Posts de Thiago Rodrigues (30)

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LIRAS E TROVAS

Por que entraste de novo em minha vida,

Na palidez da tarde que viceja,

A merencória nota esquecida,

De uma canção que o peito lacrimeja...

 

São violinos, harpas, ensombrecida 

Uma cantiga de um astro que voeja,

Na lividez da bruma esmaecida,

Com teu semblante lívido que alveja.

 

Pra ser sincero, olhando o meu passado,

Aqui sozinho, hoje, rememorando,

Feliz me deixa o dia enevoado...

 

E nessas névoas que o luar encovas,

Vejo o teu vulto indo caminhando 

Numa estrada de liras e de trovas...

 

Thiago Rodrigues 

 

 

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REMINISCÊNCIAS AO LUAR

Uma flor mais outra tombando da haste,

E o luar de outrora que tu já viste,

No caminho que agora palmilhaste,

Com pétalas vermelhas lhe cobriste.

 

A face calma de quem já pranteaste,

Pelas dores que na vida esparziste,

E pétala mais pétala tombaste 

D'alma pois o tempo atro vos feriste. 

 

Senhora benfazeja das olheiras,

A mão que alva tocaste os espinhos 

Também sentiste a seda das roseiras...

 

E em meio à sombras, brumas e nuanças,

Serenos levam-te esses caminhos 

Ao bosque solitário das lembranças...

 

Thiago Rodrigues 

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FORMOSA AMADA

Inclinam as flores ao teu encanto,

Quando passas rindo pelas veredas,

As aves entoam para ti um canto,

Sussurram os ventos nas alamedas...

 

O luar branco foste o teu manto,

E de pétalas cobriste e de sedas 

Tua alma nos dias de negro pranto,

Pelas estradas lúgubres e tredas...

 

Foram seguindo-te no céu que embaça,

Os astros pelos ermos inda vivos,

Com seus palores límpidos sem jaça...

 

Mas era tu que as flores enfeitavas,

Com teu semblante de olhos compassivos 

Quando andando por elas passeavas...

 

Thiago Rodrigues 

 

 

 

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O CORTEJO DAS FLORES

Das hastes, as flores, pendem, altivas,

Silentes sem mostrarem relutância,

Ante os olhos das almas compassivas,

Deixando pelos ares a fragrância...

 

Andam os ventos sobre as cercas vivas,

E eu que vivo a vagares nesta ânsia,

Trago as dores em meu peito inda vivas 

Como trazes, o luar, a rutilância.

 

Ó chuva que vais banhando as veredas,

Os postigos dos tempos tão distantes,

E os adros de floridas alamedas...

 

Foi caindo mansa que me encontrastes,

Andando em meio aos prados cintilantes 

Como as flores que pendiam de suas hastes.

 

Thiago Rodrigues 

 

 

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O poeta e os versos

Uma lembrança, mais outra e seguindo,

Quem há de ler os versos que aqui teces,

O vendaval das dores lhe ferindo,

Poeta dos versos que a noite ensombreces.

 

Por que à vida em liras ir abrindo,

Tudo que sentes a alma que feneces,

Se vosso pranto em um bosque infindo 

Pendes e novamente refloresces.

 

Só tu que és desse canto eterno o ouvinte,

E vai de horto em horto como um pedinte,

Anoiteceu nas sendas de jasmim...

 

Sabes, em meio às brumas de um ocaso,

Que nesta vida tudo tem um prazo,

Seguimos todos para o mesmo fim.

 

Thiago Rodrigues 

 

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Na noite solitária

Noite egrégia, os ventos uivavam,

E nas galharias, sobre as moradas,

Em bando as lembranças desfilavam 

Trajando o alvor das ermas madrugadas.

 

De asas brancas pelo ar pairavam,

Ai melancolias de encruzilhadas...

Somente astros pelo céu brilhavam 

Debruçados por sobre as estradas.

 

Iam comigo os tempos remotos,

No caminho das árias esquecidas,

Cobertos pelas pétalas de lótus...

 

Lembrei dos sonhos serenos de outrora,

E era belo ver-lhes sobre as ermidas 

Florindo no crepúsculo da aurora.

 

Thiago Rodrigues 

 

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Quaresmeira em névoas

A velha quaresmeira florescera,

Em frente do postigo à luz de vela,

Um buquê de flores roxas tecera

A quem lhe contemplara da janela.

 

À sombra desta árvore emudecera,

A minh'alma vetusta e singela,

Melodia do amor aparecera,

Do amor, a melodia, é tão bela.

