O Meu Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Tão triste, tão vago, tão magro,
Nem estes olhos tão longes,
Nem o sorriso tão amargo.
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Não consigo bradar o meu peito,
Que por frieza, engano e distancia,
Morre, mirra, imperfeito,
Como a fome de uma criança.
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Eu não dei por esta mudança,
Tão cegas estão as minhas rugas,
No espelho, ficam as lembranças,
No tempo, as palavras mudas.
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Compreendi que os amigos que fiz,
Não me fizeram nada, além de inquietude,
Não me cantaram como ser feliz,
Nem nos seus corações eu coube.
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Antes que as mágoas me façam sangrar,
Nestes versos eu choro em palavras,
Em pranto fica todo o meu pomar,
Desertas ficam as minhas lavras.
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Cristina Ivens Duarte-03/03/2020