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Os dias da árvore

 

 

Feliz o homem que se emociona, 

Aquele, que se encanta, 

E medita noite e dia

Se renova constante inabalável

Que semeia e colhe no tempo certo

As palavras e os caminhos traçados

Sua vida mais tarde terá a duração

Tão certa como tantos dias tem a árvore


Frederico de Castro

Saiba mais…

À flor da pele

 

Acordei para uma madrugada

muito devagarinho

ateando aos sonhos mais

voláteis uma réstia de chama

que se renova na fartura

de vida que ígnea nos inflama

 

 

- Acordei residindo nos teus

braços

dissolvendo-me nos teus perfumes

semeados à flor da pele

onde tatuamos com amor

todas as eferverscência de vida

convergindo na sonolência

de cada palavra mais atrevida

 

 

- Acordei

esgueirando-me entre rimas

e gargalhadas felizes

Busquei todas as confissões

numa mar de esperanças audazes

 

Tranquei nesta poesia arguta

um inóspito poema

prisioneiro traçado

no vasto silêncio tenaz

que nos acalenta

em todos os solstícios pintados

na aguarela do mundo

vibrante que em mil moléculas

de amor transpira e contenta

 

 

- Vou aproveitar

uma réstia deste sonho

pra te soprar na alma

todo o doce planar de um

beijo

  Converter-te na minha vestimenta

eterna

onde habitaremos mais quânticos

qual presságio arquitectado

no desejo breve que em nós

se alimenta no pavio de tempo

…e jaz agora temporário

nas insígnias de um verso romântico

fatídico e tão mediático

Frederico de Castro

 

Saiba mais…

Púlpito da eternidade


Aguarela celestial

te contemplo colorindo

este jardim

plantado nos lírios dos

teus olhos

Os campos trigados repousam

na planície dos meus silêncios

enquanto colhes as espigas

da minha esperança

cevando na efeméride

de tempo com arte e meiguice

onde teu colorido ser

em vigilia todo o amor bendiga


Deixo a soleira onde perpetuo

minhas solidões

camuflando-me na noite

onde digito palavras saturadas

de tristeza

Imagino cada quadrado

desta hipotenusa rigorosa

entreaberta na álgebra

concisa dos nossos matemáticos

cenários

absolutamente profiláticos


Faço-te maremoto num

pleno êxtase

afogando todas as

ausências desaguando

no púlpito da eternidade

rendida ao poisar súbtil

do teu ser esvoaçando

nos ventos da alvorada

onde me alojo em cada alameda

do tempo espreguiçando-se

em cascatas de criatividade


Frederico de Castro

Saiba mais…

Estado de graça


É assim

meu estado de graça

revivendo-te a cada hora

mílimetricamente estático

entre tua formosura dissimulada

ao longo da maciez impregnada

em cada perdão trajado de

apaziguamentos

embalsamando todos os olhares

que trazemos grávidos de elegâncias

afabilidades, céleres

e tão invulgares


É assim meu dicionário

de verbos inconstantes

de momentos atraentes

evaporando-se por entre

cada existência trazida até

ao indulto de um poema que

morre inexoravelmente

apaixonado

em cada perfeito e memorável

silêncio irreverente


É assim

que amiúde em todo

o tempo

te peço só um gesto

ou olhar esporádico de paixão

e deles façamos depois

desejos reicidentes

tão recorrentes

até ao mais ínfimo e fértil

sabor que deixamos tatuado

na voragem dos tempos


É assim que vejo

meus sonhos fitarem-te

ininterruptamente

É ali que se juntam

a mescla dos tempos

tacitamente abraçando-nos

reveladores

colorindo todos os

cenários e recantos desta

eternidade onde nos amámos

pormenorizadamente


Será assim

escrito neste dicionário

que me deslumbrei com palavras

espontâneas

que me nutri dos teus afagos

e raptei pra sempre aquela

universalidade no teu perfil

onde descanso as existências

que revivem paralelamente

pra sempre em nós…irremediavelmente


Frederico de Castro




Frederico de Castro
Saiba mais…

Enquanto pestaneja o dia...

