Posts de Edith Lobato (90)

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Vestígios

 

Silêncio! É madrugada e, sobre a mesa,
repousa ali, tristonha, abandonada,
a minha poesia inacabada
igual mendiga em meio a grã pobreza

E lá pelas entranhas, dor tristeza,
instiga a inspiração já começada,
ainda que sem rima burilada,
a poesia nasce sem beleza.

A mão que doma a pena e que a conduz,
assim, bem devagar, com sutileza
já não mais se contém sobre o papel.

Distante, a tua imagem me seduz!
E nasce um verso e outro com firmeza,
na ponta delicada de um pincel.

Edith Lobato 

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Descaminhos

Descaminhos

Há tanto tempo quando lado a lado,
nós dois andamos no mesmo caminho,
fizemos planos, mas hoje é passado,
já não dormimos sobre o mesmo linho.

Não temos mais um beijo prolongado,
e nem abraços ou qualquer carinho,
nesse universo, enfim tão desbotado,
os dias todos vão-se em desalinho.

Eu sei que já não posso perder tempo,
e sei que demais tempo foi-se embora,
levando a juventude que eu tinha.

Não quero mais perder-me em contratempo,
e assim procuro a luz que ainda enflora,
o meu viver restante, a vinda minha.

Edith Lobato 

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Páginas tristes

Páginas tristes

Um dia me olhei numa curva da vida
e a vida pesou sobre a alma cansada.
A dor veio forte na face abatida,
e ali me senti tão vazia e sem nada.

O vento secou minha face dorida,
e em pleno galope à memória passada,
revi cada cena e cada partida,
nas páginas tristes da minha jornada.

Por ruas e becos e cada avenida,
soltei minha rédea num alto galope,
tirando de mim a tristeza voraz.

Agora mais leve retorno e aguerrida,
embalo as lembranças num só envelope,
e sigo o caminho sem ir-me lá atrás.

Edith Lobato – 07/12/20

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Ouvinte da vida

Ouvinte da vida

Sendo do mar da vida um atento ouvinte,
vou olhando a natureza com cuidado,
ouço as ondas, uma e outra e a seguinte,
ao baterem no rochedo enrugado.

Ouço o vento assoviando na colina,
o despertar do passaredo quando acorda
o cantar de um galo que não desafina,
e até a cachoeira que transborda.

Ouço o choro do bebê recém-nascido,
e a cantiga de ninar da jovem-mãe,
Ouço a vida indo sem me ter pedido,
cada dia no espelho de mamãe.

Edith Lobato - 11/04/19

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Catástrofe

Catástrofe

No meio da escuridão,
um grito ecoou nos ares;
e gente com celulares,
trombavam de sopetão.
No auge da confusão,
o povo então corria
um cão labrador latia,
e a água tomando conta,
da rua de ponta a ponta,
tristeza é o que só se via.

Edith Lobato - 08/01/19

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Amor

Amor

                                         Mote
                                         Amor, que em meu pensamento
                                         com tanta fé se fundou.
                                                       [Luiz de Camões]

Quando a tarde vai morrendo,
no cantar do bem-te-vi;
tantas vezes penso em ti,
e as lembranças vão nescendo,
feito as águas escorrendo
da fonte que transbordou.
A distância não matou,
esse nobre sentimento;
Amor, que em meu pensamento,
com tanta fé se fundou.

Edith Lobato - 10/01/19

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Saudade

 

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Não quero que a saudade me domine,
deixando-me na foz de dor profunda.
Saudade se machuca o peito oprime,
e faz nascer nos olhos rio que inunda

Inunda o coração num breve instante,
qual rapidez de um raio pelos ares,
veloz como se fora um assantante,
roubando o ser em horas singulares.

Saudade tem raiz lá no passado,
e no presente é campo que minado,
nos faz senti vertigens na memória.

Se vem da falta do ser mais amado,
ou de um momento bom já repousado;
a vida sem saudade é sem história

Edith Lobato - 02/11/19

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Peregrino

 

Peregrino

Eu não gosto quando falam de presságio,
E nem creio em quem diz que é vaticino,
Não domino esse dom de salafrário,
E na vida eu sou mesmo é peregrino.

Sem emprego vou e volto, sempre, a pé,
Com a minha sacolinha sobre os ombros,
Não dou conta, eu sou romeiro e com José,
Pelos áditos da vida vejo escombros.

Tenho raiva de olhar tanta desgraça,
Que eu me sinto um ser fúfio, impotente,
Já não rio e meu semblante tão sem graça,
Não difere do semblante cabisbaixo dessa gente.

Eu prossigo e vou vivendo iniludível,
E não temo o amanhã, pois o meu norte,
É viver, porquanto isto, é imprescindível,
Até ao dia que eu me finde com a morte.

Edith Lobato - 03/02/19

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Encontro

Encontro

Longe de ti essa saudade é dolorida,
Esgarça a alma e quando explode a emoção,
Dentro do peito essa dor não tem medida,
Nenhum conforto traz ao pobre coração.

Esses fluídos que ao sol são transparentes,
São minhas lágrimas de amor cristalizadas;
Nas interpéries desses dias maldizentes,
Onde te encontro pelas minhas madrugadas.

O tempo, eu sei, tem uma face vil, marmórea,
E que exige o prosseguir da caminhada,
Mesmo que a alma constristada e merencória,
Queira chorar o mal de amor olhando o nada.

Cada lembrança envolve, sempre, o coração
Com uma ternura que ao tempo, recrudesce.
Parece ser inexplicável essa emoção
Que a alma sente feito um dia que amanhece.

