O Mistério da Galinha Reluzente
Certa vez, na cidade dos “Cafundós” situada no Vale da Cegonha.
Sim. Exatamente na Patagônia.
Vivia uma fazendeira, por nome de Dynyse que,
sob a égide de sua curiosidade, encontrou uma galinha, extremamente, peculiar.
Ela era uma ave singular e bruxuleante, com penas douradas e prateadas que brilhavam sob a luz do encantado sol.
A galinha dourada, o contrário das demais galinhas,
que cacarejavam de forma canhestra, esta parecia carregar uma voluptuosidade implícita em sua postura aristocrática.
Um dia, para a surpresa da fazendeira Dynyse, a galinha botou um ovo de ouro misturado com prata.
A fazendeira foi à Lua e voltou num suspiro!
Sua mente, até então limitada pelos estereótipos do campo, explodiu em um redemoinho de teorias.
Como um artífice incognoscível, a ave tornara-se o centro de sua vida.
Ela não sabia como aquilo acontecia, mas pouco lhe importava.
A pergunta era:
— Teria eu encontrado uma fábrica ouro?
Deus está me abençoando, ou eu estou sob o manto dourado e prateado da sorte?
Vociferou a fazendeira ao seu filho mais novo,
com a certeza de que achava ter encontrado a resposta para todos os seus problemas físicos e financeiros.
Porém, a ganância é uma hegemonia difícil de abalar.
Dynyse começou a desejar mais ovos, e a paciência que antes possuía transformou-se numa indulgência insaciável.
Em sua obsessão, a mulher se tornou mordaz e impaciente,
questionando o ritmo da galinha, que não produzia ouro tão rapidamente quanto ela queria.
De repente ela decidiu, então, abrir a galinha para descobrir a origem do seu baú da riqueza e da felicidade.
Entretanto, ao fazer isso, encontrou apenas um horizonte beijando o mar, um côncavo e um convexo vazio e sem qualquer brilho.
A galinha, que era uma artífice do enigma, não possuía uma fábrica de ouro dentro de si.
O segredo estava no seu próprio ritmo e na harmonia com a natureza.
— Ah, barbárie...
Lamentou a fazendeira babando uma baba bovina pelos quatro cantos da boca,
percebendo tarde demais a ambivalência entre desejo e paciência.
“Finalizando, a ganância devora o que deveria ser apreciado em seu próprio tempo. O que é sublime e misterioso na vida muitas vezes se perde na ânsia de possuir mais do que precisamos.”
Fim!
Um forte abraço, meu amigo e minha amiga, espero que tenha gostado e entendido. Que nosso querido
— Deus —
nos abençoe ricamente
nos livrando da nossa ganância.
JoaoCarreiraPoeta. — 12/10/2024. — 16h — 0458 —.
Comentários
Poxa! Que final esse, amigo. Você é daqueles que os irmãos Grimm ou La Fontaine iriam ficar abismados com tanta criatividade. Parabens
Lilian sabemos que gostamos de "rasgar" sedas (ainda bem que não é dinheiro srsrsrs), mas, me comparar com os irmãos Grimm ou La Fontaine é um sonho delicioso. Dei um passeio a 1621. Branca de Neve e os Sete Anões é demais! Gratidão sempre.
Que lindo poeta Jõao Carreira,
No sentido do compor em sua profundidade
espondo de maneira hábil,
a insana ganancia humana.
Meus parabéns!
Boa noite, poetisa Glaucia! Gratidão pela gentil visita e sábia apreciação. Um carinhoso abraço.