Quando o dia acaba e a noite chega,
você me tortura quando me empareda,
querendo que eu seja, inteiro e escravo,
das tuas taras com que me agravo.
Você me pega na cama — é uma loucura,
arranca minhas roupas, joga no chão,
trepa em meu corpo e diz: "Sou moça pura",
e eu, apavorado, magoo teu coração.
O que eu faço? Não sei, mas me entrego.
É amor? Talvez. Só sei que me apego
e curto essa doidura que balança o ego.
Peço perdão por ser tão sacrílego.
Quando a noite acaba e o sol clareia o dia,
todo meu corpo exausto se sente morto.
Olho você na cama, em calma e calmaria,
levanto e vou pro trampo... completamente torto.
Alexandre Montalvan