Edith Lobato - 07/01/19

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Poesia

Poesia

Com sua doçura a nos envolver...
A poesia sempre fala ao coração,
Traz a voz de uma saudade a entreter,
E aflora, sempre, sempre a emoção.

Se de amor o verso fala, um querer,
Surge lá por dentro em meio a solidão,
As lembranças vem e sem poder conter,
Lá nos olhos chovem rios e ribeirão.

Se é de alegria o verso encanta a alma,
Vibra feito uma canção, feliz, feliz!
Pensamentos se debruçam e com calma,
Vão de novo, ante a pena, pedir bis.

A memória então se queda e firme avança,
E em conjecturas versos tormam forma.
No amor a inspiração jamais se cansa,
Tudo, enfim na poesia se transforma.

Edith Lobato - 1/01/19

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Poema eterno

Poema eterno

Quando anoitece e sozinha me encontro,
A voz da saudade me aluga com força
Imóvel o tempo, parece, reforça
Que só o amor vale tudo na vida
Na vida de quem Deus é tudo, é o centro.
A saudade é um quê de tempero do amor,
Ainda que sangre no peito uma dor,
Teu riso é paz onde encontro guarida.

Eu levo esta imagem qual bela gravura,
A mais preciosa do meu pensamento,
Aquela que é luz, meu perfeito alento,
Na rotina que traço no meu dia-a-dia.
Eu perco a razão, desatino em loucura,
E te busco lá fora num raio de lua
E nessa saudade que é minha e que é tua,
Me entrego ao fluir desta luz, fantasia.

Recordo de ti, tua tez tão macia,
O toque das mãos, tua força que amo,
O beijo que sonho, que peço e que clamo,
Na margem das águas, na areia tão branca
No embalo da brisa que terna assovia
Pr'almas que ali coraçao, coração,
Se sentem no céu da mais pura emoção
Vivendo a magia do amor que encanta.

Eu longe de ti sou um ser sem sossego,
Reviro as lonjuras planando nos ares,
Sem ser passarinho ou gaivota nos mares,
Contigo me encontro nos sonhos mais lindos.
Se longe de ti e do teu aconchego,
Eu sinto o vazio me batendo no rosto,
A dor da saudade e um certo desgosto,
Trotando minh'alma em luares infindos.

Oh! Deus do Universo, poder, majestade,
Conceda-me um dia o mais doce alento
Nos braços do amor o desejo sedento
De um beijo ardente, tão puro, e tão terno.
Um instante sublime nesta realidade,
Que hei de guardar na memória sem corte
Até que me abrace as garras da morte,
Mas viva este amor num poema eterno.

Edith Lobato - 19/02/16

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Tempo que esmaece

Tempo que esmaece

É noite em mim e o tempo me apavora.
Há dor cortando a alma e tudo em mim.
O tempo não me encanta e meu jardim,
não tem mais a fragrância lá de outrora.

Acordo, durmo e acordo, hora em hora,
e em cada despertar nenhum clarim,
assalta esse silêncio que devora,
o tédio deste quarto quase ao fim.

É duro ver só noite enquanto é dia,
e tatear em busca da alegria,
que se perdeu nas grutas da saudade.

Um riso vez em quando, mas vazia,
palmilho esse caminho em nostalgia,
olhando a vida que de mim se evade.

Edith Lobato - 16/09/18

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Ser feliz

Ser feliz

Ó deixa pra depois, vem sonhar a vida,
aproveitar o tempo se abrindo pra nós dois;
provar cada segundo e cada despedida,
olhando a bela cor dos lindos girassóis.

Correr feito criança no pomar de amora,
e sobre a grama seca, sentir o coração,
bater descompassado, eternizando a hora,
do beijo apaixonado, em fogo de paixão.

Ó vem que te darei amor sem recompensa,
com beijos e abraços e tudo o que quiseres;
fremente de desejos, a alma, então, suspensa,
do amor saboreando, todos os prazeres.

Ó deixa pra depois os afazeres tantos,
e vem sentir na derme a brisa ondulante,
em sensual carícia e escancarando encanto,
vem ser feliz, pois tudo é, sempre, um só instante.

Edith Lobato - 30/04/18

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Por amor

Por amor

De tanto amor não pude a morte suportar,
olhar tua partida, repentinamente;
e ver sem cor o céu no mundo a revelar,
a tua ausência em flor, indubitavelmente.

Sozinha agora estou, mas  quase a vacilar,
diante desta dor que pulsa tão latente,
se existe uma saída, preciso encontrar
pois morro cada dia em boca maldizente.
De tanto amor...

No lago da saudade, sem riso em meu olhar,
morreste mas estás comigo a caminhar,
te encontro em cada canto, indiscutivelmente.
Padecem meus irmãos e minha mãe também,
a fé é sua hóstia pulsando diariamente.
Se o mal se assoma, então, ela procura o bem
De tanto amor...

Edith Lobato - 08/07/18

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Passarinho encantado

 

Passarinho encantado

Se chora enquanto canta,
o passarinho encantado,
toda a natureza encanta,
esse seu cantar chorado.

Quando o homem lhe escuta,
pasma e fica admirado,
o seu ser em graça exulta,
também chora emocinado.

E o canto do passarinho,
corre o céu cortando os ares,
chora a fome e o descaminho,
e o amor em muitos lares.

Chora a seca do sertão,
e o boi que já morreu.
O berrante que o peão,
sem ter força, emudeceu.

Chora a terra esturricada,
e a tristeza da criança;
faz da fé sua brigada,
canta e sonha a esperança

Chora a Pátria governada,
por quem rouba em nossa cara,
jogo de carta marcada,
sobre a fé que a gente embala.

Edith Lobato

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CPP