Posts de Sandra Medina de Souza (113)

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Fantasia

Eu só queria um enlace do mar...

Pegar carona com o vento,

Velejar e sonhar...

Nas asas do passatempo.

 

Eu só queria poder abraçar...

Esse universo secreto,

Sorrir com os olhos e cantar...

E construir um soneto.

 

Também queria encontrar...

O beija-flor do outono

Que se encontra acolá.

 

Talvez um dia amanheça

Na bruma em meio ao sono

E as estrelas mereça.

Sandra Medina de Souza

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Perfume de rosa

Essa estrada de pétalas murchas

Ainda guarda o perfume das rosas

Que faleceram perante as angústias

Deixando os campos e as almas chorosas.

 

Essa fragrância presente em meus dias

Me embriaga acalmando meu ser

Por isso sento e faço poesia

Alimentando meu eterno viver.

 

Na solidão bem no canto da sala

Olho a janela e vislumbro o céu

Como artesã vou tecendo com calma

A minha história e meu último véu.

 

Depois de um tempo com a alma cansada

Eu me recolho e me ponho a sonhar

Com as doces noites e as leves madrugadas

E me perfumo com as rosas do mar.

Sandra Medina de Souza

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Entrega

Como a brisa suave na janela

Tua alma toca a minha em penumbra,

Como o sol que embeleza a primavera

Tua voz me embriaga e vislumbra.

 

Nesse querer que meu corpo tanto ansia,

Faço-me dia mesmo sendo lua cheia,

Te reencontro entre verso e poesia,

Decoro a alma e a pele incendeia.

 

No coração um pulsar tão envolvente,

Liberta os sonhos e algumas fantasias,

No meu olhar sentimento eloquente,

Escreve a vida pincelando os meus dias.

 

Enamorada vou além de meu pensar,

Viajo mares na garupa do trovão,

Eu agradeço o talento de voar,

E entrego a lua minha alma e coração.

 

Sandra Medina de Souza

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Ignoram

Não sabem que sinto frio...

A dor, minh’alma congelou,

Chegou a mim feito rio

E subitamente me adentrou.

 

Cogitam ser mensageira,

Não sabem o que sinto e o que sou,

Tempestade nas cordilheiras,

Ou uma gaivota sem voo.

 

E sempre imploram o amor

Uma tortura entre a dor

Deixando a alma anêmica.

 

Não sabem que sepultei

As emoções congelei

Sou existência endêmica.

Sandra Medina de Souza

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Projeto

Reprogramei alguns projetos num cabeçalho,

Alguns ajustes foram feito ao fim do dia,

Encomendei novas agulhas e retalhos,

Costurarei as emoções em poesia.

 

Sou artesã desde que vi a ilusão

Voar sem rumo carregando minha alma,

Trago na tralha objetos de antemão,

Sou medicada e perfumada com agripalma.

 

Matizo a obra com a cor do coração,

A tinta usada tem o cheiro de jasmim,

Alegoria que antecede a alusão,

Uma quimera iluminando o camarim.

 

Uma labuta que liberta a solidão,

Que envolve as dores e também as alegrias,

Agradecida vou pintando com as mãos,

Fazendo arte vou tecendo o dia a dia.

 

Sandra Medina de Souza

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Enclausurada

Estou me enterrando lentamente,

Cansada de atender o mundo vão,

Sugaram minhas veias novamente,

Não vou me entregar à ilusão.

 

A dor que me acompanha é desvelada,

Invade e se enrosca ao coração,

Costura minha alma flagelada,

Condena minha paz em solidão.

 

Os sonhos se encontram na janela

Que um dia debrucei a esperar

Minutos de alegrias sem mazelas.

 

Estou me desfazendo sutilmente

Vivendo sem o brilho do olhar

Entregue sigo o mar e os afluentes.

Sandra Medina de Souza_

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Contemplação

Sobre a mesa um porta retrato

Da criança condenada à vida

Refletindo um sorriso abstrato

No olhar uma essência divina.

 

Traços leves, porém rabiscados,

Revelando as curvas do carma,

Imponência nos lábios rosados,

Altivez pincelada na alma.

