Posts de Sandra Medina de Souza (113)

Classificar por

Esperança

Bendita a esperança que em meus sonhos habita,

Canção que me embala em noites de pranto,

Sonorizando o presente que aos poucos desata,

Sintonia com a morte e um doce acalanto.

 

Canta esperança pra esse ser que padece,

Que de ti tira o riso e o encanto abonado,

És a âncora que prende este corpo de prece,

Vibração que restaura os cacos quebrados.

 

Quando a aurora se perde entre os raios de sol,

E a melodia começa a se perder na avenida

Tua luz reacende e me devolve ao crisol.

 

E assim vou marchando em tua companhia,

Deixo a alma aflita repousar em quimera,

E do casulo omitido faz brotar poesia.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Embate

De tanto caminhar por terra, calejei-me,

Quantos caminhos inglórios, óh vida!

Na queda perdi minhas asas, resmunguei,

A terra é um planeta macabro e temível.

 

Sangrando meus pés vacilantes, caminham,

Percorrem desertos e mares, sozinhos!

No lombo uma simples bagagem, se aninha,

Na alma arredia e indômita, me alinho.

 

Veloz como águia aguerrida, embarco,

Meus dias se findam cansados, realizo,

No peito a certeza do acaso, ameniza.

 

Quão perto é o céu que encanta, adormeço,

Nos braços da estrela guia, faleço,

Com a alma entregue ao léu, refaço.

Sandra Medina de Souza 

Saiba mais…

Sina

Ah! Poetas das almas aflitas,

Sois vós a procurar mansidão?

Esqueçais a rotina bendita,

Costumai-vos a sofreguidão!

 

Um poeta é ser peregrino,

Sofre mais que gaivota no chão,

Têm no peito os sonhos de um menino,

E o oceano bem no coração.

 

Não pensais em libertação,

Tens um carma sem solução!

Consolais com as estrelas do céu.

 

Ser poeta é ter o universo...

Castigando até o reverso,

Transpirando essência e mel.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Hegemonia

Aqui, em meu peito de menina,

Encontrarás alguns sonhos,

Uma canção e um violino,

E uma esperança bisonha.

 

Um contentamento singular,

Uma palavra simbólica,

Um agradecimento ao despertar

E um poema bucólico.

 

A vós que estais chegando

Tenhas mera convicção

Sou poeta e paixão.

 

Senhora de alma indômita

De amores no peito atônito

No mar se eternizando.

Sandra Medina de Souza 

Saiba mais…

Dias Inglórios

Um dia, de comportamento abstrato,

Uma existência apavorada em alto mar,

Uma menina e o seu porta retrato,

Cantando um hino para onda se acalmar.

 

Lençóis de renda encobrindo o pensamento,

Um ser mutante importunando o céu de anil,

Um choro agudo se aproxima com o vento,

Levando os sonhos e o encanto juvenil.

 

Raios de sol que alegra a fortaleza

Que cobre os campos e os olhos embeleza

Não se ausente nesses dias de opressão.

 

A primavera ainda vive no outono

A natureza se emurchece ao abandono

Não deixe a vida se perder nessa sessão.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Cárcere

Oh tu, que tens andado indecente,

Controlas esta fúria que domina!

Tu sabes que o universo é fascínio!

As almas que se encontram florescentes.

 

Oh tu, que entrega a lua teus mistérios!

Cautela nesse transe afeiçoado,

Teu corpo trás as marcas do pecado!

Que um dia tatuastes em quimera.

 

Sujeito audacioso e apaixonado!

Artista com um roteiro revoltado,

Singelo e inflamado de emoção.

 

Quisera libertar os teus anseios...

Mas tu és libertino e cangaceiro,

Um pobre e aventuroso coração.

Sandra Medina de Souza

 

Saiba mais…

Cólera

Estou hoje colérico e sem piedade,

Não me venha com sorrisos mascarados,

Minha mente está cansada pela idade,

Esgotada pelo carma desalmado.

 

Paciência não se encontra nesta página,

Perturbada passo as horas maquinando,

O silêncio muitas vezes me acalma

Mas foste embora e as vozes me assombram.

 

Dia nublado acinzentando minha alma,

Corpo esquálido resfriado pela brisa,

O sangue escorre pelos olhos e deságua

Banha meu corpo e meu peito agoniza.

