça, Márcia Karapuça, Tião, Ricardão, Lapisito, e Borrachita, são meus, personagens em evolução!
JoaoCarreiraPoeta. — 30/09/2024. — 14h — 0435 —.
Comentários
*** * ***
100 palavras!
O que responder a esse artífice das letras?
Não sei!
Só sei que me sinto completamente lisonjeado
(veja não estou lisongeado),
eu diria que verdadeiramente embasbacado. Estou me sentindo um verdadeiro pavão!
"GraçasaDeus".
Um forte abraço meu querido Poetalentoso!
#JoãoCarreiraPoeta.
Uma graça essa sua página instrutiva, explicativa e descontraída. Leitura imperdível no site.DESTACADO!! Abraços afetuosos, escritor.
Deveras fico lisonjeado com suas visitas e incentivantes apreciações. Um carinhoso abraço.
João
1000 aplausos
Um abraço
Mestre Davi na área. O guardião do amor. Preciso dar-te 1000s abraços 100 cessar!
Mais uma excelente aula em forma de poesia! Parabéns ao grande crônista João e suas personagens...
Um abraço
A tropa todinha agradece em uma só voz! Gratidão Márcia.