Minha casa de palavras é transparente
Qualquer ideia pode soltar as telhas
Um sentimento destravar as portas
Entreabrir janelas, rebuscar as letras
O meu lar é feito de reversas paredes
Decoradas de verbos sempre no infinito
Sobre alicerces que sustentam vocábulos
Despreocupados de quem os vai conceituar
Pelos cômodos espalhados pensamentos
Mesas e cadeiras em forma de estrofes
Das torneiras escoam argumentos
Que enxaguam o desnecessário de cada poema
Meu ofício está na insistente feitura
Daquilo que o ócio e o amor chamam poesia
Deito-me sobre a gramatica prática e crua
Acoberto pelo beneplácito da tua leitura
E quando introspecto posso suar alegrias
E quando alegre remoer intensas tristezas
E apesar das claras e evidentes transparências
Secretas são as paixões habitadas nessa moradia
PSRosseto