Fecunda-se o dia em madeixas de luz quase eterna
Polvilha-se o olhar que desliza por obséquio
Ao longo do caule deste tempo submisso
Prolóquio da solidão aqui calendarizada e remissa
Procuro decifrar as formas digitais do tempo
Enquanto joeiro a solidão
De Pernas Pro Ar
Não preciso fazer nada
Posso ficar aqui deitada
Com as pernas pro ar.
Nesta vida indolente
Faço cara de inocente
E deixo o tempo passar.
Ele não passa
Segue lento
Não me aguento
Como cansa descansar!
Mas não tenho outra
Já não a reconheço,
onde está aquela menina,
que de amar tinha medo,
e sua beleza encobria...
Aquela cheia de timidez,
que um olhar a desconcertava,
e sempre usou a sensatez,
mesmo com quem a magoava...
Aquela toda emotiva,
LÁ VEM O TREM!
Lá vem o trem apitando avisando da sua
chegada. Próxima estação.
Quantas esperanças podem estar trazendo
em sua bagagem?
Quantos desejos de reencontro?
Quantas ilusões muitas vezes perdidas
pelo caminho?
Lá vai o trem levando
Túrgida desperta a manhã velando a
Quietude que veste o semblante de todas
As carícias tão estimulantes, encharcando
A flocosa luz que irradia tanta euforia jubilante
Os sabores perfumados da manhã despontam deglutindo
Cada gargalhada tatuando
Escuridão
As luzes que clareiam minha mente
Às vezes se apagam de repente
E tudo é escuridão.
Sigo tateando pelas paredes
Tropeço e caio, me enredo em redes
Fico presa a pensamentos vãos.
Neste escuro intenso
Não sei quem sou nem o que penso
Nem o que faço
