Posts de Paulo Sérgio Rosseto (363)

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ADIVINHADOR

Soube que o poeta é um adivinhador do invisível
Revela um mundo que talvez nem há
Apalavra os suspiros os cheiros e as cores do ar
Desvenda mistérios que o olhar não alcança
Preconiza em versos
Fomenta a essência

Dizem que desvenda as facetas
Desafia o tempo que sempre tenta impactar
Solta as amarras díspares e os véus
E nos convida a enxergar além dos olhos seus

Mas o poeta retrata somente o que acontece
Por vezes apenas junta ingredientes
Faz as massas
Amassa-as

A poesia sim com precisa elegância as assa
E o coração se alimenta da saga
Que permanece

Todo o resto passa

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NÃO SOU PENSADOR

Não sou um pensador
Aliás as vãs coisas que penso não me acham em si
Riem-se de maneira absurda e voraz
Tão assaz e intensas são as suas asneiras
Volúveis ideias simplórios ideais

Certa vez pensei que pudesse deixar o amor
Sentado na soleira da porta vendo o tempo passar
Sem me esquecer de amar
Que pudesse guardar dos perigos das horas
Os clarinhos da lua sem que fossem embora
Que voltariam amanhã para os olhos ainda úmidos
Os sorrisos de cada lágrima que chora
Que as palavras que dissesse
Cerceassem dúvidas por verdade e mentiras

Ora envelheci na oficina dos versos montada no sótão
Do coração tentando produzir poemas como quem retira
Da toalha da mesa e dos amarrotados lençóis
As manchas prensadas da solidão que atordoa

Tudo que penso enfim esvai mas nunca aquieta
Deteriora quando a consciência me acorda
Apenas a teimosia perdura acometida da ilusão
De estar aprendendo a pensar poesia
Com olhares de poeta

 

PAULO SÉRGIO ROSSETO

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SÃO SOBERANAS AS PAIXÕES

São soberanas as paixões
Aos olhos vívidos dos apaixonados
Ainda que ridículos pareçam ser
Seus louvores seus pecados
Risíveis gestos inexplicáveis
As enamoradas inquietudes
Tornam-se efêmeras verdades
Que só o pensamento dirá eternas
Pois o tempo é uma brevidade
Do tamanho de qualquer frase
Que expresse ou reprima um sentimento
 
Onde foram guardadas as loucuras
Cometidas em nome dos amores
Encontram-se também os sabores amados
É como se déssemos refúgio aos sonhos
Que extrapolaram as próprias voltas
E mais longe bem mais longe se acharam
 
Eu sou das paixões um fã inveterado
Vivo das tolices expressadas nos poemas
E os meus poemas ainda que desritmados
Buscam tua alma ou os teus olhos apenas
 
 
 
 
PAULO SÉRGIO ROSSETO
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EM OUTROS TEMPOS

Em outros tempos
Estaria vendo teu rosto por inteiro
O sorriso verdadeiro escapulindo dos lábios
Junto às falas e frases em sons amenos
As maçãs rosadas debaixo do olhar matreiro
Entre as mechas douradas dos teus cabelos
 
Em tempos passados
Tocaríamos as mãos seladas entre os dedos
Pelas palmas suadas expelindo desejos
Abraçaríamos sem medo assegurando afagos
Como quem baila ao ritmo apressado
De um silêncio desmensurado
 
Em novos tempos
Estaremos cada um a seu modo em diversos lados
Talvez até sussurrando ainda apaixonados
Imaginando-nos amantes
Amados ou então ausentes
 
De nós nada sabemos no amanhã escondido
Do tempo apenas conhecemos o que veio antes
Do hoje é o que temos para ser vivido
 
 
PAULO SÉRGIO ROSSETO
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MUTUAMENTE

Toda alma deveria morrer de paixão
Pelo frasco que a acolhe transigente
Onde o inseparável espírito coabita
Fartando-se de efemeridades e benesses
Entre deliciosos pecados e frutuosos sonhos
Sem preocupar-se da realidade evanescente,
Amarem-se mente e corpo mutuamente

Viver desta mania repentina maneira
Em revelar o bem olhando bem de frente
Nada assustaria, tudo surpreende
Nenhum ser seria um pote mal fechado
Nem vidro, nem lata, clone de produto rotulado
Seríamos todos incensos de essências
Fumaça que perfuma e refaz no ambiente

