Lua... faça nascer em mim o calor do pecado,
faça-me sentir o furor da paixão.
Meta-me os cornos, que eu me sinta culpado —
quero desfrutar o sabor da desilusão.
Tire minha alma deste triste mar gelado,
todos os meus sentidos imploram por sonhar,
pois todos os sonhos são fugazes e alados,
e eu nunca, na vida, aprendi a voar.
Da vidraça eu te vejo — sou apenas um vidro,
evitando sonhar, temendo se instintivo,
estático e parado, apenas olhando a vida,
e na ausência de emoção, buscar uma saída.
Lua, faça de mim uma pedra a rolar,
por um desfiladeiro áspero e infinito.
Transforme as minhas lágrimas de chorar,
em puro som — do meu último grito.
Alexandre Montalvan