 

Depressa ali cheguei

 

escrevendo histórias

 

com poesia acompanhada

 

de versos dactilografados

 

na minúcia de todos

 

os detalhes tecidos

 

com arte e alegria

 

 

Ali

 

me libertei

 

de todas as embriagantes

 

palavras intuitivas

 

onde sem mais censuras

 

te recrio

 

habilmente numa estética

 

inexplicavelmente,absoluta

 

analítica…sintética

 

 

Ali

 

enfeitamos cada instante

 

de vida

 

aniversariamos o tempo

 

com unânimidades quase

 

fatídicas

 

 

Ali

 

expressei-te a minha

 

linguística em meigos afagos

 

enamorados pela tua sintaxe

 

Ali

 

choraminho por teu

 

carinho

 

Ergo-te eclético um poema

 

dotado de estética

 

escrevinhando louco

 

e poético

 

toda a minha existência

apoteótica herética

 

 

Ali

 

sei-o

 

tudo sabe a pouco

 

até a quietude profética

 

esperando-me a cada

 

momento caprichoso

 

onde me entrego

 

pra me enxagures todas

 

as lágrimas desta rompante

 

e tão colossal saudade

galopante

 

 

Ali

 

emprestamos nossas asas

 

ao doce esvoaçar de cada

 

emoção

 

ausentando-nos ali

 

entre ecos pardacentos

 

desfilando sigilosamente

 

em comoção

 

Ali

 

todos os destinos sequestram

 

até o tempo que amadurece

 

aperfeiçoando-te

 

redesenhando com

 

giz e simplicidade

 

a elíptica e redundante

 

lágrima que deambula

 

regurgitando piropos baloiçando

 

em toda a minha monotonia itinerante

 

 

Ali

 

recordar-te-ei

 

transladando cada pensamento

 

assim devagarinho

 

colorindo teus céus ofegantes

 

Desejarei afogar-me

 

fatalmente em cada pestanejar

 

da noite

 

assim acorde o dia

 

e nós ali

 

radiantes, reencontramo-nos

 

consumindo cada parcela do tempo

 

lenta e extravagantemente

 


Frederico de Castro

 

Saiba mais…

Fissuras no tempo

Prometeste fantasiar-me

as noites com luzeiros

matizados de poesia

iluminando meus silêncios

guerreando lúcidos

pelo equinócio

primaveril

onde germina teu celeste

horizonte remisso

alinhando-nos em bailados

de amor…com arte

de um sorriso que

feliz

eu sei

tantos,extasia

- Prometeste desmascarar

o tempo onde nos comprometemos

aliciando a vida

plagiada

com rimas e ritmos lavrados

ao sabor da essência que

perfuma nossa solidão

espraiada em actos conciliados

de amor em conspiração

 - Recorremos num ápice

à poesia que nos revela

observando a criatividade

onde edificámos nossas existências

proliferando em cada palavra

asfixiada numa

estrofe trajada de

suspiros sorrateiros

desabrochando breve

em tangentes de pura longanimidade

 - Na poesia

mora toda minha solidão

reportada na fissura

do tempo

onde colho todos os lamentos

deixados na excentricidade

chorosa de um sonho

atiçado…em deslumbramento

 - Em cada noite que restar

repartiremos a elegância

num gomo de luz

até esta se fazer em

novos ciclos de vida explícita

predestinada

escrita nesta ortografia

grávida de contentamento

Frederico de Castro

 

Saiba mais…

Guardador de rebanhos

Os pensamentos abrigam

o encurralado rebanho dos

meus pensamentos

apascentando o tempo onde

desgarrado pernoito entre

os lençóis perfumados da terra

saciando os vícios cerzidos

na gentileza pastoril

que teu ser sossegadamente encerra

no aprisco de um olhar tão seduzido

Frederico de Castro

Saiba mais…

Espreitadelas

Fui no tempo pintando

teus relevos no vento

Escrutinei os céus

em busca dos beijos

filtrados pelas nuvens

onde sequencialmente

nos albergamos satisfeitos

   - Fui no tempo

nutrir-me de vida

protagonizar outros

segredos deixados

amarrotados em lençóis

despojados de memórias

  - Fui decretar aos sentidos

que sem malícias

um dia nos extasiamos

quebrando todas as demências

  - Domesticámos as esperas

despimos as saudades

ressuscitámos o silêncio

onde exprimimos

actos consentidos de amor

habitando as manhãs transitórias

amadurecidas de euforia

  - Um dia nossos seres

deixarão esculpidos

com elegância inconfundível

os ecos deste amor

para gáudio dos empaturrados

desejos

em plena simetria

  - Fui

e não mais voltei

deixei outras ausências

estampadas na indigência

dos tempos

Simplesmente faleci

neste vagar dos ventos

onde proscrito me entrego

peremptório e homologado

espreitando-te súbtil

na extravagância desse gingar

quando por mim tão alegre

e graciosa serpenteias

Frederico de Castro

Saiba mais…

Procurei por ontem...