Por vez que se quebre o vidro e a tampa amasse
Mesmo que nos tranquemos para o mundo
E o mundo nas tortas voltas nos revolte
Somente quem preza o valor da amizade
Dá-se na condição divina de ser homem
Refaz na fusão humana a eternidade
Detém a capacidade de amar plenamente

Então, que não se rompa nenhum elo da corrente
Ainda que a intempérie se revele reticente
Saibamos ser fortes, donos do destino
Mestres e aprendizes, eternos meninos
Sentados à mesa deste farto banquete
Que nos serve a vida dispersa pelo tempo
Cada grau de graças sorvidos, vagarosamente

 

PAULO SÉRGIO ROSSETO

 

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ESSA SUJEIRA NOSSA

O mar não suja só expurga
A mata não suja somente expele
O deserto não suja talvez invada
O rio não suja às vezes inunda
O céu não suja apenas recobre
A terra que teimosa se renova
 
Na astuta ação do ímpio sujeira abunda
Onde o germe maledicente procria
 
A mente gera o que não deteriora
E a mão da gente inconsequente mela
 
A natureza do mau espalha delinquências
E nos põe constantemente à prova
 
Todo dia nos acovardamos calados
Ante a crueldade que destroça
 
Essa sujeira do mundo é unicamente nossa
 
 
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INTERGALÁCTICA

Em outro planeta nem todo longe da terra
Cada dia distende ainda que seja domingo
Às vezes por causa da segunda antes encerra
Ou mais cedo inicia por suceder a um sábado
Se indispõem com a hora exata na fração dos segundos
Cedendo aos caprichos da preguiça ou vontades
 
Caso morresse a luz e o azul de todos por lá cansasse
Sair do caos tornar-se-ia a inexigibilidade galáctica
Poucos fariam para extirpar do perpétuo o escuro
O desconhecimento surreal de qualquer futuro
Não se preparam para o diferente do agora
Pouco importaria se deixará de ser reverso esse ciclo
 
Alguém precisaria lhes alterar o calendário
Pudesse contar-lhes o dia enquanto o sol claro ressurge
E encerra-lo no prelo advir da noite verdadeira
Então essa ilógica contagem surreal de lá mudaria
Haveria um só gênesis e não mais genealogia
Seria transposta a era da disritmia à do retorno
 
O homem por lá se igualaria a todo ser vivente
Ninguém diferente seria do mar e das montanhas
Naquele planeta nem todo longe ou distante da terra
Seria como por aqui onde há bonança e a vida plena impera
Mas não se deve jamais intervir em outros mundos
Sob pena de perdermos por quase nada nossa paz interna
 
 
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NÃO TENHO PRESSA

Ninguém se importa sendo a carga leve
Quando o fardo flutua ou flana
Sobre o ombro de quem o leva
 
Poucos se importam porque a vida é breve
E essa brevidade aparente
Aparenta imortal e eterna para quem a vive
 
O farto mundo do outro engana quem o observa
Ilude o sossego e acende a inveja
Contrapõe-se à paz que cada um almeja
 
O peso da carga mede-se pela interna beleza
Daquele que a suporta ainda que a meça
E se destroça e esforça para que a ela mereça
 
Não sou usurário e a nada me apego
Apenas sigo carregando meu ônus
E confesso não tenho pressa
 
 
Autor: Paulo Sérgio Rosseto
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COSTURAS

 
São os seus dedos quem determinam
Os rastros e trilhas da linha no pano
A agulha apenas perfura

Quem borda são os olhos
Quem cinge seus sonhos
Quem dobra é seu tempo
Que apara os seus desejos
Desdenhando a costura

Essa moça faz do tecido sua alma acesa
Que veste o que precisa e mostra o que a esconde
Onde somente a imagem alinha-se à emenda
E cola uniforme as cores sobre a pele
Ilumina-se do brilho da seda no corpo
Como a sede sacia o lábio pelo copo

Assim a moça traja o que ela mesma tece
Enquanto desnuda qualquer palavra em silêncio
Como um furo ao pano que espera o fio
Da linha profana que o perfure e cose

Essa túnica de versos
Que se transmuta em veste
Cobre!
 
