Não era apenas uma casa, era um refúgio de memórias matizadas pelos tons de um amor mítico.
Sobre a mesa, um velho rádio soltava uma cacofonia de sons entrecortados.
A música era
“Detalhes”
O hino do passado de um casal que não existia mais, mas que, de certo modo, nunca deixou de existir.
Ele, um homem de beleza narcisa, pragmático, recordava amiúde os dias em que sua voz ecoava pelo corredor, galhofando sobre a vida e criando acrônimos secretos para descrever o amor deles.
Ela, por sua vez, era a alma matizada de cores vibrantes, o farfalhar das cortinas numa tarde preguiçosa.
Ambos construíram algo portentoso:
Um amor tão grande que agora parecia insólito na era da obsolescência emocional.
No entanto, as palavras ficaram,
mesmo que os corpos não mais se cruzassem.
A dicotomia entre o que foi e o que é atualizava, amiudamente, aquele
— déjà-vu —
sentimental que eclipsava outros sentimentos.
— Não adianta tentar me esquecer — sussurrou ele ao vento, certo de que ela ouviria.
E, de fato, ela ouviu.
Não como som, mas como presença:
No farfalhar das folhas, na cacofonia dos dias modernos, na parcimônia de um instante silencioso.
A verossimilhança daquele amor?
Absoluta. Haja visto que um grande amor é como um aforismo:
Ele ressignifica tudo e se mantém, mesmo em meio às palavras esquecidas.
Finalizando! “Nos detalhes, mora o eterno; no eterno, vive o amor.”
Fim!
A música "Detalhes", está prontinha para você ouvir:
Espero que você tenha gostado, portanto, que
— Deus —
te abençoe ricamente.
Todos os Direitos Autorais Reservados.
#JoaoCarreiraPoeta. — 23/11/2024. — 17h — 0524 —.
Comentários
Excelente. E, se o tema é "Detalhes", um detalhe da tua crônica, caríssimo, me enpolga: "o farfalhar das cortinas numa tarde preguiçosa..."
Parabéns!
Obrigado Pedrão poeta pelo Carinho.
Mais uma bela crônica, João!
O desfecho foi escrito com primor.
Essa música é muito bonita.
Parabéns.
Obrigado pelo carinho, Márcia, é sempre bom vê-la por aqui.