Encontrei

na soleira do tempo

o último degrau ao cimo

do horizonte estonteante

onde a noite se despe grisalha

embriagante

- Procurei ontem

mais que tuas evidências

insinuantes

a quietude poética

onde me abandono

em ti redundante

- Procurei ontem

e somente encontrei

as essências camufladas

em doces gargalhadas

velando um raio de sol

que se dissipa em teu

generoso colo quase flamejante

- Procurei ontem

despoletar em nós todos

os afectos e utopias

que planejei

Resguardei pra sempre

aquelas meigas manhãs

onde apressados

nem finda sequer a noite

ressuscitávamos estirados

no breve tempo que mingua

tão sedutor e ofegante

- Procurei por ontem

e sei

que amanhã despentearemos

as saudades regurgitando

nossa vida em múltiplas

cascatas de beijos

tão extravagantes

- Procurei por ontem

saber porque existes

num dia qualquer

depois de amanhã

quando emigrares

feliz em cada silêncio

que jaz em nós assim

de rompante

coleccionando todas

as cumplicidades tateantes

agraciando o ser que

em ti desabrocha tão pujante

-Ontem os desencontros

mas hoje encontrei-te colorindo

a janela do meu tempo

onde dormito itinerante

fundindo-me em tuas planícies

emanando ali toda a formosura

espelhada num cálice de néctar

onde te bebo com delicadeza

embriagando todas as fiéis harmonias

que teu ser meticulosamente

surpreende e embeleza

Frederico de Castro   -   ao Ciro meu filho

Saiba mais…

Palavras escorregadias

Algumas palavras

sei-as de cor

outras vislumbro-as

no guião deste verso

enssopado no licor

dos teus beijos

- Em palavras escorregadias

quebras meus silêncios

espelhados em cada lampejo

de amor

onde albergamos gestos

enfunados de paixão

guardados no cântaro

das mil fragrâncias,

onde eternizamos a felicidade

diluida em gomos de prazer

regozijo e serenidade

- Soltei as palavras, qual incenso

sem as memorizar

Voei daqui, volatilizado

até me seduzir nos véus

da tua esperança

pernoitando no destino

dos teus braços

numa procissão

sei-o tão resignado

Ninguém mais viu

a alegria quando te acenei

minha euforia

-Ninguém revelou teus sorrisos

quase hilariantes

Ninguém surpreendeu o silêncio

quando calei minha voz

só pra te algemar de vez

em nossas loucas simetrias

Todos viram outras

páginas de um fim

sem desfecho

num livro onde não

mais aconteço

pois da alma somente

vislumbro o eterno começo

da vida

conversando sossegada

ao sabor de cada verso onde

em ti cordialmente transpareço

Frederico de Castro

Saiba mais…

Meu Sol

 

Visitaste-me as partituras

do silêncio

Pernoitaste na clave

da minha harmonia

num breve sustenido

onde ciframos melodias

vagando no tempo irreverente

numa rapsódia de cânticos

fraternos e tão confidentes

- Pulámos de alegria

em cada instante absoluto

colorindo meu SOL fugindo

pelo teu solfejo em correrias

assim como um aceno

sincopado e apetitoso

afinando minha orquestra

em tons de imensa

galanteria

FC

Saiba mais…

Silêncios vespertinos

Medra o rumor das águas

enquanto por ti caminho

vespertino

diluindo as escuridões do mundo

rompendo pela alva

tão copiosamente

revelando-te os segredos

num punhado de versos inacabados

- Conciliei minhas orações

repetindo-te a existência inédita

dos nossos seres religiosamente

intuitivos

sagradamente cativos

- Mostrei-te os salmos declamados

no périplo da vida andante

alimentando o pasto da nossa fé

mais perseverante

decretando pelas ruas deste destino

um rugido travesso

partindo nas carruagens do tempo

itinerante

convertendo até as sombras num silêncio

final, perpétuo e revigorante

- As datas nos dias extinguiram-se

embrulhando sossegadamente

uma hora que ficou perdida

no tempo

Restou o senso da noite despertar

para nós de espanto

enquanto contigo

à luz excelsa de um desejo

regámos a esperança que ressuscita

numa súbita brisa escrita no

Evangelho do nosso encanto

Frederico de Castro

Saiba mais…

Foi Outono...