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AJUSTES

Quanto mais longe pude ir

Foi o momento que pensei

Nas viagens oportunas da vida

Fui sem de nenhum lugar de partida

E por haver chegado e nem ter saído

Dei-me conta ter voltado

 

Sou nuvem densa que se forma e derrete

Onda brava que arrebenta e desmancha

Vento que derruba e se esconde

Raio que explode e apaga

Estrondo que brada e silencia

Maré que enche depois foge

Fogo que aquece e extingue

Gás que pulveriza e some

 

Sou riso que escancara e aquieta

Sal que desce da lágrima

Vertigem que amarela e tonteia

Dor que tortura sem pressa

O cansaço que fatiga a célula

Partícula que protege a veia

Risco do azar sobre a sorte

Saliva cuspida na areia

 

O fio do novelo da lã

Feito o branco cabelo da orelha

Essa agulha que se põe a tecê-la

Entre os dedos da avó persistente

Película que enovela o casulo

E o delírio da foz que enevoa

 

Tudo enfim consumado

Não porque me quis concluído

Modificado por mero descuido

Apenas ao meu tempo ajustado

 

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A LOUCURA QUE ME ESCONDE

Longe ou perto de mim

Encontro-te em qualquer lugar

Onde os estreitos se colam

Onde as avenidas começam a se alargar

Por caminhos que jamais andei

Por estradas que me fiz passar

 

Perto ou longe de ti

Busco-te indissolúvel e presente

Num passado que ficou disperso

Ainda que jamais me encontre

Na angústia do agora sempiterno

Que nunca durará para sempre

 

Próximos ou distantes

O futuro não impõe alarde

Apenas segue contínuo de viagem

Medindo passos num final de tarde

Forrando toscos sonhos sem esperas

Tingindo nossos olhos de verde

 

O tempo abre-se e arde

Mesmo quando ausente se mostra

De entremeio fingindo ser dono

Dos nossos dias feitos de saudades

Pois enquanto acredito que te acho

Distancias da loucura que me esconde

 

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MEUS ANTIGOS REIS

Meus antigos reis
Não traziam o sangue azul da realeza
Eram sábios como os meus pais
E inocentemente tolos como eu
Que em todos eles piamente acreditava

Os meus heróis de outrora
Traduziam suas mais incríveis ocultas forças
Em ternuras de brinquedo e armadilhas de enganos
Lutavam compulsivos não como imortais
Porem como decentes humanos

Aqueles ídolos da infância
Deram-me as chances de acreditar no próximo
E não única e propriamente neles
Não eram perversos e nem cultuavam
As desigualdades mundanas

Foram meus professores confessores
Flanavam pelo meu imaginário
E deixavam-me ciente de que nem tudo
É singular página ilusória
E nem a realidade eternamente sórdida

Ainda hoje continuo pela mesma estrada
Nessa íntima viagem que me atravessa a vida
E em cada estação ainda os identifico
Povoando meus anos por essa lida
Repleta de castelos escudos feitos e anjos

 

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ACOBERTO

Porque criastes nas artes a perfeição
E descansastes ao sétimo dia da criação
Achais que o mestre artista
Cujo acervo se ouse pleno e completo
Deve imprudentemente ceifado
E de uma plataforma outra acoberto
Contemplando a própria obra como fizestes
Dormir sob o sopro insigne da eternidade

Assim ainda na flor da idade
Levastes Vinicius, Cecília, Guimarães, Leminski
E tantos bons mestres
Que nos deixaram legados imprescindíveis
E importantes transcendentes a esta dimensão

Quanto a mim
Pseudo autor de torpes versos e pobre verve
Peço-vos perdão por ousada e displicentemente
Haver me propalado poeta
E que de mim vos esqueçais por esta vênia
Permitindo-me seguir adente nesta escola
Teimando de aprender por algum tempo mais
No precípuo ensaio de escrever poemas tão ruins
Que a minha morte por ora jamais vos valha a pena

 

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A IRMÃ GÊMEA DA MINHA IMAGEM

A irmã gêmea da minha imagem
Caminha em forma de sombra em mim grudada
E a cada gesto meu transfigura-se tão rara
Que ninguém percebe de tão comum
E se apercebe nem repara

Por vezes retém dedos e traços
Esconde braços, confunde o dorso
Camufla o esqueleto
Deturpa os reféns detalhes da face
Em face ao que de mim se amolda e sobra

Mas ela, a minha sombra, não é meu lado ruim
E sim o retrato oposto à luz que me alumia
Que nem ofusca, enaltece ou contradiz

Por não ser translúcido o frasco
Não significa o desenho que o povoa
Esquivar-se sem forma e beleza
Deixar de ser intenso ou grato
Nem fantasma, opaco, nem ser nada

A minha sombra vai por mim
A cantos etéreos onde a alma iria sozinha
Mas não se assombra, apenas desalinha

