Oh! marulhar deste mar de tantos sonhos
ninguém pode sentir aquilo que sentes
ou a dor nos longos caminhos do abandono
e deste grande amor que se faz presente
Oh! este amor tão transitivo e tão raro
só foi ave de um verão curto e passageiro
ele que não se deu a você por inteiro,
no outono partiu, e a deixou no desespero
Oh! tão frio aterrador é este sombrio inverno
este amor moderno que pra ti é eterno
a tua pobre alma se arrasta na loucura
e na insensatez que é amar na desventura
É chegada à hora de dividir o indivisível
de reinventar este triste coração partido
por este amor perdido que é cinza, mas já foi chama
que desfigurou a tua pobre alma nesta emoção,
Deste abandono que sobre ti a dor derrama
são restos de um amor que foi apenas ilusão,
risco que só se corre quando se ama.
E quando se entrega eternamente o coração...
Alexandre
Leve-me contigo, eu te digo
Ou venha comigo num neste ritmo alucinadamente lento,
viveremos o amor.
Ao flutuar nas águas vermelhas das paixões
Dedilhar no teu corpo macio
Sentir o bater dos nossos corações
As labaredas sensuais da carne
Trazem para o frio da noite o calor, o tesão
Neste emaranhar de corpos os suspiros surgirão
Uma sensação de enorme prazer
Um gozo infindo em uma enorme explosão
Perdidos na linha de um horizonte lindo
Não importa para onde estamos indo
Almas livres nesta imensidão
E para o amor convergindo
Na urgência esplendida da nossa união
A magia de nosso amor em um suave verso
Que nasce no âmago do coração
É na invenção lúdica do universo
Que transmuta todo o ato concreto em pura emoção
Mais um beijo molhado por inteiro
Do deleite ao carinho a diferança é pouca
E nossos corpos ensopados de prazer
Suspiros saem abafados das nossas bocas
É o amor que nos ensina o êxtase que é viver
Alexandre Montalvan
Quando há tempo para o amor,
o sonho perde sua virgindade,
o corpo resplandece em suavidade,
e o renascimento surge superior.
Vivi meu corpo pensando em outro,
Todas as noites sonhando com isso,
somente assim percebi que existo,
com meus braços em um mar revolto.
Abracei tua sombra nas paredes da casa,
com meu corpo entorpecido em enganos,
eu atravessei por você mil oceanos,
mesmo eu tendo perdido as minhas asas.
Hoje eu sinto que sou apenas uma imagem,
nas flores que murcham na minha janela,
escrevendo nas areias tantas bobagens,
E me perdendo em lágrimas de amor por ela.
Alexandre Montalvan
Já é meia noite e começa a folia
e este é o tudo, somente alegria
já está quase na borda da vasilha
o sêmen que rola pela face vazia
Sonoros ventos correm pela trilha
nela uivam ratos avivados na melodia
alheia ao alarido a ficção é dicotomia
entre as feras o amor cruel, fervilha
Fervilha a sede pela gozo infinito
no oposto encontro corpóreo absorvido
gemidos lascivos rompem a madrugada
Estalam frases soltas embaçando vidros
apurando os ouvidos para escapar dos castigos
enquanto jegas e grades rangem enferrujadas
Alexandre montalvan
A poesia é a cura
do mal que aflige a minha cabeça
e esta dor que me censura
é o que a poesia faz com que eu esqueça.
O certo é que o absurdo pondera
nas formas que trazem no peito
as lagrimas que escorrem assustadas,
são as que ensopam meu pior defeito.
Com o infinito social aos pedaços
eu os retrato. Oh! doentia paixão
recortando a poesia passo a passo
assim como retalhado esta o meu coração.
Em oceano profundo, imensos abismos
areias de sangue de um sepulcral divino
a poesia navega sobre este destino
nas águas de horríveis organismos.
Salta-me aos olhos
este grande pudor ufano
este farol que ofusca e fode
é este teu olhar podre e desumano.
Se por certo a poesia é a minha cura
por fazer com que eu veja no passado
o que quer que a m'alma procura
é um futuro que não quero ver desenhado
Se a poesia faz com que a dor desapareça
foda-se se é certo ou errado
pois há um proverbio antigo que diz
antes que o mal cresça
corte a cabeça
das ideias que nos quer como gado marcado.
Havia na podridão, de tudo um pouco,
e um mar de fogo
reverberando em teu rosto, estalos
em luzes ofuscantes...
era uma fileira infinita de carros
todos parados e enferrujados
de desavergonhados governantes.
Alexandre Montalvan
Iluminado por uma luz artificial
um vulto se ergue como uma assombração
situação absurda aflitiva e anormal
e eu sinto uma benévola afeição
Muitos milhões de anos se passaram nesta casa
a lua com seu olho brilhante procurava em vão o amor
fria tão fria a cada era que extravasa
alternadas em vão por eras de calor
Estou tão só e este vulto é a única companhia
tenho em mim a sua alma e de outros tantos
que me vejo ensopado pelo espanto
que nenhum outro pensamento ou vontade me valia
Sou uma alma lançada a um fosso profundo
como um verme preso à língua do satanás
corro da morte desde o inicio do mundo
e a fome de amor me transforma em um ente voraz
Enquanto espero este sentimento supremo
vivo em desespero nesta existência de horror
eu como o pó da terra e por isto eu blasfemo
e este ser saído da luz é meu eu pecador
Alexandre Montalvan
Todo o desespero que me toma
na agonia de olhar para mim,
na minha face em frente o espelho,
nesta loucura eu perco a forma
O que eu vejo é o pior dos bichos
que Deus amaldiçoou na salvação
um corpo inerte rosnando no lixo
com um Deus morto em seu coração
E caso o amor tenha a cor do céu
eu lançarei meu coração ao léu
pois o paraíso para mim não existe
A morte sobre mim sopesa e avança
eu reencarnarei como uma criança
triste...desesperadamente triste.
