Ausenta-se em fuga o féretro
do tempo…todo o tempo
No breu da noite roendo, roendo
A solidão espectro da meditação
Desfilando neste abissal silêncio
Onde soçobra a tristeza estampada na recitação
De um verso ausente…distante consumido na
Hora insípida, desidratada em lamentação…
E assim destilo meus pensamentos algemados
Ao cativeiro do tempo
Sólido presídio onde ancorei
As memórias e o cio de cada desejo abismado
Vicejando entre saudades e sonhos agora exorcizados
As ausências depressa se esquecem
Assim que a solidão rompa o invólucro das tristezas
O esquecimento percorra as avenidas das desarmonias
E sepulte de vez este inquisidor tempo ruindo
Solidário e sem subtilezas
Põe-se agora a noite agreste em sintonia
Com o monopólio das minhas póstumas exéquias
Alicerce do lajedo nesta existência perene onde reconcilio
A vida refluindo qual voyeur escutando os olhares inquietos
Enfrascados ao pensamento grisalho abalroando as alegrias
Desertando na paisagem imune vagueando sem mais afectos
Frederico de Castro