 

Pela janela vejo a chuva que depura,

Me agasalho mas o frio me consome,

Nesta agonia nem desejo mais a cura

E me recolho entre letras e pronomes.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Prudência

Oh, Coração temerário aonde vais,

Nestas andanças por caminhos arriscados?

Sabes que a noite sobrepõe os nossos ais,

Mas vais com calma que o destino é ousado!

 

Cubra-te com a lua, não madornes!

Não és tu, escravo desta solidão?

Os teus sonhos pelos olhos se escorrem

Não me vêm com essa tal contemplação!

 

Tu és agulha que alinhavas um reconto!

Um prisioneiro instalado em qualquer canto,

Não te entregues a paixões de lua cheia.

 

Preste atenção neste sol que ilumina...

O mesmo sol que às vezes alucina,

E aprisiona os teus sonhos e anseios.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Afável Vento

Ah! Vento arruaceiro de destino oscilado,

Envolvestes meu caminho em toalha de cetim!

No cenário, roubaste a peça e invadiste o camarim,

Doce energia, brisa fria, com um toque de pecado!

 

Tempestade absoluta em dois mundos isolados,

Evocando as displasias que se encontram adormecidas,

Entre estrelas e magia enlaçaste duas vidas!

União e firmamento, com um laço apaixonado!

 

Sorrateiro pincelastes corações em lua nova!

Com o alfabeto desenhastes tua alma em poesia,

E assim em cambalhotas vais vivendo dia a dia

Com a alma enamorada mesmo em fase dolorosa.

 

Oh! Vento bendito que se agita em meu recinto,

Arruaceiro mas de espírito afável!

Tu regeneras o meu corpo vulnerável

Findando os dias e atendendo meus instintos.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Alma insana

Oh alma, de existências tribuladas...

Habitastes oceanos em solitude,

Fraquejastes em algumas jornadas,

Marcada em um passado negritude.

 

Teu voo, em frenética distração,

Possuída por amarguras entregara-te

A momentos de doce ilusão

Aprisionastes teus dias em trevas.

 

Oh alma, pecaminosa e vulgar,

Sereia em pranto ao luar

Simbolizando esta esfera.

 

Oh alma, que banha em águas passadas,

A tua infância enjeitada

Adormecida a espera...

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Desdobramento

É noite, natureza adormecida,

O meu corpo entregue a lua

E min’alma de partida.

 

Encontro, que se faz entre correntes,

União de laço eterno

Refazendo o meu presente.

 

É gota, de emoção que se aflora,

Pelos bosques e riachos

Velejando até a aurora.

 

Quimera, entre céus e firmamento,

Hino que me revigora

Noite de contentamento.

Sandra Medina de Souza 

Saiba mais…

Gratidão

Não sei o que dizer aos querubins

Vestidos de esperança e alegria

Que trazem lá do céu só para mim

O abraço que me envolve dia a dia.

 

Pensei em construir uma canção

Um hino ou até uma poesia

Que expresse toda minha gratidão

Em letras e suave melodia.

 

Talvez seja melhor uma oração

Com as letras vindas do meu coração

À noite enquanto o sono me embala.

 

Enquanto não decido de antemão

Conjugo alguns verbos com emoção

E nesta sintonia me deságuo.

Sandra Medina de Souza 

Saiba mais…

Recomendação

Oh, tu! Passageiro destas terras

Perdido a céu aberto e além-mar,

Conservas teu sorriso de quimera

E plante uma rosa em teu lar.

 

A beira do riacho, a primavera,

Entoa uma canção harmoniosa,

Banha-te nas águas que te espera

E laves tua alma tão chorosa.

 

Faça-te teu mestre e te consoles

Tua alma reprimida ainda lamenta

Aceitas as oferendas das auroras

Caminhes que a luz te acalenta.

 

Embora seja árduo o existir

Precisas simplesmente conhecer-te

Não penses nunca mais em desistir

E sonhes, mesmo ao envelhecer-te.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Indócil

Eu, alma ferida em redemoinho,

Existência em caos e pudor,

Refazendo a história num pergaminho,

Sofrendo as angústias do amor.

