Posts de Alexandre Montalvan (728)

Classificar por

Meu Primeiro Amor

Era um olhar, uma emoção,
depois de um tempo era o beijo
e aquele suor nas mãos,
a alma incendiando de desejo.
Na inocência do amor primeiro,
o coração batia ligeiro,
um sentimento em explosão.

Dançávamos músicas lentas
ao som de Je t'aime… moi non plus,
na pureza rebelde dos anos setenta,
uma onda feliz e embriagante
que, como ouro, ainda reluz.

Íamos passear no parque,
sentar na roda-gigante,
ouvindo Chico Buarque
como dois pombinhos amantes.

Você, meu amor primeiro,
não estás mais perto de mim.
És um sonho em um nevoeiro,
rosa escondida em um jardim.
Quanta saudade tua,
quanto tempo faz…
Eu já nem lembro mais.

Mas eu ainda posso sentir,
meu caríssimo leitor,
a louca e imensa emoção
do meu primeiro amor
e a dor desta saudade
que invade meu coração.

Alexandre

Saiba mais…

Pombas Brancas

São como pombas brancas
e surgem à minha frente,
quando, de repente, desaparecem no ar;
cheias de mistérios, vão e vêm furtivamente,
pálidas, aladas, estão sempre a voar.

Um voo delicado e quase sempre indeciso,
quase um doce sorriso
de quem chega para ficar.
Eu estendo as mãos para tocar o paraíso,
mas, como as pombas brancas, elas desaparecem no ar.

Partem em uma ventania plena,
não é uma, são centenas,
cintilantes viajantes
a caminho do mar;
seguem rios adjacentes
e o sol no seu poente,
procurando a luz do luar.

São suaves e correm em névoas,
no sentir de uma pluma em vai-véns;
não têm peso em suas asas,
pombas brancas são como puras almas
que só quem ama tem.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Fome

Rasgava a carne com barra de aço;
era uma obra de arte, um Picasso.
Outro berrava sem entender nada;
seu sangue jorrava, outro dava risada.

A barriga aberta — tripas, vísceras
vermelhas, rosadas —
parecia alegre e saudável.
Eu pensei: isto aqui está mais para Dalí.

Seria mais salutar e provável.
Sangue escorria pelas frestas da mesa,
quase uma cachoeira densa, caudalosa.
Se é, assim seja — não havia defesa.

Era algo sem noção, uma cena espantosa;
talvez a fome trouxesse alucinação.
Chamei: — Garçom!

Ele trouxe o cardápio.
Fiquei na dúvida entre o bife malpassado
e o grelhado de cação!

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Nas Pupilas do Sol

Nas pupilas do sol de novembro,
um brilho intenso
de um ano que envelhece —
já é quase dezembro,
e brilha o sol no céu cinzento.

Com a maturidade que lhe confere o tempo,
toda a fantasia lúdica,
seus cabelos brancos
e toda a ironia neste teu olhar,
em contraste com seu sorriso franco.

É um velho barco a navegar,
quase chegando no porto,
já cansado deste mar
em calmaria;
em teu rosto, lágrimas a rolar:
um misto de tristeza e alegria.

Mas, para outrem, uma dor incontrolável
nesta hora:
nas mãos, acenando com um lenço,
um adeus e um triste coração
que chora.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Na Dimensão do Amor

Quando a morte chegar a mim
com seu hálito negro, sebento,
quero que as rosas do jardim
sejam todas lançadas ao vento.

Quero que o beijo da morte
leve-me para terras estranhas;
eu serei um viajante obscuro,
com tantas saudades tuas
a queimar as minhas entranhas.

E canta o vento, em complemento,
ele canta o início da jornada;
por ti, amor amado, meu corpo seria abençoado
na insensatez do que não é sagrado.

Molha o meu olhar mais uma vez,
que em água benta foi afogado;
e na minha boca, enquanto há lucidez,
ainda quero teus beijos apaixonados.

Não quero agora que digas nada,
quero ouvir apenas teu coração,
com meu rosto entre teus seios,
com teu corpo em minhas mãos.

Vou adentrar a fria madrugada;
posso sentir o frio no coração,
a palidez fazendo o seu traçado;
quero de ti um último beijo molhado,
que levarei comigo para outra dimensão.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Soneto surrealista: Que Porre!!!

Fogo queima flores na chuva,
Os gatos entram no buraco;
Ladram os cães na estrada suja,
E a noite brilhante eu destaco.

Papai Noel surge em meu quarto.
Será mesmo que voltei à infância?
Não! É um ladrão que rouba uma criança,
E eu que quase tive um infarto!

Veja, os meninos vestem rosa,
As meninas usam bigodes,
É quase overdose de eubiose.

Expulsam a sala do bode,
Mas quem não se sacode, pode.
Eu vou tomar mais uma dose.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Minha Alegria

Não peças a mim que sorria,
não me peças alegria:
minh’alma, já tão doentia,

alegra-se na ausência,
ou no som da ventania
que principia a tempestade,
ou na dor de uma saudade
que judia...