Voltarei a ver

as cores deste Outono

desenhando a beleza

que se despe perscrutando

em uníssono

nossas lágrimas se explicitando

- Voltarei a perfumar

as sombras

empoleiradas

em simultâneas gargalhadas

de agitação

calafetando o tempo

onde coabitamos em exaltação

Frederico de Castro

Saiba mais…

Latido dos silêncios

Sigo o latido dos

silêncios que correm

em debandada

Desperto no dia

insurgindo-me no valsar

de tantas gargalhadas que

teu sol irradia


Renova-se cada milagre

saltitando em sinfonias

doidas

sem rédias

silenciosamente selvagens

deambulando neste poema

ancorado em rebeldia


Descanso por fim

enfeitando a noite

estupefacta

tão solitária como a hora

que se despe no tempo

quase intacta


O perfume que o dia tece

em tuas pétalas trajadas

de primaveras

inunda de cor

as constelações docemente

iluminando todas as essências

viajando na minúcia deste poema

caiado de alegria sorrateiramente


Ali é onde albergo a meiguice

ensurdecedora de um beijo

imergindo

delicadamente em ti

em soluços condimentados de euforia

que num instante breve

latindo

a todos embebeda e inebria


 
Frederico de Castro
Saiba mais…

No teu palco

No elenco do tempo

saudamos cada recital de palavras

eloquentes

Decifrámos os ritos

de todas as paixões impetuosas

e convergentes


Recompensámos cada cena

neste palco sem artifícios

onde criamos vida

alegrando a plateia

com teus olhares complacentes

no equinócio de um cio reíncidente


Preenchemos universos

de poesia

transbordando na impaciente

manhã que regurgita

em presságios de amor

que interpreto quase em heresia


Gratificámos com aplausos

todo fecundo cenário

onde se arquitectam

reveladoras emoções

fechando as cortinas

no palco de todas as insurreições


No silêncio da vida

onde agora trajo com amor

as palavras meigas

desabito meus cantos

suspirando por tuas loucuras

bailando na expectativa

de tantas inebriantes travessuras


O tempo promulga cada existência

impregnando minha escrivaninha

com apalavrados cânticos

perambulando pelos

bastidores dos teus insinuantes

gestos semânticos


Emprestemos à coreografia

da vida

todos os sorrisos trilhados

no roteiro de cada cena

galgando meu vocabulário

intimista

embebedando estrofes

tão malabaristas


Vou deixar somente

que os ecos infusos aplaquem

o romântismo travesso

saltitando em cada métrica

aclopada a nós de ilusões

colorindo com requinte

estes versos meus

fecundando mil sombras

se imolando no anfiteatro

das nossas paixões


Frederico de Castro

Saiba mais…

Lençóis de luar

Ser poeta

destro nas palavras

decifrando a coragem

eternamente fogosa

falando em minhas memórias

imaturas

despidas de desejos

no tempo incrustado

no palco de todas as efemérides

pintadas na raiz de cada velatura

- Ser fúria

exposta em cada enrredo

onde se tatuam com dores

de parto todas as alvoradas

acesas numa noite enrolada

em lençóis de luar iluminando

todas as pegadas deste verso

imergindo na grafia eloquente

onde de enxurrada derramas

teus prantos

fertilizando a terra na foz

de todos os nossos desencontros

- Deixar no refugio do tempo

toda a avalanche de instintos

em lamentos

Exonerar nossas cumplicidades

diluindo em beijos

a chama febril que tateia

este ritual de acalentos

- Provocar-te arrepios

descobrindo-me sedento

parindo cada vício deixado

no compartimento camuflado

desta poema proscrito

em desmantelamento

- Deixar entre vãos da saudade

todo o silêncio deslumbrado

absorvendo o breu da noite

que parte sulcando os horizontes

do tempo onde se apaziguam

enamorados

nossos retratos arfando na

entrega de um apelo atado

a cada contorno do teu ser

onde sossego o fio da

existência empanturrando

nossas almas no derradeiro

e solene sorriso conivente

Frederico de Castro

Saiba mais…

Indumentária furtiva...