 

Profundamente amarga em minha brandura,

Este ambiente causando-me náuseas,

Veias dilatadas a procura da cura,

Células esvaecendo ao furto da calma.

 

Medicação que a muitos regenera, eu repudio,

Não acredito em benefício planejado,

Existem dores tatuadas em prelúdio,

Em sintonia com o universo blasfemado.

 

Bendita catatonia que me priva,

E me liberta nos minutos de quimera,

E num delírio passageiro me esquivo

Na imensidão desta existência que lacera.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Alicerce

Então, o cansaço invade a alma,

Essa que caminha em sintonia com o mar

Vagarosamente em minutos rouba a calma

Deixando a longa noite melancólica sem luar.

 

Porém, quem diz que a noite é solitária?

Quantos vaga-lumes na janela a embelezar...

Um oceano lá no céu tão estrelado!

Aquece a alma que renova ao despertar.

 

Oh, Alvorada de aquarela perfumada!

Que me embriaga e me impulsiona a caminhar,

Tu és o guia que me ampara na jornada!

Um alicerce entre o corpo e o mar.

 

Talvez um dia eu me torne um girassol,

E agradecida enfeitarei o teu jardim!

E juntamente com a lua e o sol

Envolver-nos-emos no amor dos querubins. 

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Conforto

Saberás um dia que a vida é oferenda

Ofertada em navalha de dois gumes

No caminho encontrarás alguns costumes

A viagem tem uma parte que é lenda.

 

Eu caminho embora esquálida consciente

Manejo meu barco com a fragilidade das mãos

Para não perder o gingado abolí a ilusão

Por isso suporto as dores que entrego aos afluentes.

 

Sou passageira emancipada pelo sol

Dona de sonhos maculados no espírito

O meu amor é atemporal e infinito.

 

Eu faço votos que o universo se liberte

Das ilusões que contamina os girassóis

Por isso canto quando a alma se inquieta.

 

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Livramento

Eu nunca pisei em terras desconhecidas

Mas aprendi alguns legados em cada curva

Minha alma é como gaivota em bruma

Alça voo mesmo em dias de despedida.

 

E viaja a céu aberto nas madrugadas

De asas aladas em sintonia com a imensidão

Entrega-se a brisa que acalanta o coração

E recebe a paz da natureza tão esperada.

 

Por imaginar ser uma gaivota me liberto

Reajo às dores e posiciono-me no altar

É minha maneira de amenizar o caminhar

Suavizando a estrada em devaneios e alguns versos.

 

E só porque sinto a alma agradecida continuo

A céu aberto rodopiando pelo ar

Amarrarei essas mazelas frente ao mar

E voarei não mais me encontro num casulo.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Essência em Letras

Marcas redecoradas na alma

De uma passagem soturna

Deste ser que deságua

Em mares de intensa secura.

 

Vozes gravadas no intimo

De uma canção em sangria

Forjada perde o ritmo

Sedenta de paz e alegria.

 

Sonho levado com as águas

Distante tão longe do peito

Vazio que transborda e ressalva

A âncora de um mero sujeito.

 

Coragem amparada por dor

Escravo de mera existência

Jardim sem beleza e cor

Poesia bordando a essência.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Digressão

Peguei carona com a brisa

Voei além do alto mar

Senti as tramas da vida

Chorei até me encontrar.

 

Soltei algumas amarras

Alguns versos recitei

Botei os sonhos nas asas

No arco-íris me aninhei.

 

Pincelei dias em tela

Escrevi poesias

Desenhei flores belas

Transformei melodia.

 

Senti a terra e o céu

Sobrevoando o mar

Com lábios doce de mel

E minha alma a bailar.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…

Argumento

Por que escrevo?

Ah! Escrevo almejando libertar a alma

Aliviar tempestades

Restaurar sentimentos

Regurgitar alguns monstros

Que se encontram por dentro.

Escrevo palavras doridas

Versos destruídos

Rimas naufragadas

Textos de lamento

Com tintas de tormento.

Escrevo para o sol

Escrevo para lua

Escrevo para o universo

Que aos poucos perpetua

Escrevo sem um fim

Um pouquinho de mim

Se espalhando por aí.

Sandra Medina de Souza

Saiba mais…
CPP