Não peças que me encontre:
deleito-me na procura.

Meu andar na noite escura
inebri­-a-me e encanta.
Se eu fosse uma planta,

eu apenas
murcharia...
para olhar
o chão.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Despertar Abusivo (soneto)

Veja! Isto é o que sou
Face o tempo que vivo
Marcas que ele deixou
Neste despertar abusivo

E tudo que havia morreu
Restam expressões do mundo
Tantas, que a verdade se perdeu.
E elas mudam a cada segundo

Maldito mundo podre e imundo
Que roubou minha unidade
Destruindo todas as verdades

Agora a verdade nasce morta
Como tudo em mim morreu. Oh Deus!
Piedade, pois o assassino sou eu

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Sou um Mar

Não há sons entre as palavras,
mas somente um ser perdido;
nem no caminhar de uma larva,
somente algo há muito esquecido.

E sofro os piores arrepios do mundo,
entre meus medos, desejos e sons;
eu não respondo e ainda pergunto:
serão estes arrepios ruins ou bons?

Mas não existe nenhuma resposta, e o
mar continua lá, ora calmo, ora bravio;
e eu continuo neste imenso vazio,
triste por viver esta vida de bosta.

Mas sei que a tempestade é apenas vento
que despenteia meus cabelos descoloridos;
meu engano é viver no mundo esquecendo
que eu sou o mar que pensa o pensamento
e não um ser pelo mundo...destorcido..

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Entre o Silêncio e o Vento

Há um eco que me chama
no fundo do tempo,
um murmúrio de estrelas cansadas,
um soluço do vento.

Trago nos olhos o brilho
de uma saudade sem nome,
e nas mãos o pó dos dias
que o esquecimento consome.

Sou feito de sombras e auroras,
de anjos que perderam o rumo,
de versos que nascem aflitos
entre o amor e o prumo.

Mas ainda creio na ternura,
mesmo que o mundo desabe,
pois há em mim — na loucura —
um fio de luz que não cabe.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Insanidade

Pelas frestas desta frase desconexa,
vejo sonhos... vejo tombos... vejo flores,
em um tempo lento — lento como o vento —,
e uma noite escura e vazia.

Encobria toda a magia da vida,
seus encantos e alegrias;
e era apenas o que fazia,
como se o hoje fosse apenas fantasia.

E assim ia, sem eira nem beira,
como um livro velho, de qualquer maneira,
apenas uma sombra escura.

Mas havia — havia em seu olhar certa candura —,
como fossem raios de insanidade
na alma pura.

alexandre Montalvan

Saiba mais…

Pobre Menina Pobre

Pobre menina pobre, que de seu leve sono acorda.
É uma brisa que lhe toca as orelhas,
o sussurrar do vento nas telhas,
é o leve bater da porta.

Vejo em seu rosto um assombro esvaído,
no toque do travesseiro de espuma,
e seu sono, que era só uma pluma,
à procura de um sonho
vivido.

Já não lhe fere o seu desencanto;
ela não quer contar ovelhas,
talvez apenas queira
ouvir o vento entoar o seu canto.

Vejo nos seus olhos uma noite desfigurada,
em um sono que não mais importa.
Será o zunir dos vendavais
em sua porta;
a verdade é que nada a conforta.

Pois seu azul virou cinza
na refração da água estagnada.
Não há nem o sono da madrugada —
é só mais um sonho
que nem começa e já finda.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Amo a Loucura

Te vejo na realidade do vento,
do cheiro de coento,
nos contornos suaves como a seda,
no caminho de floridas veredas.

À noite, serei a sombra que a persegue,
estar tão perto para sentir tua emoção;
tocarei na tua verdade macia e entregue,
com o fogo doentio da minha mão.

Te quero em carne e em tudo que fluir de ti,
na chama luminosa como a vida;
ilumina a minha noite, cintilante rubi,
és esperança que transcende minha alma dolorida.

No meu eu, ao ser eu e ao ser sonho,
trago a poesia no amor que desconheço;
talvez, para muitos, sou apenas bisonho,
amo a loucura entre seu final e seu começo.

Alexandre Montalvan


Saiba mais…

Um Vampiro Apaixonado

De todos os amores,
este é o mais prometente;
talvez exagere um pouco —
se for, é um pouco somente.

Era uma vez um vampiro louco,
em noite de grande lua,
com tremenda fome de sangue,
andando a esmo pela rua.

Na solidão deste instante,
encontrou, sentada na escada,
uma moça enleante,
no início da madrugada.

E, com olhos verdes-oliva,
a fitou do cabo ao rabo;
foi parando, extasiado,
com tamanha belezura.

A moça estava carente,
era de extrema candura;
um furor louco e apaixonado
invadiu aquele instante.

Um frenesi, um desatino,
no fogaréu louco do fascínio,
determinou o destino
desse amor tão urgente.

Um vampiro e uma humana,
o efêmero e o eterno,
num amor que não engana,
na contramão do moderno.

E voando foram os dois,
abraçados perpetuamente,
rumo ao infinito —
viver aquele amor ardente.

