— Márcia, o professor nos deixou a ver navios! Vamos ter que descrever esse senhor Inefável, sozinhos.
— Juão, não se preocupe, pois, nosso amor é maior que tudo. É apenas um adjetivo, uma qualidade, veja quantos tipos de qualidades:
“Inarrável, indescritível, indizível, inenarrável, encantador, inebriante, inexprimível…”
— Márcia minha amada, “Inefável”, é o que escapa à palavra, o que se sente, mas não se diz. É algo que, pois bem, vive na iminência de ser compreendido, mas jamais explicado.
Na sua essência, o "Inefável" é o encontro entre o côncavo e o convexo do sentir, uma pauta de morfemas que, mesmo entrelaçados, ainda não podem enaltecer tudo o que se quer expressar.
Desde então, tentar capturar o "Inefável" é como tentar ancorar o vento.
Argumenta-se, constrói-se uma retórica complexa, no entanto, falha-se.
Pois bem, é por isso que o inefável persiste, escapando das definições e ressignificando-se em cada tentativa.
É um avassalador nada que é tudo, e, ao mesmo tempo, uma obsessão recorrente que faz com que muitos o cacifem como o ápice do inexplicável.
— Juão, diz-se até que é uma ode ao silêncio que ecoa, mas dito isso, surge a dúvida:
Existe forma de explicar o que apenas o coração entende?
Pois veja, para o purista, o "Inefável" é a ausência de retórica:
Para o romântico, é simplesmente, um amor que não se define, apenas reverbera.
Para o sábio, é a dualidade da existência, essa vontade de espicaçar o indefinido, refutar o vazio e, mesmo assim, sentir sua eminência presente em tudo.
Portanto, tampouco cabe em nossos lábios:
Seu mistério é tanto quanto se pode sonhar, e tão díspares são suas formas quanto as perspectivas que evocamos.
"Inefável" é o encanto que, ao dissipar-se, nos faz lembrar de que o nada e o tudo coexistem.
— "Juão, o 'Inefável 'é aquilo que nos revela a vastidão da alma, porque o que não se pode dizer é o que mais se deve sentir.”
Fim!
— kkkkkkkkkkkk! Parabéns ao casal de pombinhos!
Acharam que eu não viria?
Vocês são poetas extraordinários. Jamais os deixaria a ver navios!
Que nosso querido
— Deus —
os abençoe ricamente e também, você que acabou de ler.
Um forte abraço a todos!
#JoaoCarreiraPoeta. 31/10/2024. 22h — 0486 —.
Comentários
Parabéns professor João Carreira Poeta!
Sua crônica é inefável !
Acabo de descobrir porque adoro ficar olhando pro nada!!! "...nada é tudo..."
Boa tarde minha amiga!
Eu tenho a percepção de que você anda bem ausente das aulas.
Deve estar observando muito o nada, para ver o tudo que ele tem srsrsrsrs.
Mas vamos e venhamos, o difícil é ancorar o vento kkkkkkkkkkk!
Gratidão sempre.
Um carinhoso abraço. #JoaoCarreiraPoeta.