 

Pequenina dos pés calejados,

Com os passos que não se sucumbem,

Nesta vida aprendeu-se um legado

Que viver é uma arte um costume.

Sandra Medina de Souza 

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Flagelo

Como livrar a existência deste flagelo?

Essa guerra interna e voraz,

Que suga o néctar e congela

Os sonhos da peça em cartaz?

 

Oh! Universo bandido!

Roubastes a lua e o mar

Sem luz e de olhos vazios

Meu corpo esquálido está!

 

Voando com a tempestade,

Roteiro em ansiedade

Minh’alma se entrega em vão!

 

E assim, sobrevivendo na angústia!

Remando em ondas fajutas,

Envolta na imensidão.

 

Sandra Medina de Souza

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Fuga

Havia em seu olhar um mistério

Que disfarçava o vácuo coração

Pequena criança subalterna

Enterrada pelas próprias mãos.

 

Fugindo das tramas da vida

Casulo se fez moradia

Estação de abrolhos sentida

No fundo da alma agonia.

 

Rebelde em seus pensamentos

Defesa que arde no peito

Inocência em falecimento.

 

Semblante de rosa esmorecida

Regada com dor em seu leito

Um anjo de asas caídas.

Sandra Medina de Souza_

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Resistência

Minh’alma, muitas vezes costurada,

Minhas mãos, calejadas pelo oficio,

O meu corpo, extenuado em passeata,

Uma sangria, desatada em silêncio.

 

Não vejo nada, que me leve acreditar,

Em dias belos e olhares coloridos,

Esse percurso fez minh’alma renegar,

Sigo com passos de ovelha aguerrida.

 

Nesse universo, onde a peça principal,

Gira em torno dos desejos privativos,

Eu choro as dores penduradas no varal,

E faço versos com o passado invasivo.

 

Sandra Medina de Souza

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Poesia

É ela, a parceira das horas doridas,

Dos momentos sombrios e de luz

Quem costura a essência da vida

E revigora o que nos conduz.

 

É ela, a canção ensaiada na alma,

O sentimento arraigado no peito

Um mistério que descobre a calma

Redecorando o sentir do sujeito.

 

É ela, quem desperta a alma ferida,

O encanto dos dias nublados

Quem recolhe os cacos perdidos

A canção para os enamorados.

 

Só ela, é capaz de entender o vazio,

Que acompanha pelo dia a dia

Aquecendo o corpo do frio

É ela, só poderia ser a poesia.

Sandra Medina de Souza

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Vida

A vida passa deixando rastros

Marcas do que viveu e sentiu

História de um ser apático

Sonhos no sangue vil.

 

Talvez pudesse levar

Lembranças doridas de outrora

Mas partes sem pestanejar

Deixando a alma na aurora.

 

 A vida, menina faceira,

Sacode o ser sem demora

Decora a existência e queima

Castiga a rosa que chora.

 

Severa, a vida então cobra,

Cenários bem ornamentados

Com peças pelo mundo afora

E o corpo do ser achacado.

Sandra Medina de Souza

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Misterioso Acalanto

Incógnita a ser decifrada...

Olhar hermético, sorriso maroto,

Estrela com asas afloradas,

Brilho do sol, intenso alvoroço.

 

Quimera doce e tocante,

Brisa nos dias frenéticos,

Tempestade em noites arfantes,

Substância e teor analgésico.

 

Cirurgia sem cicatrizes,

Antídoto de esperança,

Magia criando raízes,

Acalanto em forma de aliança.

 

Coração que se faz viajante,

Percorrendo estradas doridas,

De alma ilustre, deslumbrante,

Um cenário em contrapartida.

Sandra Medina de Souza

 

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Bipolaridade

No meu interior bipolar

Sobrevivo com a mente febril

Entre estrelas e o plexo solar

Com as dores no céu de anil.

 

Alegria enlaçada à angústia

Temperando os dias temidos

Coração arraigado se cruza

Com a alma num grito oprimido.

