Ser poeta
destro nas palavras
decifrando a coragem
eternamente fogosa
falando em minhas memórias
imaturas
despidas de desejos
no tempo incrustado
no palco de todas as efemérides
pintadas na raiz de cada velatura
- Ser fúria
exposta em cada enrredo
onde se tatuam com dores
de parto todas as alvoradas
acesas numa noite enrolada
em lençóis de luar iluminando
todas as pegadas deste verso
imergindo na grafia eloquente
onde de enxurrada derramas
teus prantos
fertilizando a terra na foz
de todos os nossos desencontros
- Deixar no refugio do tempo
toda a avalanche de instintos
em lamentos
Exonerar nossas cumplicidades
diluindo em beijos
a chama febril que tateia
este ritual de acalentos
- Provocar-te arrepios
descobrindo-me sedento
parindo cada vício deixado
no compartimento camuflado
desta poema proscrito
em desmantelamento
- Deixar entre vãos da saudade
todo o silêncio deslumbrado
absorvendo o breu da noite
que parte sulcando os horizontes
do tempo onde se apaziguam
enamorados
nossos retratos arfando na
entrega de um apelo atado
a cada contorno do teu ser
onde sossego o fio da
existência empanturrando
nossas almas no derradeiro
e solene sorriso conivente
Frederico de Castro