Recordo tudo com a memória

vinculada em mim

Engaveto saudades em prateleiras

disponíveis no passar dos tempos


Faculto à liberdade todas as

algemas onde imponho

cada presídio cativo dentro de mim

Deixo pra outros uma

parcela de futuro

onde não cabe mais

a centelha de tempo passado

enterrado…prematuro


Deixo-me saborear em cada maré

sorvendo a maresia

renascida no invólucro do tempo

apressadamente renovado

desbravando cada madrugada

ao teu jeito… nesse vai e vem

cavalgando nos acordes do destino

que tão aconchegado a mim

acalenta e anestesia


Escuto nos ventos

outras badaladas em

cada hora onde vago

esmaeço felizes e irrequietas

memórias

deixadas na colecção dos

murmúrios virtualmente

escritos em cada inescrutável

momento da história


Fugi pra sempre

e nem endereço te deixo

sei somente onde plantar

cada detalhe inesperadamente

tatuado na doçura de um sorrido

tão crucial…tão tacitamente


Perpetuamos instantes

deixando nossas indumentárias

vaporizar-se furtivas

rasgando a noite

com céus adornados de desejos

simétricos, intuitivos

conspirando por entre sombras

desta vida se escapulindo

em versos renovados na amalgama

de tantos abraços que deixei

expontâneamente quase,

quase de improviso

Frederico de Castro

Saiba mais…

Deixa-me ir...


-  ao meu irmão que partiu, prematuramente


Deixa-me ir

vestir-te a noite

com véus de seda

iluminando teu sono

dormitando à

toca

da eternidade

Deixa-me ir

descrever-te como sorris

unindo os vazios que se

apressam a engolir todos

os silêncios madrugadores

adocicados e tão primaveris

Deixa-me ir

esvaziar o tempo que resta

escorregadio

deixado ali na lápide

da vida onde se enterram

lívidos cânticos dissimulados

evaporando mais uma noite

que se distancia feliz

enamorada nos ventos

com teus perfumes ornamentados

disponíveis e tão sedentos

Deixa-me ir

percorrer todo o infinito

e no fim de todo além

alienar todos os sussurros

quer trazes esteticamente

descritos em teu ser

revelado em versos sinuosos

que a mim se alojam

tão sorrateiramente

Deixa-me ir

espraiar-te meu mar

navegar-te à vista

sempre com marés

ondulantes e impetuosas

Abrigar-me dos temporais

num acto sereno

a ti comuflado

Arribar contigo até

a plenitude das manhãs

se irmanarem em existências

felinas

que se desnudam, vasculhando

minuciosas tuas digitais

tatuando-me assim repentinas

Deixa-me ir…

pintar-te como rima

eculpir-te em monumento

escutar-te com instinto

fintar-te com palavras

hermeticamente transformadas

num canto selecto de açoites

Deixa-me ir

percorrer uma vez mais

todas as avenidas onde

endereçámos os abraços

vagueando no corrocel

dos mesmos costumes

gritando em folia

incrustada neste pensamento

onde de prazer na calada

da noite

te velo, recrio e invento

Deixa-me ir…


Frederico de Castro

Saiba mais…

Ás vezes...alguém


Às vezes… alguém

insurge-se entre nós

e a ténue nesga de tempo

feito cântico de alvorada

se reerguendo de enxurrada

Desperta vivificando

todos os sorrisos, curaticos

fluindo em cada migalha

eufórica de vida espairecendo

em nós, feliz….dissimulada

Às vezes…alguém

madruga connosco

ficando à mercê dos véus

da luz casta

passarinhando a vasta

faúlha do tempo onde

nos embrenhamos cuidadosamente

Às vezes…alguém

desabrocha em nós impetuosamente

mesclando todas as emoções

que sustentam o marulhar da vida

renascida milagrosamente

Às vezes…alguém

ascende à essência que

se dilui em nós

perfumando toda a identidade

onde tatuamos

alucinados cânticos de amor

trajados de cordialidade

Às vezes…alguém

atravessa nosso caminho

perscruta cada revelador

véu da noite

Deixando cavalgar

sem mais rédeas a pluma

do tempo onde selamos

com afagos

o silêncio rigoroso das manhãs

penetrando em cada eco

malandro

insólito

onde satisfeito me embriago

Às vezes…alguém

fecha as pálpebras à luz

inebriante, trancada

em nossas entranhas

Passeia todo o ser mártir

dopando até os dias

mais nostálgicos

onde espelhamos quase

em uníssono toda a flébil

palavra orbitando o olímpo

dos desejos insaciavelmente fantásticos

Frederico de Castro
Saiba mais…
CPP