 

Meus sonhos iam pelo céu esparsos,

Seguindo os rastros de luares garços,

De luas de cortejos merencórios...

 

E lá ficaste na alva derradeira,

Em névoas, a velha quaresmeira,

Florindo em caminhos ilusórios...

 

Thiago Rodrigues 

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Dois De Novembro

Na amplidão célica o que procuras,

Tu que tens o olhar vago de chorares,

Quando o céu de asas se veste fulguras,

Da saudade os místicos luares.

 

De finados, o dia que perduras,

Tem lágrimas de chuva pelos ares...

Quantos desertos, quantas sepulturas,

Tem cada peito aqui a caminhares.

 

Um que partiu, que há de partir, e a morte 

Teu manto arrasta por essas veredas 

Como o vento as folhas para o norte.

 

São sempre fundos os olhares nossos:

Tu que vens no alvor ou em negras sedas,

Levai em paz um dia os meus ossos...

 

Thiago Rodrigues 

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Noite Fria

Ó vida que os luares acalenta,

Quem já vai perdido e sem prazeres,

Como a doce ária de uma flauta lenta,

Que nuanças para a alma vem trazeres.

 

Longe daqui, bem longe, sonolenta 

A saudade com véu d'entardeceres,

Seguindo numa estrada poeirenta,

Sem lírios e lilases pra colheres.

 

E na noite fria como uma gruta,

Um mocho que distante vai cantando,

E minh'alma de melancolia enluta...

 

Ai, um mocho seguindo a voejar,

Sob o alvor das brumas que vão andando 

Aclareadas pelo brilho do luar.

 

Thiago Rodrigues 

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Crepúsculos e Luares

E longos anos indo aqui vagando,

Que já murchaste a terna margarida,

Do sonho casto que foste pranteando,

Folha perdida nos vergéis da vida.

 

Ó minha amada um sino vai vibrando,

Sempre vibrando a lira entristecida,

Dos nossos passos indo caminhando,

Sempre a caminho da última guarida.

 

Crepúsculos e luares, luares 

E crepúsculos, ebúrneo sol poente,

Noite estrelada que encobre os algares.

 

E a vida, a repetires, tão tristonha,

Como um corvo que habita em nossa mente,

Ora chora, tu, ora ama, ora sonha...

 

Thiago Rodrigues 

 

 

 

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Na solitude dos ocasos vários...

Na solitude dos ocasos vários,

Senti no peito a dor da soledade,

Como um luar em trilhos solitários,

Nas medievas terras da saudade.

 

E num deserto eu via em sudários,

Essas imagens de alva claridade;

Da cor dos alvos lírios tumulários 

Que enfeitam-nos a branca mocidade.

 

Eram lamentos de espectros dolentes 

Dos tempos idos que vinham de outrora 

Na cor etérea de todos os poentes.

 

Acompanhar-me vinham com seus medos,

Esses fantasmas que vagam na aurora 

Sob o negror sombrio dos arvoredos...

 

Thiago Rodrigues 

 

 

 

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Essas manhãs de olhares nevoentos...

Essas manhãs de olhares nevoentos,

De flores pelo vento desfolhadas,

Têm vozes que me lembram sem lamentos,

Olheiras das auroras maceradas.

 

Essas manhãs que velam nos conventos,

As rosas dos jardins emolduradas 

Nas sedas dos auríferos momentos,

Tocadas por mãos pálidas, tocadas...

 

Elas já foram brancas e contritas,

Pelas brumas etéreas e benditas,

Nos caminhos de alguém que vos amava...

 

As pálpebras cerradas e dormentes,

Um dia, como vós, também frementes,

Deixaram de velar quem vos olhava...

 

Thiago Rodrigues 

 

 

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Os jardins noturnos têm lindas rosas...

Os jardins noturnos têm lindas rosas,

Veladas por luares tão tristíssimos,

Onde voejam calmas e silenciosas 

As névoas frias com seus véus alvíssimos.

 

Nesses jardins encontram-se formosas,

As lembranças de olores suavilíssimos,

As notas das sonatas dolorosas 

Que adejam pelos ermos antiquíssimos.

 

Encontram-se também nas madrugadas

O silêncio dos astros solitários 

E as almas pelas dores maceradas...

 

Têm lindas rosas os jardins noturnos:

A solidão que lembra os campanários 

E a mágoa dos olhares taciturnos...

 

Thiago Rodrigues 

 

 

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Cantochão das dores de um poeta

Das horas tristes a castelã voeja,

Eu que vago por bosques tenebrosos,

Uma ária merencória rumoreja,

Essas noites de olhares lacrimosos.

