🎶A Tragédia Poética de Hamlet!🎶
Era uma tarde encalorada e nevoenta em Stratford-upon-Avon quando Juão Karapuça, poeta errante e cronista de alma arfante, zigue-zagueava pelas prateleiras de um sebo centenário. Foi ali, entre um aforismo de Bacon e uma edição gasta de Plutarco, que encontrou um volume de Shakespeare, cujas páginas pareciam ainda permear os últimos suspiros de Hamlet, o príncipe da dúvida.
"Ser ou não ser?" — A frase cintilava como relâmpago no breu do senso comum. E Juão, que tampouco era neófito em tragédias, sentiu-se encaixilhado entre a lírica e o lógico, entre o côncavo das emoções e o convexo das convenções. Vagueando pela própria mente, ele via em Hamlet não só o princípio de um drama familiar, mas o todo do tudo do seu nada: o reflexo de cada dilema humano disfarçado de coroa.
Ophelia, tão doce e tão desnuda de malícia, era a poesia quando ela fala, mas também a evidência de que o amor, quando sufocado pela barbárie do poder, fenecia como flor sem primavera.
E foi quando Juão, folheando a cena da loucura de Ofélia, sentiu um déjà-vu tão veemente que, como por encanto, ali estava ela — personificada. Vestida de brumas e ternura, entre a realidade e o delírio, ela lhe disse com um olhar de alvorada:
"Eu poderia viver reclusa numa casca de noz e me considerar rainha do espaço infinito."
Juão, suspenso entre a razão e o arrebatamento, respondeu sem pestanejar:
"E eu, se for contigo, serei rei dessa casca — um rei dos afetos e do improvável."
Ali, o amor começava a solfejar suas primeiras notas num reino onde o sonho não envelhece, e as dores ganham versos.
"A razão pela qual tantos se perdem em Hamlet", disse Juão a seus confrades de café filosófico, "é porque ele personifica o arcabouço das nossas próprias indecisões."
E à medida que a conversa se desenrolava, ele sorria com a sagacidade de quem envereda pelo texto com a reverência do lídimo leitor. O protagonismo de Hamlet não é heroico, mas humano. Ele não invade prerrogativas — ele é invadido pelas próprias.
Portanto, ao invés de julgá-lo, talvez devêssemos ressignificá-lo. Pois bem, haja visto que, mesmo exótico e excêntrico, seu drama é decerto que atual. E quando a poesia fala, Shakespeare nos alcança com contos e encantos.
"Enfim, 'Ser ou não ser'? É apenas um mote. O que concerne à alma é como ela escolhe vaguear entre a dúvida e o desejo. E, sobretudo, se amar é uma tragédia, que ao menos seja uma tragédia apoteótica — rimada com humor, sonho e eternidade."
Fim!
Que nosso querido —— Deus —— abençoe você sua casa ricamente, um forte abraço.
P.S.: Esta crônica nasce de versos livres e pensamentos meus — sem espelhos, nem ecos alheios. É um tributo ao verbo próprio e ao sonho reinventado.
Todos os Direitos Autorais Preservados.
#JoaoCarreiraPoeta. —— 20/06/2025. —— 10h55min —— 0712 ——.
Comentários
Que lindoooo!
Estou cada dia mais encantada com o Juão Karapuça
Meus aplausos!
Abraço apertadinho
Que maravilhoso texto acerca de Shakespeare e suas obras. De fato Hamlet ( dinamarquês) do ano de 1599, uma obra fantástica...E a famosa frase Ser ou Não Ser.
Não tenho um profundo conhecimento da obra de Shakespeare...Mas, Hamlet é muito conhecida...Fiz trabalhos quando tinha uns 22 anos, eu estudava Português - Literatura ( licenciatura)
Juão Karapuca mais uma vez brilhando em seu texto e também muito bem declinado outros personagens tais como Ophelia, a nobre jovem mulher.
Parabéns prezado Poeta João Carreira por este texto nos ofertando uma leitura muito especial.
Um passeio poético de muita sabedoria e cultura.
Concordo plenamente que Ser ou não Ser é apenas um Mote...que se desenvolve na trama amorosa de Hamlet e Ophelia.
Esteja sempre bem e obrigado
O que dizer de Shakepeare? Nada acrescentar pois o inglês já mostrou seu dom e talento, qualquer palavra é simples palavra. A ti, meus aplausos pela grande sensibildiade e erudição. Abraços
Realmente maravilhosa essa crônica inspirada na tragédia do príncipe de Dinamarca.
Meus parabéns e um forte abraço!
João
seu versar rico em vocabulários
expressa a antiga frase Ser ou não Ser de uma forma que a gente começa a refletir o contexto
maravilhoso expressar poético
um abraço
Obrigado pelo carinho mestre Davi! Um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.
Encantada com essa crônica romântica e sedutora. Fui lendo ansiosa para ver o final... Acho que sou aquela flor sem primavera....
Parabéns, João!
DESTACADO
Um forte e carinhoso abraço.
Não falhe assim... caso eu fosse uma primavera, eu seria todinha sua... e já que estou aqui, sou grato pela tua preciosa visita, tua sempre incentivadora apreciação, ah, ia esquecendo o DESTAQUE, amos ser destacado por tuas mãos! Um carinhoso abraço, a tua primavera está dentro de você minha querida Márcia! #JoaoCarreiraPoeta.