O menino que não sabia ler

Um menino transitava no meio da multidão apressada, agitada e “solitária”. Tinha por volta dos seus seis a sete anos de idade: moreno, roupa velha e suja; parecia querer vender algo às pessoas e parecia ser a última unidade. Os abordados apenas balançavam a cabeça negativamente, uns nem olhavam para o menino, outros se afastavam amedrontados.   Eu, de longe, observava. A cena se passava na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília. Perto dali, no Ministério da educação, acontecia uma reunião sobre a melhoraria da educação no Brasil, principalmente para as regiões desfavorecidas economicamente. Depois de umas dezenas de pessoas, uma senhora se prontificou a tomar o objeto que o menino oferecia. Ambos sentaram em um banco, aproximei-me e sentei ao lado de ambos. O objeto se tratava de um livro, era a historia do patinho feio: cheio de figuras, bem colorido. A mulher aparentava ter uns setenta anos, cabelos bagunçados pelo vento, olhar meigo, carinhosa; conversava sempre olhando para o menino que não tirava os olhos vivos e curiosos das páginas do livro.

Percebi que a mulher só passava os olhos pelas páginas, não lia. Achei estranho. Mas era uma boa atriz e o menino estava mais que certo que tudo o que ela dizia estava escrito nas páginas. Quem passava pelo local podia jurar que eram vó e neto. O menino fazia perguntas e ela docemente respondia. Terminada a leitura, o menino tomou de volta o livro, pôs debaixo do braço, deu-lhe um abraço forte, agradeceu e foi embora emocionado. Ela ficou sentada enquanto o menino desaparecia na multidão. Aproximei-me mais ainda da senhora, disse:

— Que coisa maravilhosa a senhora fez...

— Como?! — Disse carinhosamente.

— Seu gesto de ler para o menino, foi estupendo.

— Ah, sim! O menino pediu para que eu lesse para ele, pois não sabia ler. O fato é que também não sei ler.

— O quê? E como leu a história?

— Não li, já conhecia a história, e como o livro têm várias figuras, ia contando de acordo com os desenhos. 

                                                                                                                    Assis Silva

Minhas Atividades

Margarida Maria Madruga commented on Assis Silva's blog post Velando
"Velando o sonho com muita expressividade."
Mar 1
JULIO CESAR BRIDON DOS SANTOS commented on Assis Silva's blog post Velando
"Oi Assis Silva:
Um texto muito bem definido, versando nos versos o caminho da fantasia.
Somos o que…"
Fev 26
Márcia Aparecida Mancebo commented on Assis Silva's blog post Velando
"Sublime poetar.... Parabéns!
DESTACADO "
Fev 25
Lilian Ferraz commented on Assis Silva's blog post Velando
"Delicadíssima poesia de amor.🌷"
Fev 25
Joao Carreira Poeta commented on Assis Silva's blog post Velando
"Bom dia Assis: —
Parabéns pelo texto
Um forte abraço
#JoãoCarreiraPoeta."
Fev 25
Assis Silva posted a blog post
Eu te observo a dormir, amada;e dormes lindamente!Respiração tranquila,lábios semicerrados.Sonhas,…
Fev 24
Margarida Maria Madruga commented on Assis Silva's blog post Paixão avassaladora
"Trágico. Bom texto, Assis."
Fev 16
Lilian Ferraz commented on Assis Silva's blog post Paixão avassaladora
"Brevissimo enredo de amor. Bravissimo!"
Fev 16
Assis Silva e Arthur Santos agora são amigos
Fev 16
Assis Silva commented on Assis Silva's blog post Paixão avassaladora
"Bom dia, João!
Eu li algumas histórias de Nelson Rodrigues. Li também "O casamento". Inspiro-me,…"
Fev 16
Assis Silva commented on Assis Silva's blog post Paixão avassaladora
"Bom dia, Arthur! 
Esse verso se fez presente enquanto escrevia. 
Obrigado por seu comentário."
Fev 16
Joao Carreira Poeta commented on Assis Silva's blog post Paixão avassaladora
"Bom dia poeta Assis: —
Gostei muitíssimo, mas bem trágico até parece que você lê bastante um dos…"
Fev 16
Arthur Santos commented on Assis Silva's blog post Paixão avassaladora
""O amor é eterno enquanto dura" :) Belo poema de humor."
Fev 15
Assis Silva posted a blog post
Apaixonou-se sexta-feira à noite.Namorou no sábado.No domingo se casou.Segunda-feira veio o…
Fev 15
JULIO CESAR BRIDON DOS SANTOS commented on Assis Silva's blog post A chuva da madrugada
"Um sentimental poema que nos mostra o valor que o poeta, ao versejar, sempre tem.
PARABÉNS…"
19 de Ago de 2023
Margarida Maria Madruga commented on Assis Silva's blog post A chuva da madrugada
"Amável, Assis."
19 de Ago de 2023
Mais…

Comentarios

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Os comentários estão fechados.

Comentários

This reply was deleted.

Sobre Mim

Aniversário:

Outubro 15


1) Qual o teu nome completo?

Francisco de Assis Costa da Silva


3) Data de nascimento (não é necessário o ano)

15/11/1991


4) Local de residência (Cidade, Estado e País)

Brasília-Distrito Federal-Brasil


5) Mini Currículo (trabalho, experiências, gostos e ou preferências, família, produção poético-literária...).

Trabalho: Assistente administrativo na Lennox Brasil; escritor freelance, poeta. Publicações: Anunciar com alegria, Revista a Ponte (Porto Algre-RS, 2014); Coletânea Assis Silva e outros autores, editora Palavra é Arte (Brodowski-SP, 2016); Prosa Poética, editora Viseu (Maringá-PR, 2017).


6) Quem o/a indicou para a Casa dos Poetas e da Poesia (ou como ficou sabendo desta)?

Edith Lobato


8) Está ciente que poesias sensuais (caso as tenha), devem ser postadas no grupo de Literatura erótica?

Sim


9) Concorda em participar e interagir conforme possa, com outros membros nas atividades da Casa?

Sim


11) Está ciente que NÃO DEVE POSTAR mais que 2 (duas) postagens por dia no Blog Geral?

Sim


12) Caso possua, deixe o link do Facebook, Recanto das Letras ou de outro site onde possamos saber mais de você.

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=184210


13) Caso seja poeta ou escritor, publique aqui, uma poesia ou texto de tua autoria.

Ir e vir na vida Seguimos...seguimos. Mas, melhor que sempre seguir é ter para onde voltar; um voltar que é ir, um ir que é voltar. Sabemos o quão foi bom até aqui, em nossa vida, pelo número de saudades que temos. Liberdade de expressão O poeta poetizou O que para alguns não era para poetizar Foi xingado, perseguido E obrigado a revogar. O pintor pintou O que para alguns não é para pintar Foi xingado, perseguido E obrigado a borrar. O padre pregou O que para alguns não era para pregar Foi xingado, perseguido e obrigado a calar. O artista criou O que para alguns não podia criar foi xingado, perseguido e obrigado a apagar. O povo falou Este que era alguns Que se postava a criticar Também foi xingado, perseguido E obrigado a se ignorar.


Conquistas


Pontos ganhos: 4700
Recebido:
16 de Abr de 2020
Recebido:
16 de Ago de 2023
Recebido:
16 de Ago de 2023
Recebido:
16 de Ago de 2023
CPP