 

E mortas folhas que o vento corteja,

No caminho pisaste os lastimosos,

Como tu também que os páramos adeja,

Foram eles também tão tristurosos...

 

Sombras de mortos pelas catedrais,

Na solidão d'alcova em que me abrigo 

Vinde escutar meus prantos e meus ais...

 

Na bela tarde de cores repleta,

Vinde, enquanto não cala o jazigo 

O cantochão das dores de um poeta.

 

Thiago Rodrigues 

 

 

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O Cortejo

Quero olhar-vos com olhos de pureza,

Na solitária ermida sem altares,

Quero velar o céu e sem tristeza 

A face ver dos místicos luares.

 

Pela estrada deserta a certeza 

De que uma noite ireis a caminhares,

Longe da voz blasfema da impureza,

Dos invernais castelos dos pesares.

 

Da névoa que envolve os corações 

E torna-os como sinos solitários 

A plangerem tristes tuas canções...

 

Longe dos olhos maus sem um lampejo,

Na paz da aurora, dos ocasos vários,

Vendo andares das folhas o cortejo...

 

Thiago Rodrigues 

 

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Cantam os pássaros sobre os mosteiros...

 

Cantam os pássaros sobre os mosteiros,

A melodia virente d'alvorada,

Ando colhendo sonhos nos outeiros,

O céu é uma turquesa iluminada...

 

Tantas flores que jazem nos canteiros

Sem mais verem sombras da madrugada,

E com elas tem quem sinta os cheiros 

De antanho numa pétala fanada.

 

Seguem as almas de olhos macilentos

Contemplando pela noite afora

A lua dos caminhos nevoentos...

 

Mas a minh'alma que tem dobres e árias,

Lembrando as velhas cenas de outrora

Vaga como essas almas solitárias...

 

Thiago Rodrigues 

 

Saiba mais…

Eu sei que em noites quentes viceja...

Eu sei que em noites quentes viceja 

A saudade, e que nas sendas floridas,

Uma lembrança do passado adeja 

Trajando o luto de horas fenecidas.

 

Seguimos sem saber quem lacrimeja,

Como essas brumas pelo céu perdidas,

E a tarde que nos olha benfazeja

Suaviza-nos do peito as feridas.

 

Sem saber onde a morte nos espera,

Deitamos no inverno d'amargura 

Esperando o florir da primavera...

 

Talvez o céu de brumas e poeira,

Antes de termos nossa cova escura

Nos seja a lembrança derradeira...

 

Thiago Rodrigues 

 

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Pétalas ao vento

A dama de negro cobriu-me a fronte,

Horas passadas sem veres de um astro

O brilho ressurgir no amplo horizonte,

Das trevas, o espectro, seguia-me o rastro.

 

Horas passadas num ermo, distante 

Desses olhares e do lírio casto,

Assombra-me na noite e no levante,

Fantasma de pensamento nefasto.

 

Lembram auroras mortas, redolentes 

As pétalas ao vento mortalhadas 

Perdidas em auríferos poentes...

 

Minhas lembranças hoje pude vê-las,

Como essas almas indo maceradas 

Sob o clarão febril de três estrelas.

 

Thiago Rodrigues 

Saiba mais…

Pelas noites sem lua vou seguindo...

Pelas noites sem lua vou seguindo,

Olhar distante, aroma de jasmim,

E vou olhando meu sonho reflorindo,

Pela das dores estrada sem fim.

 

Na soturnez da noite vem surgindo,

Tua imagem com lábios de carmim;

Feito uma rosa mística se abrindo 

Numa saudade que há dentro de mim.

 

Engrinaldaste o peito com nuanças,

Essa imagem de goivos e verbenas,

No peristilo sacro das lembranças...

 

Tu que já me ouviste indo pela rua,

Chorando no caminho as minhas penas,

Seguindo por essas noites sem lua...

 

Thiago Rodrigues 

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Versos D'outrora V - Soturna Lua

E quando passares por esta rua,

Recamada pelas cores do outono,

Onde vaga só tu, soturna lua,

Nesses prados ermos do eterno sono.

 

Em meu peito morrerão calados,

Oh sonhos que cantastes nesta vida!

Só a ária da saudade nesses prados 

Ecoando numa lápide esquecida.

 

Trazem a solidão de um velho sino,

Essas folhas vibrando em meu destino,

Essas que outrora cobriam essa rua...

 

Recamada pelas vestes do outono,

Nesses prados ermos do eterno sono,

Onde vaga só tu, soturna lua...

 

Thiago Rodrigues 

Saiba mais…
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