E, muitos anos depois,
quando eu olho o horizonte,
vejo sempre aqueles dois,
na decadência do imaginário,
amando-se eternamente.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Sem Você

13761591859?profile=RESIZE_180x180

Há dias que
traz-me, e te vejo triste,
sem teu lindo sorriso que é tão peculiar;
é teu universo que você prendeu,
solta-o, pois o teu sorriso
foi feito para iluminar.

Há dias que
traz-me todo este negrume,
mas teu vazio não foi Deus que deu;
lute e resiste, senão ele pode te maltratar.
Espalha pela vida o aroma que é teu
e solta teu perfume para que se possa aspirar.

Há dias que
chora neste corpo que habito,
e a dor explode no meu peito por inteiro.
Choro a dor da tua tristeza,
a ausência de teu sorriso,
que me faz partido ao meio.

Há dias que
traz-me o fogo à minha pele,
do amor que é só saudade,
das coisas que você me trazia.
Eu não minto, é verdade,
sem nenhuma ironia.

E agora, quem chora sou eu!

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Sentia-se

Sentia-se:
era chegada a hora!

Com as mãos,
segurou uma onda na praia,
mas o tempo escorria a cada respiração
de seu pulmão.

Era impossível suportar,
e deixou que a onda da praia
caísse ao chão.

Com seu olhar,
fez o sol acender e apagar —
havia luz e a mais completa escuridão.

Estes pesadelos eram feitos
de terra, sol e mar;
só o luar tinha por ele compaixão.

Viver assim
era viver numa prisão.

Na fronteira da loucura, ele esteve,
sentiu em suas entranhas a desolação,
desceu a estrada escura, forrada de neve —
neste cenário de tragédia e beleza,
não haveria compaixão.

Sentia-se que todos aqueles
que um dia haviam perdido parentes —
um filho, um tio, um pai, uma mãe —
sentiam-se, assim como ele,
perdidos na eterna imensidão.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Redenção

Eu quero ser uma tempestade,
pelo menos enquanto durar um sonho,
um irreal enredo,
desligar a realidade
e afastar todos os meus medos.

Eu quero explodir em palavras,
pelo menos enquanto for fato;
tratá-la como um brinquedo,
e, se agir como um rato,
é por não conhecer os seus segredos.

Eu quero olhar para o mundo,
mas sem poder, com meus olhos, vê-lo.
O mundo é cheio de faces,
é inútil querer entendê-lo
com o olhar de quem o enxergasse.

Eu quero a felicidade
que eu não encontro onde a quero.
Por isso então eu sonho,
mas nunca é como eu espero:
sou um covarde, um bisonho;
na escola da vida, eu vou tirar zero.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Morrer por Amor

Nas dores deste abandono,
entre mágoas e sofrimentos,
na angústia deste momento,
pois sem você eu desmorono.

Meu espírito vagueia sozinho,
sem você ao meu lado,
tão triste em estranho caminho,
entre uivos e seres alados.

O mundo está vazio,
sem o calor da tua voz,
neste mar gelado e tão frio,
em ondas disformes e sutis:
a realidade é tão atroz.

Eu ando nesta floresta escura,
sem destino, à tua procura.
Tua ausência é meu martírio,
é minha dor e o meu delírio.

É o meu final que está tão perto,
nesta lápide tão fria,
em meio aos ventos do deserto
e um amor que me fez feliz um dia.

alexandre montalvan

Saiba mais…

O Voar da Borboleta

Há sangue nas mãos da minha caneta,
escrever palavras às quais me oponho,
uma densidade que me tira o sono,
quero desfazer esta feroz treta.

Translado a alma jogada na sarjeta,
para eu, confessar o que não falo,
ao tocar minha mão na tua boceta,
e a ereção incontida do meu falo.

Esta entrega emocional é uma faceta,
de um ser que se oprime neste sonho,
como posso compreender este meu tono,
colocado no papel com tinta preta

Não há prazer neste poema falho,
que me nasce azedo nesta sarjeta,
como uma árvore sem seus galhos,
ou o voar estático da borboleta.

Alexandre Montalvan

Saiba mais…

Tempo para o Amor

Quando há tempo para o amor,
o sonho perde a sua virgindade,
o corpo resplandece em suavidade,
e o renascimento surge onde for.

Vivi meu corpo pensando em outro,
todas as noites sonhando com isso;
somente assim percebo que existo,
com meus braços em um mar revolto.

Abracei tua sombra nas paredes da casa,
com meu corpo entorpecido em enganos;
eu atravessei por você mil oceanos,
mesmo tendo perdido as minhas asas.

Do êxtase, afundei em desencantos;
da imaginação à dura realidade,
tropecei em cada canto da cidade,
encharquei mil lençóis em prantos.

Hoje, eu sinto que sou apenas uma imagem,
nas flores que murcham na minha janela,
escrevendo nas areias tantas bobagens,
e me perdendo em lágrimas de amor por ela.

Alexamdre

Saiba mais…
CPP