 

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MÁSCARAS

De repente privastes-me os lábios

Ainda que estejas à minha frente

 

É diferente ouvir tua voz

Sem vê-los pronunciar as palavras

Entender a gargalhada

Sem poder contempla-los sorrir

Sentir que me querem e beijam

E não olha-los franzir maliciosamente  

Quando a língua os umidifica

Sibilar por entre os dentes

 

Escondem-se do batom

Daquele tom que tão feliz te põe

Ficaram ocultas as maçãs da face

Que aspiravam meus olhos no relance

Pelo contorno da tua insinuante boca

Semicerrada quando me ouvias atenta

Balbuciante e de mim faminta

 

Perdestes o balanço da cara

Assoprando fios rebeldes do cabelo

Que compõe a tua morenice doce  

 

Que saudade de quando mentias

Insinuantes e disfarçados caprichos

Expressões e segredos sem máscaras

 

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JAMAIS AS ILUSÕES

Se eu pudesse voltava ser explorador

Faria novamente as minhas próprias trilhas

Por entre matas fechadas

Nominando rios dimensionando lagos

Recalculando estradas medindo caminhos

Viajando em sua companhia

E se você não fosse seguiria teimoso sozinho

Por longas viagens invernadas de moço

Em terras distantes e estranhas massas

Como quem aventura e inicia um romance

 

Mas já não saio daqui da rua e calçadas

E a cada dia vou diminuindo ainda mais

Todos os meus mínimos mesmos espaços

Procuro nos meios-fios os fáceis acessos

Não pulo mais degraus nem saltito tanto

Diminuindo sempre o quanto posso

A distância do entremeio de cada passo

Nem lembro mais certos endereços

E apetece-me permanecer em casa

 

Não que esteja envelhecendo não é isso

Apenas preservando o coração acomodado

Das emoções de alguns impróprios percalços

Longe dos riscos incertos de efervescentes paixões

O tempo matura a idade e até nos faz perder as forças

Jamais as ilusões por isso nos põem mais sábios

 

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LEITURA

Certa feita adentrei um olhar

E lá dentro daqueles olhos dos quais nem lembro a cor

Havia um mar intenso aclarado e profundo

Tão grave como fosse um grito inconformado de escritor

 

Caminhei devagar pelas bordas retinas

Até redescobrir sob as pálpebras

O relicário das imagens resguardadas

 

Então desabotoei as cortinas que ofuscavam a mente

E como se abrissem torneiras e portas e janelas

Surgiram impagáveis linhas

Em quintais sem reservas e muro

 

Retornei espalhando gotas enroladas em luzes

Que espanavam do lado escuro de incríveis paisagens

Douradas e raras coleções de palavras lidas

Escritas sobre as paginas de um livro a minha frente

 

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NAS HORAS DA TARDE

Eu busco nas horas da tarde

Porque se finda tão rápido o dia

E deixa em mim tanta melancolia

Enquanto arde o olhar no lusco-fusco

 

Momentos quando a alma transcende

A linha já nem clara nem escura

Turva indecisa e atrevida mistura

De indecifráveis cores no horizonte

 

Seria esperança saudade ou ânsias

Ausências ou mera inconstância

Desse peito de amor ardente

 

Ou nada seria além do decadente

Estado do sol que esmorece cruel

Largando esse rasgo de lembranças?

 

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PERDER-SE NO CEGO AMOR

O amor sempre acaba na hora incerta
Como botijão que seca no fazer do almoço
Como agua que falta em meio ao banho
Net que falha na transação do boleto
E Deus que ignora fazendo-se moco

Em resumo nada mais estranho eu
Nem acho ser desprezo a chama que apaga
Nem relaxo a omissão em lavar-se
Ou pretexto deixar de quitar a dívida
Ou Deus postar-se indiferente e tolo

Porem o amor esvair-se não perdoo
Quisera que voltasse acondicionado
Em capsulas compactas ou compressas
Ou que o usássemos como pomada
Para cicatrizar tantas fissuras abertas

Quisera que o amor fosse ainda pano
E suportasse os ventos nas velas
Sem importar-se com a textura do tecido
E as tatuagens riscadas nas rusgas
Da pele falseada pelos tantos tempos idos

E que não pudéssemos enganar-nos da perda
Dilaceradora da alma putrefata moída
Desenganar-se da própria dor sofrida
Ao sustentar que amar é o maior dom da vida
Porem perder-se no cego amor é uma merda

 

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CPP