Narrador: Juão Karapuça, direto de um café parisiense
Le Café du Philosophe, Montmartre, Paris.
Era uma noite tipicamente parisiense, com o Sena murmurando metáforas e os lampiões da Rue Mouffetard piscando enigmas de luz. Ali, entre cafés filosóficos e livros espalhados como folhas de outono, estava eu — Juão Karapuça, com minha boina sutilmente desalinhada e uma taça de vinho tinto cuja cor rivalizava com as paixões que me habitam.
À minha frente, uma mulher belíssima de meia-idade, filósofa de olhos azuis esverdeados inquisidores, cujos argumentos tinham a malemolência das dançarinas de Montmartre e a contundência de um silogismo socrático. Seu nome? A mulher dos meus sonhos!
Falávamos de Platão.
— Mas dito isso, — disse ela, tamborilando a borda da taça — amar é se deixar cativar pela ideia e não pela imagem.
Sorri com a sagacidade de quem já confundiu morfemas com beijos.
— É mais um elemento entre tantos outros, mademoiselle. A beleza, pois, mora nos detalhes... e às vezes, em um certo côncavo que reverbera no nosso convexo.
Ela riu, como quem flerta com a dialética. Eu, enlevado, segui:
— Platão não propôs o amor para os puristas. O amor platônico é uma ode à iminência do impossível. E, ao mesmo tempo, uma âncora que nos impede de fenecer sem fantasia.
E assim seguimos, entre risos e argumentos, até que a noite, num gesto ousado, resolveu nos abraçar com uma ideia platônica:
— Afinal, decerto que amar... é sair da caverna de si mesmo.
Mas eis que, no reflexo do espelho que havia atrás dela, vi não seu rosto, mas o da mulher que há tempos habita meus sonhos — aquela que ficou do outro lado do Atlântico. Aquela que, diria eu, foi minha verdadeira Alegoria.
Ela — a musa ausente — jamais esteve ali, tampouco deixou de estar.
E então compreendi: o amor, quando é de fato verdadeiro, não precisa ser factual. Ele pode morar no espaço entre a lembrança e o desejo, entre a carta jamais escrita e a lágrima silenciosa que poisa na alma sem pedir licença. É um arquétipo, sim, mas não anódino — é veemente, porque arde mesmo na ausência.
"Portanto, a moral é clara, sobretudo para os de coração errante como eu:
O amor distante pode até ser utopia, mas é ele quem mais nos ensina a reverberar... mesmo no silêncio."
Fim!
Que nosso querido —— Deus —— abençoe você ricamente, um forte abraço!
P.S. Juão Karapuça, Márcia Karapuça, Tião, Ricardão, Lapisito, Kinkas Barba, Borrachita e Juanito, são meus personagens em evolução!
Todos os Direitos Autorais Preservados.
#JoaoCarreiraPoeta. —— 16/06/2025. —— 12h23min —— 0708 ——.
Comentários
Gostei muito desse diálogo, em Paris, sobre Patão e o amor platônico. O amor tem muitas manifestações, mas as musas gostam muito de amor platônico para inspirar aos poetas, e às poetisas, claro!
Meus sinceros parabéns, caro amigo!
Um forte abraço!
Juan, um bem-aventurado dia, alma sonhadora e poética, o carinho é imenso, um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.
Que lindíssimo texto poético e romântico...O nosso personagem amado Juào Karapuça visitando o berço da cultura ocidental , a mágica França com suas ofertas de magias, são ruas, bares, bom vinho, belas mulheres, até de mulher olhos azuis esverdeados, este Juão agora um protagonista de valores a filosofar acerca do Amor..
Uma reflexão sobre o Amor platônico , tema genial do Poeta, Platão não propôs o Amor para os puristas.
"O amor platônico é uma ode a iminência do impossível.E,ao mesmo tempo, uma âncora que nos impede de fenecer sem fantasia " que perfeito Poeta.
":O amor distante pode até ser utopia mais nos ensina a reverberar... mesmo no silêncio " fechado Poeta
Parabéns prezado Poeta João Carreira por este lindo bordado poético com suas digitais...
Uma leitura imperdível... Abraços ao nosso amigo Juào Karapuça..
Abraços fraternos
Ah, mestre e poeta, Antonio, que honra receber palavras tão delicadas e intensas como um vinho francês sob o céu de Montmartre. Aqui tenho um sussurro de gratidão do coração de Juão Karapuça e meu também, claro: mas, é engraçado que na França sonhou Juão encantado, olhos verdes que nunca abraçou, amor platônico, doce pecado— ideal que nunca se tocou. Pelas vielas, vinho e pensamento, ele vagueia, entre riso e dor, na fantasia acha alimento, e no silêncio, ecoa o amor. E cá estou eu, a poetizar. Deve ser o ar de Paris, segue nossa gratidão mestre poeta e comendador! Um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.
João
ta demais hein
falas sobre o amor com experiencia de escritore poeta
suas digitais são amplas e genuinas
um abraço
Bom dia Davi, obrigado pelo carinho! Um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.
Caro colega João que excelência de contexto de crônica. Me chamou atenção já pelo título, amor; Platônico onde tanto me identifico. Você citou a fantasia, meus amores, tem expressado eles mitologicamente, seja nas insuficiências dos meus casos rasos com algumas e seja também pela minha paixão aos mitos. Uau....Tamborilando a borda da taça-amar é se deixar cativar pela ideia e não pela imagem. Verdade pura que não é usada, ou quase não é. Daria pra destacar muita coisa aqui João. Abraços!
Que bom que está gostando, mas, París (apesar do frio) e a França no geral, são muito acolhedores, a equipe agradece de coração... um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.
🎶Amor Platônico & Café!🎶
Uauuuuuuuuuuuuuuuuu,que lindeza!
Depois querem saber porque me apaixonei pelo Juão Karapuça
"E então compreendi: o amor, quando é de fato verdadeiro, não precisa ser factual. Ele pode morar no espaço entre a lembrança e o desejo, entre a carta jamais escrita e a lágrima silenciosa que poisa na alma sem pedir licença. É um arquétipo, sim, mas não anódino — é veemente, porque arde mesmo na ausência."
Fechou com chaves de ouro!
Meu abraço encantado
Ciducha
Cici! Minha querida, até tuas apreciações são apaixonantes, Juão Karapuça, está París, exatamente, no 18º arrondissement, Montmartre, que não é apenas um bairro — é um estado de espírito. Um relicário boêmio que, ao longo dos séculos, acolheu artistas, amantes e filósofos como quem abraça a alma de um poeta perdido, e te chama para um "cafezinho" srsrsrs. Agora é com você, um carinhoso abraço! #JoaoCarreiraPoeta.