Alexandre Montalvan
Por este chão que ando
Imaginando ondas, fito sonhos entre as sombras,
Ouço a intriga e o lamento
De um vento de outono quando
Aos meus olhos se revela um lindo firmamento.
Puro azul que findas em ranhuras nas espumas
Finos laços de algodão em plumas
Olhos rasos com a paz de um renascer
E quando o sol afunda em
Um abismo de brumas
O tempo é uma centelha
Deste meu jeito proprio de viver
Oh Tempo! Que de tão concreto...é abstrato
Flor de fim
De outono em um jardim de jasmins
Que é o aroma que eu aspiro
Em meio a suspiros densos
Caminho neste relvado vespertino
Abrandado pelas sombras do equinócio
E nuvens brancas e imaculadas do meu destino
Sabes que sou falso cativo deste tempo real
Junto a corações de vidro
Que se transbordam de poemas
Porem vislumbro-te na esteira destes sonhos vividos
De dimensão mediúnica
E em meu coração dividido
Você amor infinito
Será sempre a primeira e a única...
Alexandre Montalvan
Quanto de mim existe em ti
E quanto de ti em mim
O desejo que aflora dentro dos
nossos corpos
As nossas almas nos caminhos plenos
soltemo-las aos ventos
Para que nada as detenha
Porque senão nós nos perdemos
na única possibilidade de voar e no mar
sem fim morreremos
Como o fogo que consome toda a lenha
É este o amor que nos envolve
Como fosse água, fogo, terra, ar e vida
Transfigurando nossas almas em apenas uma
Em um sentir que traz esta felicidade suicida
Que o vento carrega no tempo como uma pluma
Quero que existas em mim assim como quero
existir em você, como duas gotas de orvalho
que se juntam comovidas
E eclodiremos no início da madrugada
Na maravilhosa essência de uma unidade de amor
Como o mar e suas ondas
E seu rugir quebrando as ondas de silêncio e beijando
as areias com ardente furor
Possuiremos-nos mutuamente destruindo o individuo
e juntos partiremos adentrando ao mar
delizando como um sudário sobre a bruma
ao furor dos ventos, ao encontro da alvorada
como um único ser criança
e seremos por apenas um momento
amor esquecimento e lembrança
Todo o poema é de amor
por que é fogo que nunca apaga.
Que aos olhos o silencio abala,
e a quem o lê, seja de onde for,
cala...
Alexandre Montalvan
Eu amo voar até teus braços
feito laços de rosas vermelhas
assoprar com amor tuas orelhas
loucuras que me trazem embaraços
É a maior aflição do mundo
desejos que surgem nas piores horas
e cada vez me atinge mais fundo
a demoram mais para ir embora
Fico no ar neste instante eterno
é flutuar num ricto crepuscular
ao viver em mundo tão moderno
Sonho para lembrar o que é amar
se continuo andar no fogo do inferno
quero estar em teus braços ao acordar
Alexandre Montalvan
Eu não entendo as cores da aurora
pois não vejo contraste de cor
mas ela ao ser aurora arvora
em ser aquilo que ela quer ser
Aurora é dissonante na essência
e colora cores que quer colorir
mas eu como sempre tomo ciência
afasto-me e ela vai aonde quer ir
Ela altiva não tem nenhuma perda
são as piores cores que ela alberga
é quando isto me causa muita dor
Deus a idealizou livre e soberba
se a quero a direita ela quer esquerda
pois para mim suas cores são um horror
Alexandre Montalvan
Sabem, existe um silencio enorme
bem aqui, dentro do meu coração
contudo por uma estranha ironia
há fome, e um medo que tomem
de mim a paixão pela poesia
E caso haja no mar uma explosão
e água salgada voar nos ares
Que seria isto? Não imagino não!
O amor colidindo com a paixão?
Estranha forma de miragem?
É o meu coração, uma coisa vazia!
Porem, ele tem fome de tudo
e quando consegue, ele consome
contudo me resta ficar mudo
porque no final tudo é poesia
Sei que isto é uma coisa maluca
porem eu não corro nem eu fico na boa,
vou andando em meio a isto
não sou pobre e também não sou rico
e apesar de todos imprevistos
o meu coração em silencio voa!
Alexandre Montalva
É tão lindo este amor que nos une
e ele derruba todas as barreiras
é tão doce sentir o teu perfume
amar-te no calor desta lareira
É língua louca, sussurros e gemidos
são beijos na boca, um tesão incontido
são toques, mãos, um sonho embevecido
é a essência de nossos corpos espremidos
Que envolve nossas almas tão unidas
neste ato de emoção desimpedida
é um amor que transcende varias vidas
é a louca paixão é doce pimenta ardida
Porem teu beijo me basta só por ora
pois faz com que meu desejo só aumente
eu te quero para sempre e agora
vou beijar-te e amar-te eternamente
Alexandre Montalvan
Versos que falam com asas
Com seus sibilos incompreendidos
Que formam poemas não ditos
Por meios desconhecidos
E é nos seios em forma de prece
Que nenhum estilo conhecem
Mas que afloram na superfície
Como as flores negras que florescem
São espaços vazios, selvagens
O falso mundo de Alice
E nas mãos surgem as imagens
Que brotam sem aparente razão
Nas mais intensas crendices
E o inconformado poeta
Entrecortando em tristeza
Filho da feiura e da beleza
De tanta tristeza padece
Porem o amor sempre vence
E quando invade a alma da gente
As flores negras transcendem
Em brilhantes estrelas cadentes
Que caem sobre nós em lindos versos
Alexandre Montalvan