 

No delírio de meu devaneio

Tento ter a cautela exigida

Pra viver como pede o meio

E me atraco perante a vida.

 

Entretanto não vou medicar

A loucura é canção de sereia

Os meus ais vou a vida ofertar

Eternizando os meus passos na areia.

Sandra Medina de Souza

 

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Meu eu

Tento tirar do peito toda emoção que açoita

Lembranças de árduos caminhos

Saudade emaranhada num ninho

Verdades de uma existência afoita.

 

Sobrevivo alimentanda pelo sol

Carne pálida de alma febril

Rosa vermelha desabrochada em abril

Fera arredia bebericando lisol.

 

Eu sou aquela penugem na noite

Que passa despercebida aos olhares

Ferida por juramentos e foice.

 

Talvez possa ser a neblina

Alguém que escolheu os pesares

A pequena de alma felina.

Sandra Medina de Souza

 

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Degustando a vida

Estou bebendo os meus dias, em pequenos goles,

Saboreando os minutos, na sua essência eterna,

Vangloriando a vida, de carona numa trole,

Como abelha rainha, e seu instinto materno.

 

Os meus passos apressados, amenizaram,

A energia do universo, agora mais terna,

E a existência repressora, por fim se acalmara,

E a dor cravada n’alma, no inverno hiberna.

 

A vida neste instante, quero senti-la!

Não importa a estação, brisa ou tempestade,

O meu corpo e minha alma desejam vivê-la!

 

Não será essa chaga, a me acovardar!

Sou existência maciça, nesse mundo oco,

Minha alma arredia, sempre há de voar! 

Sandra Medina de Souza

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Exortação

Oh! Existência abissal!

Dama perdida em triagem

Apunhalando-me em seu punhal

Num golpe certeiro e selvagem.

 

És! A injeção de amoníaco

Que corre nos vasos sanguíneos

A criação do zodíaco

De pele e olhos famintos.

 

Serei, a tua eterna rival

Não confabulo homicídios

Sou pioneira ancestral

Meu lema é ser invencível.

 

Nem tentes, me envolver em teu brilho,

Eu sou fagulha de outrora

Pequena e altiva andarilha

Um ser mutante no agora.

Sandra Medina de Souza

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Descrença

Essa dor que transcende meus dias

Envolvendo a alma no breu

Tão cruel no seu truque sombrio

Revelando o meu lado ateu.

 

Na angústia que se eterniza

Ouço gritos vindos do umbral

Melodia que se catalisa

No hemisfério cravado a punhal.

 

Multidão que se faz dependente

Do meu sangue achacado e banal

Deixam os dias findado e doente

E minha essência num vaco abissal.

 

Já não luto contra correnteza

Minhas forças já se dissiparam

Sobrevivo com uma certeza

Que a existência é um bem afanado.

Sandra Medina de Souza

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Especulação

Talvez eu não seja como imaginava

Talvez carregue uma bagagem indiferente

Talvez eu seja caminho intransigente

Talvez não me encaixe em tudo que pensava.

 

Talvez esta análise não me faça conhecer,

Talvez eu me embriague no balanço do mar

Talvez eu perca o talento e o gingado de voar

Talvez eu deixe o corpo na areia esmorecer.

 

Talvez me conhecendo eu entenda os meus ais

Talvez eu me liberte da censura que castiga

Talvez não sendo vítima eu me torne convencida

De que a vida é uma batalha, em momentos naturais.

Sandra Medina de Souza

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Aridez

Já não tenho mais lágrimas a banhar-me os olhos,

Foram todas desaguadas no mar de ilusão,

Temporadas de dor, estação de abrolhos,

Rudeza na alma, perturbada visão.

 

Correntes que envolvem os sonhos em tortura,

Fantasmas seculares compondo o cenário,

Espetáculo interrompido pela ditadura,

Parceria insana, troféu adversário.

 

Sem lágrimas não manifesto minha agonia,

Sobrevivente aguerrido em posição subalterna,

Corpo catatônico em suas displasias,

Trajetória que se cumpre num balanço eterno.

Sandra Medina de Souza

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CPP